Espaço Cultural: Opinando

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Atualizado há 8 anos

A Olimpíada de 2016, realizada no Brasil graças a garra e a criatividade peculiares do povo brasileiro, chegou ao fim.

Frente a uma crise política, econômica e social, foi um grande desafio, pois as expectativas não eram em nada animadoras.
Atletas dos vários países participantes juntaram-se aos nossos para disputarem almejadas medalhas, trazendo alegrias, tristezas, suor e lágrimas.

Para envolver a Pátria no clima olímpico, o revezamento da tocha passou por todos os Estados.

Aqui tivemos breve participação através de uma ex-aluna da Fundação Municipal Centro Universitário da Cidade de União da Vitória, Uniuv, que conduziu o fogo simbólico na trajetória nacional, cidade de Campo Largo e trouxe-o para a abertura dos Jogos Intercursos daquela instituição.

Seguindo o ritual de aberturas, a olimpíada desse ano desfilou as delegações e inovou trazendo criativas e belas coreografias com mensagens de inclusão humana na preservação da natureza e no convívio social.

Atletas, exemplos de dedicação, empenho e competitividade atingiram o público na extensão territorial brasileira com modalidades de jogos, os mais diversos, muitos ainda desconhecidos da população.

Na equipe de comentaristas Guga demonstrou ser expert como tenista e também em outras competições.

As medalhas conquistadas por brasileiros e brasileiras, infelizmente, poucas ficaram no País.

Aquelas, merecidamente recebidas couberam a militares e competidores vindos de lares com parcos recursos financeiros. Certamente motivados em galgar alguns degraus à mais na sociedade.

Os militares atletas tiveram suporte necessário para os treinamentos intensos.

Os demais brasileiros vencedores foram, geralmente, aqueles descobertos em seus talentos ainda na infância e na adolescência nos projetos assistenciais em instituições de ensino público.

Lamentavelmente constatamos que hoje nas escolas públicas, quando dispõem de espaço, pratica-se o vôlei, basquete, futsal e futebol. São aqueles que não exigem maiores investimentos, realizados em quadras abertas e em geral é a bola rolando, paixão do povo brasileiro.

Se pensássemos em tradição, o atletismo como parte importante das atividades escolares não teria sido esquecido por aqui. Seria ainda mantido tal como acontecia nas décadas de 40, 50…

Nesse período no grupo escolar Professor Balduíno Cardoso o atletismo era praticado duas vezes por semana, no espaço hoje servindo de estacionamento para carros.

Num gramado central, exercícios corporais, na pista circundante, corridas de velocidade e revezamento, na caixa de areia, os saltos de extensão, altura e com vara. Esta última modalidade onde se destacavam dois grandes atletas locais: Ilario Desordi e Isael Pastuch.

No espaço onde está a Fafi funcionavam o Colégio Estadual Túlio de França e a Escola normal Secundária Professora Amazília. Ali aconteciam suas aulas de educação física com atletismo como arremesso de dardo e peso, saltos em extensão e altura, jogos de vôlei e basquete. Todos praticados em quadras abertas.

Uma modalidade, que na época não acontecia, era a natação. Natação e regatas eram realizadas no rio Iguaçu por atletas militares e dos clubes sociais.

Construído o ginásio de esportes do Colégio Estadual Túlio de França, onde está hoje, as instalações favoreceram aos treinos e as disputas de importantes jogos locais e estaduais como os Jogos da Primavera.

Com as piscinas de clube e do Sesi intensificou-se em parte a natação, a partir dos anos 80.

Em 1990, por ocasião do Centenário de União de Vitória a piscina do Sesi deu lugar a uma bela apresentação de nado sincronizado com atletas da Academia Amaral, de Curitiba. O objetivo era, além de uma apresentação artística, motivar escolas e academias de ginástica e dança a iniciarem essa modalidade de nado.

Atualmente, o progresso crescente do número de estudantes fez com que espaços livres para prática de esportes dessem lugar a ampliação dos prédios.

Ginásios cobertos, privilégio de alguns. Ginásios equipados para a prática de atletismo? Não encontramos por aqui.

Enquanto isso, professores tem que usar de criatividade, dedicar-se fora do horário das aulas para preparar nossos jovens atletas.

Governos que com discursos enaltecem a educação como prioridade parecem desconhecer a máxima “Mens sana in corpore sano”.
Sob o prisma da educação esperamos que a Olimpíada 2016 tenha alertado para a importância do cuidado com o corpo, principalmente das crianças que na era tecnológica deixam as brincadeiras sem exercitar o corpo. Longe estão das corridas, dos saltos e das cambalhotas. É na escola, no esporte, no atletismo que tem essa oportunidade.

Voltando a olimpíada, na cerimônia de encerramento, vimos Maria Esther Bueno, as forças armadas conduzindo a bandeira olímpica, ouvimos palavras do presidente da Comissão Organizadora dos Jogos, o gigantesco coral do Maracanã deixando mensagens de otimismo, cultura e civismo, tão necessários à sociedade brasileira.

Que nas futuras Olimpíadas possamos contar com muitos atletas irmanados numa corrente de brasilidade e potencialismo, capazes de trazer talentos adormecidos e permitir-nos bradar com maior orgulho o nome da Pátria onde nascemos.