Epagri de Caçador lança três novas variedades de maçãs no Enfrute

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Atualizado há 9 anos

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(Foto: Divulgação / SDR Caçador).

O lançamento oficial de novas variedades de maçãs marcou o primeiro dia do 14º Encontro Nacional sobre Fruticultura de Clima Temperado (Enfrute), que vai até quinta-feira, 30, em Fraiburgo. As cultivares Luiza, Venice e Elenise foram desenvolvidas por pesquisadores da Estação Experimental da Epagri de Caçador.

De acordo com o pesquisador Marcus Vinicius Kvitschal, as três novas variedades são resultados do programa de melhoramento genético da maçã, que existe há 15 anos. O diferencial está na época de maturação, permitindo o escalonamento da colheita e menor custo de produção.

“As cultivares de maçãs mais produzidas hoje no Brasil são a Gala e a Fuji. O objetivo da pesquisa é oferecer alternativas para o produtor trabalhar antes, no intervalo e depois da época dessas variedades mais comuns”, explica o representante da Epagri.

A maçã Elenise, por exemplo, é de maturação tardia para a segunda quinzena de abril, depois da época da Fuji, que encerra em março. “Com o oferecimento dessa variedade, esperamos que o setor produtivo possa ampliar o calendário de colheita, o que hoje não acontece no Brasil”, afirma.

De acordo com Marcus Vinícius, as outras variedades apresentadas no Enfrute também são diferenciadas nesse aspecto. “Temos a Luiza, que é de maturação precoce, antes da colheita da Gala, e a Venice, caracterizada pela maturação de meia estação”, acrescenta o pesquisador, apostando em uma redução de custo ao produtor com relação à mão de obra.

Em números, a pesquisa representa dobrar o período de colheita da maçã que hoje varia de 2 a 2,5 meses para 4 a 4,5 meses, entre final de janeiro e início de maio.

Além disso, as novas maçãs apresentadas no Enfrute mostraram outros diferenciais: resistência às principais doenças da fruta e boa adaptação ao clima das regiões Meio-Oeste e Planalto. Também chamam a atenção pela crocância e a suculência.

As variedades Luiza, Venice e Elenise já estão devidamente registradas no Ministério da Agricultura. A expectativa é que as primeiras mudas cheguem ao mercado no próximo ano.

No ano de 2011 pesquisadores da Epagri de Caçador desenvolveram a Daiane, cultivar de maçã que pode ser plantada em climas um pouco mais quentes.

Enfrute

Um dos eventos mais importantes da fruticultura brasileira é realizado em Fraiburgo, no Parque da Maçã, entre 28 e 30 de julho. O 14º Encontro Nacional sobre Fruticultura de Clima Temperado (Enfrute) deve atrair cerca de mil participantes de diversas regiões brasileiras e do exterior. O evento é promovido pela Epagri em parceria com a Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (Uniarp) e a Prefeitura Municipal de Fraiburgo.

O Enfrute é um fórum de apresentação e discussão de novas tecnologias para as cadeias produtivas de maçã, pera, uva, caqui, kiwi, ameixa, pêssego e nectarina. “Por reunir especialistas de renome na área, o evento busca trazer as últimas informações das inovações tecnológicas desenvolvidas ou em desenvolvimento no Brasil e no mundo”, destaca o gerente da Estação Experimental de Caçador, Renato Vieira.

Ao longo das 13 edições do evento, foram apresentadas mais de 70 palestras internacionais e 300 nacionais, totalizando mais de 12 mil participantes.

Fruticultura em Santa Catarina

Santa Catarina e Rio Grande do Sul são os maiores produtores brasileiros de frutas de clima temperado, representando mais de 95% do total. Santa Catarina responde por 60% da produção e o Rio Grande do Sul por 35%. A liderança do Sul do Brasil se explica porque as plantas de clima temperado cultivadas no país exigem um determinado número de horas com temperatura igual ou inferior a 7,2°C para que haja brotação e floração uniformes.

Nos três estados do Sul, a fruticultura de clima temperado gera mais de 52 mil empregos diretos e 85 mil indiretos. O principal destaque é o cultivo da maçã, que sustenta quase 140 mil empregos ao longo de toda a cadeia produtiva no Brasil. A cultura da maçã é o grande suporte econômico de uma série de cidades nos estados sulinos, aponta Renato Vieira.

Santa Catarina conta com 2.177 unidades produtoras, de acordo com a Associação dos Produtores de Maçã e Pera do Estado (AMAP). Elas estão divididas entre pequenos e médios fruticultores, produtores cooperados e empresas.