Artigo: Todo mundo assim como eu

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Atualizado há 10 anos

Por Vanderlei Woytowicz 

Muita gente assim como eu já deve ter parado em algum momento da vida, olhado para os lados com um olhar difuso e com os olhos saltados pra fora, todo mundo assim como eu não viu saída um dia, existe tanta coisa que todo mundo passa mas não diz, é como despejar um monte de dúvidas sobre o colchão da cama e deixar lá até que alguém te pegue em flagrante. Queremos dar conta de tudo, queremos o amor eterno de todo o mundo, queremos risos frouxos e menos lágrimas que caem pela dor.

Condenamo-nos por pouco, nos sentimos bosta por nada, isso tudo porque nossas ideias soltas não foram atendidas e ninguém nos ouviu quando a cerveja entrou e fez a cabeça rodar e doer, até no dia de outra manhã. Tanta gente junta e mesmo assim tudo parece vazio e sem ninguém, pode ser que todos eles já tenham encontrado um destino, tenham feito planos, tenham comprado uma passagem pro Caribe pra passar alguns dias de férias ou, não me queiram por perto. Somos mendigos de afeto. Somos carentes em demasia e ao encontrarmos uma pessoa depositamos nela toda e qualquer vontade de ter alguém, mesmo que ela não saiba vamos fazendo as mudanças mesmo que sejam elas mentais, pegamos as roupas, amontoamos as dores e varremos as lágrimas e esperamos vir, e quando essa pessoa não vem, não atende, não procura, não sabe o que você quer, ela só não aparece e você entra em prantos porque entrar em prantos é fantasia de conforto e proximidade dos falsos que dizem que você encontrará alguém melhor.

Todo mundo assim como eu não será correspondido e terá os desejos na cama do hospital tomando soro e levando injeção anti-dor-de-coração, é ilusório achar que você entende, você apenas vive, mas nem sempre entende. Sobressair pra encontrar é piada sem graça contada por quem acha que sabe e acha que ensina. Quem sabe não faz questão que os outros saibam, a receita é individual e talvez vão mais ovos na sua do que na de qualquer um. Então a gente se perde, se amaldiçoa e amaldiçoa quem tiver por perto, porque vezenquando é alívio descarregar, mesmo que da forma errada, porque ninguém ensinou como fazer, e jogamos as cartas sobre a mesa e a dama de ouro dançará quando o amor vier, espero que a dama não canse de esperar assim como eu estou cansado e com dor nas costas.

Enquanto tudo isso vai acontecendo, você vai se sentindo nada e continua com o soro na veia e chora pra sarar, mas seu rosto incha, suas pálpebras mudam de cor e nada de mágico explode a porta e vem te pegar no colo, quando a força diminuiu a gente dorme, temos um tempo e um prazo de poucas horas pra não sentir nada, pra deitar e apagar. Amortecemos a mente até que os olhos se abram de novo. Todo mundo assim como eu vive tentando dar mil desculpa a tudo que foge do controle, mas ninguém dirige sua vida sem rodopios na pista e falhas no comando.

Vanderlei Woytowicz é acadêmico do curso de Psicologia da Fundação Universidade do Contestado – FunC Porto União