Conectividade

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Atualizado há 7 anos

Estamos vivendo num mundo conectado e contraditório. Se de um lado a internet agrega ao abrir possibilidades, é excludente quando é limitada e impede cidadãos de ter vez e voz. E não são poucos os que ainda estão desconectados em meio a um verdadeiro apagão digital.

A inclusão digital está longe de ser uma realidade para metade da população mundial. Estudo da União Internacional de Telecomunicações (UIT) mostrou que 3,7 bilhões de pessoas em todo o mundo ainda estão desconectadas.  O número de usuários da internet em países pobres é limitado a um terço da população – 75% das pessoas que vivem no Continente Africano não têm acesso à internet.

Recentemente, durante encontro em Lima (Peru), o empresário norte-americano Mark Zuckerberg disse a líderes mundiais que integram a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) que “a melhor solução para a desigualdade é a conectividade”. Com o know-how de quem agrega 2,7 bilhões de pessoas na mesma plataforma (um terço da humanidade hoje está no Facebook), Mark Zuckerberg considera que o investimento em conectividade deve ser uma das prioridades do planeta. A grande questão é: como garantir que ninguém fique para trás nesse processo?

O primeiro passo é tomar o pensamento de Zuckerberg como verdadeiro e tratar a conectividade realmente como necessária ao desenvolvimento pessoal e profissional das pessoas. E essa missão não deve ser exclusiva de Governos. O papel das administrações públicas deve ser o de garantir, via ações e leis que regulamentam os serviços privados e de mecanismos de incentivo, que todos possam acessar serviços online e de maneira corriqueira, incorporados ao dia a dia.

É o que ocorre em Santa Catarina quando, pela internet, o cidadão pode pagar o IPVA do seu veículo e calcular o valor do seu ITCMD em caso de doações e heranças. Ou registrar um boletim de ocorrência. Ou, ainda, quando usamos a tecnologia a nosso favor e, pensando em controle e qualificação dos gastos, criamos aquele que é um dos melhores sistemas de planejamento e gestão fiscal do Brasil, batizado de SIGEF.

Naturalmente, ainda temos muito o que evoluir, o que passa pelo investimento pesado – público e privado – em tecnologia e internet. Está mais do que na hora de se conectar, compartilhar ideias, conhecimento e criar oportunidades. Esse é o caminho para que cada vez mais pessoas possam dar o seu “like”.

Antonio Marcos Gavazzoni, doutor em Direito Público e Secretário de Estado da Fazenda

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