EMPÓRIO DO EMPRESARIO: Memória administrativa: um patrimônio pouco valorizado

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Atualizado há 8 anos

Há alguns dias escrevi um artigo sobre a memória das empresas. Como alguns empresários me questionaram bastante sobre o tema resolvi escrever algumas linhas a mais.

Uma das nossas principais habilidades, como seres humanos, é a nossa capacidade de armazenar e recuperar (ou evocar) dados passados que possam ser utilizáveis no curto, médio e longo prazo. A essa capacidade chamamos de memória. Um ser dotado de boa memória é admirado em todos os círculos, mas um sem memória…

Sabemos hoje que a base para toda a boa decisão deve estar fundamentada na memória, ou seja, só se decide coerentemente quando se tem um banco de dados de situações especificas e similares para que a decisão tenha fundamento histórico. Somos seres decisores, a evolução da raça humana preparou seres melhores decisores, seres que tomam aproximadamente 100 mil decisões diariamente. Obviamente que entre elas estão as mais fúteis, como pentear o cabelo para o lado ou para o outro e também a decisão de virar à direita ou à esquerda. Também as grandes decisões, como investir numa grande máquina ou de contratar um administrador de renome. Mas, nosso aparato decisor se ampara em memórias, e essas memórias são formadas basicamente por sentimentos, ou seja, imagine que você hoje tome uma decisão qualquer e que essa decisão tenha consequências negativas. Essas consequências lhe geraram um sentimento (negativo no caso) e daqui a 20 anos, se você tiver que decidir numa situação similar, automaticamente sua memória lhe informará e lhe avisará (ainda que inconscientemente) qual caminho já foi seguido. A esse ato inconsciente da memória, chamamos de 6º sentido, apesar de que muitos esotéricos não concordem, mas na verdade esse 6º sentido é apenas um aviso da memória.

Assim como os seres humanos as empresas também possuem memória, assim como possuem outros mecanismos tão sofisticados como os dos seres humanos. Documentos, planilhas, números, experiências, informações diversas, históricos, todos podem ser considerados como parte da memória da empresa e uma boa parte dessa memória está guardada nas mentes das pessoas da empresa.

Empresas com alto grau de rotatividade (turnover) possuem pouca memória, e, portanto, estão, assim como alguns seres humanos, com pouca memória, sempre começando. São empresas que pouco evoluem, até podem ter bons resultados (o que é raro), mas dependem de um grupo de pessoas, ou de uma pessoa que após sua saída a empresa tende a voltar a ser pequena.

Façamos um exercício: como seria o dia de uma pessoa sem memória? Os erros cometidos hoje, poderiam se repetir amanhã e depois, e depois e assim indefinidamente. Assim também são as empresas. Buscando parcerias onde já se havia procurado e o resultado tinha sido negativo, oferecendo crédito a quem já se havia mostrado não merecedor, comprando de empresas de produtos insatisfatórios, contratando funcionários não confiáveis. Esse tipo de empresa trilha caminhos, alternativas que já foram trilhados, cujos resultados são pífios. O problema é que nas empresas esses erros significam dinheiro e redução da margem de lucro. Você deseja isso para sua empresa?

Alvaro Concha é consultor de empresas

(alvaroconcha@gmail.com)