Soja e milho devem protagonizar o cenário rural em União da Vitória

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Atualizado há 6 anos

Trabalho no campo ainda é familiar, mas profissionalização acompanha evolução
Trabalho no campo ainda é familiar, mas profissionalização acompanha evolução

O ano promete ser de boa safra para os produtores em União da Vitória. Isso, mesmo com a intensidade das chuvas na região. O otimismo só não é tão intenso na colheita do feijão que, por conta da instabilidade do tempo, pode ser prejudicada: o excesso de umidade diminui consideravelmente a qualidade do produto, inclusive com brotações no campo mesmo, o que pode elevar o preço no mercado.

Outras culturas, por outro lado, devem dar bons frutos. É o caso da soja, por exemplo. “Mesmo com limitações de topografia para mecanização, houve um incremento. Nas visitas no interior do município, percebemos que aumentou a área de cultivo (não dá para comparar por exemplo com municípios onde o relevo favorece, mas houve sim um incremento) e que as lavouras estão em condições de fitos sanidade satisfatórias”, destaca o secretário da Agricultura em União, Nei Antônio Kukla.

A soja e o milho devem ser destaques neste ano. Ambos são os principais ingredientes para ração animal. “Tanto frango, quanto suínos dependem exclusivamente de soja e milho para a sua dieta, então acredito que essas duas culturas ainda terão pela frente muitos anos de preços satisfatórios para o agricultor”, visualiza o secretário.

Perfil

Em União, a hortifruticultura (HF) e a erva-mate, ainda são as principais atividades do campo, especialmente nas propriedades familiares – maioria nos estados do Sul. Na cidade, dão suporte aos produtores, por exemplo, o Projeto de Melhoramento Genético do rebanho bovino leiteiro, Projeto Piscicultura (reformas de açudes) e o Programa Porteira Adentro (o qual deve receber uma reformulação). “Vale destacar que há uma crescente demanda de carne ovina e notamos o interesse por parte de alguns criadores. Já estivemos em conversa com frigoríficos do setor que demonstram interesse em comprar o produto”, ressalta Kukla.

Agricultura familiar

Conforme Kukla, os agricultores familiares estão encarando as atividades de suas propriedades como empresas rurais. “Felizmente isto vem acontecendo, pois independente do tamanho da propriedade, enxergá-la como uma empresa rural é uma necessidade para a permanência no negócio”, pontua. Por outro lado, também quando se fala no êxodo rural é compreensível que o jovem somente terá condições de permanecer nas propriedades e ele tiver renda. “Destaco aqui a importância que as Casas Familiares Rurais (uma delas em União da Vitória) e as universidades têm no sentido de capacitar e formar estes jovens, que estão percebendo que se utilizando de técnicas adequadas de produção, essa tão esperada renda é plenamente possível nas propriedades e, diga-se de passagem, com uma excelente qualidade de vida”, elogia.

O município de União da Vitória tem 1.625 propriedades rurais, sendo em maioria propriedades familiares.

Pecuária de leite

“A atividade de leite já teve maior espaço em União da Vitória em razão da organização dos produtores em torno de uma cooperativa na época e que infelizmente não mais atua no fomento leiteiro. Temos outras empresas que compram o leite local. Temos também tradicionais produtores, inclusive com índices de produção semelhantes a região de Castro (PR), que é referência no setor a nível de Brasil e temos também novos produtores, jovens, ingressando na atividade”, avalia o secretário.
Na região, a atividade leiteira, assim como outra atividade, possui oscilação nos preços conforme a época do ano, mas ainda é uma opção principalmente pela ocupação de mão-de-obra familiar e fluxo de caixa mensal. Já a atividade do bovino de corte perdeu espaço para o reflorestamento (também com seu papel econômico importante). “Mas ainda temos excelentes criadores no município que têm por vocação a bovinocultura de corte”.

Por um Estado livre da vacinação contra aftosa

Se depender da vontade das entidades, as campanhas contra as doenças estão com os dias contados. Em todo o Paraná, pecuaristas, sindicatos e cooperativas querem o status de um Estado livre de Febre Aftosa sem vacinação. No final de outubro do ano passado, por exemplo um manifesto, com a assinatura de mais de 200 entidades, foi entregue ao governador Beto Richa. A mobilização quer que o Paraná alcance o status de área livre de aftosa sem vacinação.

Em União da Vitória e nos outros nove municípios assistidos pelo escritório da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (ADAPAR), a iniciativa é apoiada. A meta é de que até no máximo 2019, o Paraná empate com seu vizinho, Santa Catarina, e seja o segundo Estado livre da doença sem vacinação.

O secretário também compartilha disso. “Pois além de toda a logística que precisa para a campanha de vacinação, o Estado Livre de Febre Aftosa sem vacinação passa a ter mais um status positivo perante os organismos internacionais que compram os produtos daqui”, justifica. “Porém, a retirada da vacinação ou a sua permanência, passa por órgãos avaliadores, dentre os quais o Ministério da Agricultura e tem caráter extremamente técnico nas suas decisões. O importante de tudo isso, é os pecuaristas sempre estarem atentos aos calendários de vacinações obrigatórias e demais aspectos de sanidade animal, que são esses cuidados que permitem que o Paraná seja competitivo e um produtor de carnes nobres”, completa.

A campanha de vacinação acontece em duas etapas. Na de maio, é obrigatória a vacinação dos bovinos e búfalos com idade até 24 meses. E na etapa de novembro, todos os bovinos e búfalos existentes na propriedade devem ser vacinados, inclusive os bezerros com poucos dias de vida.

Frutas

Sobre o produto, o secretário é pé no chão. “Nosso município não tem tradição na produção de frutas, basicamente comercializado a nível local (feira) com destaque para a uva, que neste ano teve a sua maturação antecipada, devido ao inverno pouco rigoroso que tivemos e com temperaturas mais elevadas, o que estimulou a quebra de dormência e o consequente florescimento antecipado”, diz.