OIE decide declarar Brasil livre da Febre Aftosa com vacinação

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Atualizado há 6 anos

Vacinação de maio e novembro ainda devem ser realizadas
Vacinação de maio e novembro ainda devem ser realizadas

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, informou que a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) irá declarar o Brasil livre de Febre Aftosa com vacinação. O comunicado foi feito ao Governo do Brasil na terça-feira, 20. Maggi disse que a decisão deve ser oficializada em maio, durante reunião da OIE, em Paris.

O Brasil conseguiu erradicar a Aftosa com vacinação em todo o território nacional no fim do ano passado. Em dezembro, o Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (Pnefa) reconheceu zonas do Amapá, Roraima, grande parte do Amazonas e áreas de proteção no Pará livres da doença. O objetivo agora é que o País seja considerado pela OIE livre da doença sem vacinação a partir de 2023.

O Paraná está nessa mesma luta e quer conquistar o status antes dos outros estados brasileiros. A meta, é de que até 2021, aproximadamente, essa certificação já esteja entre os pecuaristas paranaenses. E para que isso aconteça, o trabalho começou ainda no ano passado, quando a bandeira foi levantada e apresentada à imprensa e entidades ruralistas. No final de outubro, um manifesto, com a assinatura de mais de 200 entidades, foi entregue ao governador do Paraná, Beto Richa. Na ocasião, o documento chegou em mãos através do presidente do Sistema Faep/Senar, Ágide Meneguette e do presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken.

Conforme o supervisor regional da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) de União da Vitória, Osny Kaseker, em janeiro, técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) estiveram no Estado para, pessoalmente, identificar os ajustes que ainda faltam para a certificação. “Eles fizeram uma auditoria para ver as condições do Paraná. Os técnicos visitaram os postos, pediram algumas coisas, mas ainda não deram um parecer”, diz. “O Paraná está atendendo todas as solicitações. Contratamos mais 35 médicos veterinários para as unidades locais, reformamos postos nas divisas do Estado e de países. Vamos solicitar sim que o Paraná seja livre da Aftosa sem vacinação”, completa.

A busca tem suas razões. Conforme Kaseker, um Estado livre da vacinação, garante já de imediato a comercialização da carne com todo o mundo, sem restrições. Hoje, alguns países restringem o comércio por conta do status. “De imediato, é um aquecimento grandioso”, sinaliza.

Próximas campanhas

Mesmo estando na luta, as próximas campanhas, de maio e novembro, devam acontecer normalmente, já que a proposta do Paraná é para a certificação a partir dos próximos dois ou três anos. Na edição de maio, é obrigatória a vacinação dos bovinos e búfalos com idade até 24 meses. E na etapa de novembro, todos os bovinos e búfalos existentes na propriedade devem ser vacinados, inclusive os bezerros com poucos dias de vida.

Santa Catarina na frente

Hoje, Santa Catarina, vizinho do Paraná, é o único Estado do País que tem o status de área livre sem vacinação. “Nós estamos neste mesmo caminho”, sorri Kaseker. No Estado, essa “liberdade” veio já há 11 anos, quando ele foi reconhecido internacionalmente como zona livre de Febre Aftosa sem vacinação. A entrega do certificado pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) aconteceu em 25 de maio de 2007 e, desde então, o estado se consolidou como referência em sanidade e defesa agropecuária, conquistando os mercados mais competitivos do mundo. O último foco de febre aftosa em Santa Catarina aconteceu em 1993 e, a partir de 2000, foi suspensa a vacinação contra a doença e proibida entrada de bovinos provenientes de outros estados, onde a vacinação é obrigatória. Antes de erradicar a doença, entre 1971 e 1983, Santa Catarina registrava uma média de 462 focos por ano, causando a morte de muitos animais e prejuízos irreparáveis para os produtores.

O que é Aftosa?

É uma doença infecciosa aguda, causada por vírus. Causa febre, seguida do aparecimento de vesículas (aftas) principalmente na boca e nos cascos, dificultando a movimentação e alimentação dos animais, o que acarreta elevada e rápida perda de peso e queda na produção de leite, tendo como consequência grandes prejuízos na exploração pecuária.

Os animais contraem o vírus por contato direto com outros animais infectados ou por alimentos e objetos contaminados. A doença é transmitida pela movimentação de animais, pessoas, veículos e outros objetos contaminados pelo vírus. Pessoas que lidaram com animais doentes também podem transmitir o vírus por meio de suas mãos, roupas e calçados.