ARTIGO: Fazer chover

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Atualizado há 7 anos

Recentemente, decidi voltar a advogar, abraçando aquela que é uma das minhas grandes vocações desde 1993, quando iniciei meu curso de Direito na Unoesc de Joaçaba. Algum tempo depois me transferi para Chapecó e lá me formei em 1998. Em 2001, já tinha o título de mestre, era professor e havia participado da implantação do curso de Direito na Unoesc em Xanxerê, minha cidade natal. De lá para cá não parei mais.  Advogar é proteger, interceder, defender. Levo esses princípios comigo para a vida e acredito que, mesmo afastado da advocacia, nunca me afastei dessa que é a verdadeira essência da profissão.

Dirigido pelo aclamado Francis Coppola, o filme “O homem que fazia chover”, de 1997, traduz a profissão de advogado com perfeição. Baseado em romance de John Grisham, a produção conta a história de um jovem advogado desempregado que se transforma na única esperança de um pobre casal que luta contra o sistema de saúde norte-americano. A família não consegue obter de uma companhia de seguros a quantia suficiente para realizar a cirurgia do filho, que tem leucemia e precisa de um transplante de medula óssea. Entre os desafios profissionais e um romance arriscado, o jovem advogado interpretado por Matt Damon enfrenta os tubarões da Justiça sem deixar de acreditar em seus sonhos.

Uma das grandes mensagens do filme – e que repassei inúmeras vezes aos meus alunos em sala de aula – é de que na vida há uma linha imaginária que separa o certo e o errado. E basta transpor essa linha uma única vez para que a mesma se apague e você não saiba mais onde está pisando. A cada caso, pelo menos uma vez, o advogado se sente cruzando esse limite. Neste momento, o que separa os bons dos maus é saber reconhecer o momento de parar e até mesmo recuar.

Levantamento do Conselho Nacional de Justiça mostra que o Brasil tem cerca de um milhão de advogados e 100 milhões de processos. Isso dá, em números redondos, cem processos para cada profissional. É bastante trabalho. O que faz da advocacia uma profissão tão “viciante” é a satisfação profissional e pessoal, já que nos dá acesso a um arcabouço jurídico muitas vezes imperceptível à maioria das pessoas, mas que em algum momento pode fazer a diferença na vida delas. O advogado precisa ter a mente aberta às mudanças sociais que são cada vez mais frequentes e que exigem criatividade, dedicação e estudo para que sejam amparadas.

O “fazer chover” que dá título ao filme, é conquistar o que muitos consideram impossível. É isso que precisa mover o bom advogado, não importa o tamanho da causa.

Antonio Gavazzoni

advogado e doutor em Direito Público

contatogavazzoni@gmail.com