ESPAÇO CULTURAL: A Grande Viagem (V)

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Atualizado há 7 anos

Por Therezinha Wolff

fotoXartigoX5Na viagem para Coimbra pode-se passar pela Mata Nacional de Bussato.

Única Mata Nacional com certificado da Gestão Florestal, herança celular de preservação histórica, religiosa, militar, botânica, paisagística, arquitetônica e cultural.

Com uma extensão de 105 hectares é uma das maiores reservas da biodiversidade em Portugal.

Impossível deixar de entrar, pelo menos um pouquinho, para ver mais de perto esse bem natural cultural.

Um majestoso palácio, tantas belezas naturais, mas a fome pedia “socorro”.

Fazer um lanche próximo ao antigo convento de padres carmelitas, foi um primeiro passo.

Pouco mais tarde, além do agradável cheiro de mato, deu para conferir um pouco o interior do palácio.

Digo um pouco porque agora é um Hotel Palácio com acomodações reservadas para hóspedes e também para a realização de festas de casamento e outras recepções importantes.

Móveis renascentistas, escadas e portas em trabalhos esculturais enriquecem ainda mais o requinte daquele monumento.

O cenário estende-se pelos magníficos jardins onde caramanchões deixando cair grandes cachos de glicínias em nuances de lilás dão um acabamento rendado para o azul dourado do céu.

Certamente, num roteiro de viagem a Portugal a mata Nacional de Bussato é uma “boa pedida”.

Partindo para Coimbra a expectativa maior era conhecer sua Universidade.

Uma das mais antigas da Europa, que primeiro estabeleceu-se entre Lisboa e Coimbra para, definitivamente, instalar-se nesta última em 1537.

Data que passados trinta e sete anos desde o Descobrimento de nossa Terra, com a vinda dos jesuítas e pela educação estivemos ligados a Universidade.

Após quatrocentos e onze anos da descoberta de Cabral, era a Universidade de Coimbra a única no mundo de língua portuguesa.

Como Patrimônio Mundial que é, visitá-la é aplaudir a concessão do Título pois está fundamentado nas belezas arquitetônicas das construções e na história da educação que guarda e promove.

O Paço das escolas reúne num complexo do Colégio Jesus, a capela de São Miguel, a Biblioteca Joanina, a Sala dos Capelos, a Prisão Acadêmica e uma Torre da Universidade.

O Colégio Jesus, um dos mais antigos do mundo, teve importante papel na formação de missionários que espargiram a educação pela Europa, África, Ásia e no Brasil.

Foi o núcleo da Reforma feita pelo Marquês de Pombal, a Reforma Pombalina, como ficou conhecida, que ali colocou as Faculdades de Filosofia e Matemática.

A Capela de São Miguel que teve sua construção, possivelmente no século XVI, recebeu uma decoração interna nos séculos XVII e XVIII.

Um esplendoroso órgão em móvel no estilo rococó, de 1737,  impressiona pelos 2000 tubos.

Dá para imaginar o som de um acorde?

Passando pelo Pátio da Faculdade de Direito, um grupo de universitários devidamente envergando toga, calças, saias, sapatos e gravatas pretos em camisas brancas, nos degraus do prédio posavam para a clássica foto de formatura.

Seguiram depois para a Sala dos Capelos. Sala decorada de vermelho e dourado onde solicitam ao Reitor as insígnias doutorais.

Cada uma com o seu significado, a Borla, um pequeno chapéu representa a inteligência e o Capelo, pequena capa representa a ciência.

É a solenidade da Imposição de Insígnias.

Toda aquela vestimenta mais os ambientes da Biblioteca, lembram o filme de Harry Potter da escritora que assina J. R. Rowling.

Quando residiu na cidade do Porto em Portugal, certamente, na Universidade de Coimbra, nasceu a inspiração para o cenário.

A Biblioteca Joanina, com seu acervo bibliográfico de mais ou menos 70000 obras exclusivas e valiosas, dos séculos XVI a XVIII, ganha em beleza tais forma e decoração.

Além dos livros, documentos da Universidade, datados desde 1800, estão a disposição para consultas.

As paredes com dois metros de espessura, tem na entrada recepcionistas que controlam a porta para não prejudicar a climatização interna.

Num espaço medieval, a Prisão Acadêmica para funcionários, professores e alunos  da Universidade ficarem temporariamente detidos, por motivos de indisciplina, causa um certo desconforto ao visitante.

Felizmente funcionou até 1834…

Entre a Capela e a Biblioteca, a torre da universidade, num grande relógio e no bimbalhar dos sinos vai marcando horários. No mesmo monumento um miradouro, de onde se descortina a cidade por todos os ângulos.

Próximo ao Paço das Escolas está o Jardim Botânico que foi criado pelo Marquês de Pombal preservando coleções únicas de botânica que servem o ensino.

Em Coimbra, as igrejas e os mosteiros estão em diferentes pontos. Pela beleza da arquitetura e as histórias que guardam, merecem ser visitados.

A Igreja da Sé Velha, fundada no início do século XII, em estilo romântico apresenta, logo na entrada, uma incomparável pia batismal, protegida que está por um gradil artístico.

Na Igreja fica a arca tumular de D. Sizemando, primeiro governador da Cidade em 1064, após a “Reconquista Cristã”.

Situada na Baixa Coimbra, a Igreja de Santa Cruz, no Mosteiro de Santa Cruz, teve sua fundação em 1131, pela Ordem de Santo Agostinho.

Com o apoio de D. Afonso Henriques a obra foi concluída dezenove anos depois.

O Mosteiro de santa Clara-a-Nova, localizado no centro da cidade, abriga o túmulo de Isabel de Aragão.

Chamada Rainha da Paz, foi canonizada em 1742 e o Mosteiro ficou conhecido como Convento da Rainha Santa Isabel.

É a Santa que de acordo com a história era uma rainha piedosa, protetora dos pobres.

Conta-se que em certa ocasião, escondendo pão no avental para entregar aos seus protegidos, foi interceptada pelo marido.

Interrogada sobre o que estava no avental, respondeu serem rosas. Quando abriu o avental para seu marido, estavam ali rosas e rosas perfumadas.

Isabel de Aragão tendo se recolhido ao Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, vestiu o hábito da Ordem das Clarissas e ali faleceu, sendo seu corpo transladado para o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova.

Foi escolhida a padroeira de Coimbra.

Como cidade universitária, que recebe estudantes de diferentes países, Coimbra tem alto número de Repúblicas.

Na opinião de ex-universitários, as repúblicas de Coimbra diferem de outras casas de estudantes.

Eles defendem a democracia, a liberdade e a vida em comunidade.

Cada república tem seu próprio hino, seus símbolos e o grito que mostra sua identidade.

O tempo para o lazer e o saber aprender passa rápido. Era dia de seguir viagem e na rota estavam o Santuário de Fátima e a Cidade do Porto.

Conto na próxima semana.