Deixando a cidade do Porto, já longe, era ainda possível ver a Torre dos Clérigos, com seus setenta e seis metros de altura.
Ansiosa, queria chegar logo em Matosinhos para, com maior tempo, colocar em ordem os apontamentos da viagem.
Distrito da cidade do Porto, Matosinhos fica entre esta e a Vila Nova de Gaia.
O Distrito é referência em arquitetura e gastronomia.
Isso se explica porque tem uma das principais escolas de arquitetura do mundo. Conhecida como Escola do Porto e na extensão a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto.
Em gastronomia sua projeção está na qualidade e quantidade dos pratos a base de peixe e frutos do mar e nas vinícolas.
Matosinhos é região de pescadores.
Uma boa oportunidade para conferir, pelo menos em parte essas colocações.
Primeiramente dizer que a boa acolhida, mais a localização do apartamento e a facilidade de locomoção se tornaram fatores primordiais para aproveitar a viagem.
Desde logo concluí que Matosinhos se evidencia também pela ecologia tal beleza quantitativa de sua vegetação.
O Parque Basílio Telles, conhecido como Parque da Cidade, é muito procurado para caminhadas diárias e encontros de famílias nos finais de semana.
É o maior parque urbano de Portugal, com instalações adequadas para lazer, esportes, exposições, concertos musicais, alimentação e venda de artesanato.
Experimentar a culinária com pratos a base de peixe e frutos do mar é possível em vários restaurantes.
Mas, lugares mais agradáveis ficam na região conhecida como Marisqueira.
Na rua Heróis da França estão restaurantes com churrasqueiras na calçada da frente e o cliente pode escolher o peixe fresco para ser ali assado.
Ao gosto de cada pessoa, o peixe escolhido vem com acompanhamento para a mesa ao ar livre ou dentro do restaurante, onde queira ficar acomodada.
Ir ao Porto sem experimentar o vinho é não justificar a viagem.
Então foi preciso seguir de Matosinhos para a Vila Nova de Gaia onde estão as caves, muitas caves.
Uma beleza para os olhos está na chegada a Gaia.
Chama atenção a ponte D. Luís, construção do século XIX que nos seus trezentos e oitenta e cinco metros de extensão liga a cidade do porto a Vila Nova de Gaia, sobre o Rio Douro.
É um dos símbolos do Porto e de onde tem-se a mais completa panorâmica da cidade.
Um teleférico sobre o rio permite desfrutar da beleza da região.
Também em Gaia pode-se conhecer a bebida e os barcos das empresas que fazem o transporte do vinho.
As vinícolas têm barcos próprios e já são partes das programações locais as regatas no rio, dos barcos conhecidos que são pelo nome de Rabelos.
Experimentar o vinho foi possível na “Taberninha do Manel”. Aprazível, na orla do rio, com a brisa agradável e até um fado, pela senhora que atendia as mesas. “Encarnou” Amália Rodrigues, fadista que nem de seu tempo era…
A sangria, servida em jarra artística de cerâmica, exige repetição sempre.
Foi prazeroso ouvir a música brasileira interpretada por guitarra, homenagem aos conterrâneos que lá estavam.
Bom também, saber que a tapioca e o assai, especialidades brasileiras, são apreciadas pelos portugueses.
Vez por outra, num país estranho, é justificável uma gafe. Foi quando ao ler no cardápio abóbora com gamba, soou gambá. Ainda bem que gamba é camarão…
Uma volta pela feira de artesanato, curiosa para conhecer novidades, os artigos eram até mesmo familiares: azulejos pintados, trabalhos em couro, madeira, crochê, tricô, quase sempre com motivos portugueses.
A avenida praiana de Matosinhos, como em qualquer outra cidade que se prese pela estrutura, é feita com pistas para pedestres, ciclistas e bancos em toda a orla. Mas… a água é gelada (disse alguém).
No centro de Matosinhos, a Igreja do Bom Jesus de Matosinhos ou Igreja Matriz é um belo exemplo de arquitetura barroca e colonial.
O nome e a arquitetura lembram o mestre Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho e o seu trabalho escultural em Congonhas, Minas Gerais.
É um marco de história, cultura e arte.
Com três naves, o templo original construído no século XVI com duas sinaleiras nas torres laterais, tem na fachada, em cada uma nichos com as estátuas de São Pedro e São Paulo em tamanho natural.
Admirável é a área verde que se encontra no Largo da Igreja. Aconchegante, convida ao silêncio e a meditação.
O local se alegra com as festas programadas, como as de maio ou junho. Datas possivelmente que correspondem no Brasil a festa de Corpus Christi.
Não poderia deixar de falar também do almoço no restaurante da Usina e da bacalhoada no apartamento feita com todo carinho.
Tudo o que é bom, dizem, dura pouco.
Mas a memória, caixa do depositário, fica. Guarda tudo o que viu, recebeu, aprendeu e compartilhou.
Atravessando os mares agora já navegados, deixando a “Pátria mãe”, de volta da grande viagem, está o reconhecimento a Deus e a todos os que me fizeram companhia. Ao jornal “O Comércio” que me proporcionou a felicidade registrar alguns dos principais tópicos em relação a nossa Pátria Mãe, obrigada!