EMPÓRIO DO EMPRESÁRIO: O homem mais rico do mundo investe no Brasil

·
Atualizado há 8 anos

Muitos afirmam que ele teve a audácia de implantar a filosofia de que em suas empresas as pessoas eram pagas para deixar a cabeça no cabide, juntamente com o chapéu e com a jaqueta, no momento da entrada na empresa. Poucos sabem que este empresário, que foi ícone de uma época, pagava mais do que o dobro do salário médio para ter os melhores cérebros, melhores mecânicos, melhores engenheiros, melhores gerentes da região. Estima-se que em 1914, sua empresa pagava aproximadamente R$18,00/dia (o que ele chamou de “salário de motivação”), rendendo aumento significativo da produtividade, baixa rotatividade e redução dos custos com treinamento, ainda que seus funcionários deixassem a cabeça no cabideiro…

Sim, seu nome, Henry Ford, um dos inventores da desvalorização do automóvel, após retirado da concessionaria, já no início do século passado. A história conta que em 1908 ele vendia seus carros a US$825,00/unidade, em 1916 a US$360,00, o mesmo veiculo, zero quilometro. Genialidade, pois com a redução do preço (obviamente baseada em redução de custos) ele conseguiu multiplicar por 100 sua produção e, consequentemente, suas vendas.

Nascido na zona rural de Detroit, no estado de Michigan, nos EUA, em 1863, Ford sempre desejou reduzir seu trabalho braçal através de máquinas e, após várias tentativas de ser bem-sucedido, é convidado a trabalhar, aos 33 anos como Engenheiro Chefe da Edison Illuminating Company. Aos 40 anos de idade, juntamente com outros investidores, consegue captar um montante de US$28.000,00 e funda a Ford Motor Company, usando como plataforma de lançamento um trabalho de marketing bastante diferenciado ao mostrar seu projeto no gelo, um carro que bateu o recorde de velocidade, então, de 147km/h. Mas foi somente em 1908 que Ford apresenta e maravilha o mundo com seu modelo T, um automóvel com muitas inovações, entre elas pode-se citar, um motor e o câmbio totalmente fechados, suspensão com molas especiais e de manutenção barata. Vendeu mais de 15 milhões de unidades em 19 anos de “vida”.

A partir de então, a empresa e a fortuna de Ford somente cresceram. Começou a produzir tratores, comprou um jornal da cidade, começou a produzir aviões e motores para aviões (entre eles o famoso Ford 4AT trimotor), concorreu para o senado norte-americano (perdendo por 4.500 votos), registrou 141 patentes e montou fabricas de automóveis na Inglaterra, Austrália, Índia, França e Canadá, além de, obviamente, EUA.

Obcecado pela independência de suas fábricas, assim como Matarazzo, Ford entendia que suas empresas tinham que produzir tudo o que consumiam iniciando assim a sua produção de aço, de parafusos, de pneus. Porém, para fabricar pneus era necessário ter matéria-prima e a produção da Malásia (principal produtora de látex de então) era monopólio inglês. Ford tentou driblar o monopólio montando duas cidades no interior do Pará, nas cidades de Fordilândia e de Belterra, investindo US$ 130 milhões (em valores atuais) e 18 anos de trabalho, percebeu que havia cometido muitos erros, começando pelo terreno, que poderia haver pedido ao governo brasileiro (e ganhado de graça) ao invés de investir US$ 10 milhões (em valores atuais) na compra de um cafeicultor brasileiro, Jorge Dumond Villares (que, este sim, ganhou os terrenos do governo do Pará).

Sem nunca haver pisado no Brasil, morre aos 84 anos deixando um filho e uma fortuna de aproximadamente US$ 188 bilhões em valores atuais e um legado de cientificismo e inovação.

Alvaro Concha

Consultor de empresas

alvaroconcha@gmail.com