ESPAÇO CULTURAL: A Grande Viagem (VII)

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Atualizado há 7 anos

ArtigoX-TWDeixando a cidade do Porto, já longe, era ainda possível ver a Torre dos Clérigos, com seus setenta e seis metros de altura.

Ansiosa, queria chegar logo em Matosinhos para, com maior tempo, colocar em ordem os apontamentos da viagem.

Distrito da cidade do Porto, Matosinhos fica entre esta e a Vila Nova de Gaia.

O Distrito é referência em arquitetura e gastronomia.

Isso se explica porque tem uma das principais escolas de arquitetura do mundo. Conhecida como Escola do Porto e na extensão a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto.

Em gastronomia sua projeção está na qualidade e quantidade dos pratos a base de peixe e frutos do mar e nas vinícolas.

Matosinhos é região de pescadores.

Uma boa oportunidade para conferir, pelo menos em parte essas colocações.

Primeiramente dizer que a boa acolhida, mais a localização do apartamento e a facilidade de locomoção se tornaram fatores primordiais para aproveitar a viagem.

Desde logo concluí que Matosinhos se evidencia também pela ecologia tal beleza quantitativa de sua vegetação.

O Parque Basílio Telles, conhecido como Parque da Cidade, é muito procurado para caminhadas diárias e encontros de famílias nos finais de semana.

É o maior parque urbano de Portugal, com instalações adequadas para lazer, esportes, exposições, concertos musicais, alimentação e venda de artesanato.

Experimentar a culinária com pratos a base de peixe e frutos do mar é possível em vários restaurantes.

Mas, lugares mais agradáveis ficam na região conhecida como Marisqueira.

Na rua Heróis da França estão restaurantes com churrasqueiras na calçada da frente e o cliente pode escolher o peixe fresco para ser ali assado.

Ao gosto de cada pessoa, o peixe escolhido vem com acompanhamento para a mesa ao ar livre ou dentro do restaurante, onde queira ficar acomodada.

Ir ao Porto sem experimentar o vinho é não justificar a viagem.

Então foi preciso seguir de Matosinhos para a Vila Nova de Gaia onde estão as caves, muitas caves.

Uma beleza para os olhos está na chegada a Gaia.

Chama atenção a ponte D. Luís, construção do século XIX que nos seus trezentos e oitenta e cinco metros de extensão liga a cidade do porto a Vila Nova de Gaia, sobre o Rio Douro.

É um dos símbolos do Porto e de onde tem-se a mais completa panorâmica da cidade.

Um teleférico sobre o rio permite desfrutar da beleza da região.

Também em Gaia pode-se conhecer a bebida e os barcos das empresas que fazem o transporte do vinho.

As vinícolas têm barcos próprios e já são partes das programações locais as regatas no rio, dos barcos conhecidos que são pelo nome de Rabelos.

Experimentar o vinho foi possível na “Taberninha do Manel”. Aprazível, na orla do rio, com a brisa agradável e até um fado, pela senhora que atendia as mesas. “Encarnou” Amália Rodrigues, fadista que nem de seu tempo era…

A sangria, servida em jarra artística de cerâmica, exige repetição sempre.

Foi prazeroso ouvir a música brasileira interpretada por guitarra, homenagem aos conterrâneos que lá estavam.

Bom também, saber que a tapioca e o assai, especialidades brasileiras, são apreciadas pelos portugueses.

Vez por outra, num país estranho, é justificável uma gafe. Foi quando ao ler no cardápio abóbora com gamba, soou gambá. Ainda bem que gamba é camarão…

Uma volta pela feira de artesanato, curiosa para conhecer novidades, os artigos eram até mesmo familiares: azulejos pintados, trabalhos em couro, madeira, crochê, tricô, quase sempre com motivos portugueses.

A avenida praiana de Matosinhos, como em qualquer outra cidade que se prese pela estrutura, é feita com pistas para pedestres, ciclistas e bancos em toda a orla. Mas… a água é gelada (disse alguém).

No centro de Matosinhos, a Igreja do Bom Jesus de Matosinhos ou Igreja Matriz é um belo exemplo de arquitetura barroca e colonial.

O nome e a arquitetura lembram o mestre Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho e o seu trabalho escultural em Congonhas, Minas Gerais.

É um marco de história, cultura e arte.

Com três naves, o templo original construído no século XVI com duas sinaleiras nas torres laterais, tem na fachada, em cada uma nichos com as estátuas de São Pedro e São Paulo em tamanho natural.

Admirável é a área verde que se encontra no Largo da Igreja. Aconchegante, convida ao silêncio e a meditação.

O local se alegra com as festas programadas, como as de maio ou junho. Datas possivelmente que correspondem no Brasil a festa de Corpus Christi.

Não poderia deixar de falar também do almoço no restaurante da Usina e da bacalhoada no apartamento feita com todo carinho.

Tudo o que é bom, dizem, dura pouco.

Mas a memória, caixa do depositário, fica. Guarda tudo o que viu, recebeu, aprendeu e compartilhou.

Atravessando os mares agora já navegados, deixando a “Pátria mãe”, de volta da grande viagem, está o reconhecimento a Deus e a todos os que me fizeram companhia. Ao jornal “O Comércio” que me proporcionou a felicidade registrar alguns dos principais tópicos em relação a nossa Pátria Mãe, obrigada!