Espaço cultural: Rede Feminina de Combate ao Câncer – Parte I

·
Atualizado há 7 anos

Chegamos ao fim do “Outubro Rosa”, vivemos o “Novembro Azul” com ações intensivas quanto a prevenção do câncer nas mulheres e da próstata nos homens. Foram realizadas atividades das mais diversas pela Rede Feminina de Combate ao Câncer, visando motivar as pessoas em geral a se engajarem no movimento.

Logo mais se inicia o “Dezembro Dourado” com o objetivo de dar atendimento e fazer o encaminhamento das crianças acometidas da doença, que de nossas cidades vão para o Hospital Pequeno Príncipe, da capital paranaense.

São medidas de uma instituição que cresce, estruturando-se na cultura, trazendo às pessoas confiança na prevenção da doença, conforto e esperança aos que com elas convivem.

A população em geral, incluindo voluntários, políticos, empresários, educadores, religiosos e outras entidades enfim, atenderam ao chamado da Rede, perceberam seu trabalho e o quanto útil podiam ser apoiando tão nobre causa.

Pelo que lembro, lá pelos anos 40 somente nos grandes centros brasileiros existia o Serviço Nacional do Câncer. Embora pesquisas indiquem que o Rio de Janeiro é o pioneiro, em São Paulo também acontecia.

A doença conhecida como tumor maligno que, quando possível, era extirpado.

Um procedimento sem detectar metástases que levava pouco tempo, meses ou até dois anos no máximo para novas cirurgias e fatalmente ao óbito.

Foi nessa época que em Curitiba o médico Antero Sady Pizzato procedia as cirurgias, em doentes sem condições financeiras, contando com o apoio do Instituto de Medicina Cirúrgica do Paraná.

Também nesse tempo o Dr. Erasto Gaertner trouxe de Marie Curie, polonesa naturalizada na França, grande cientista em radioatividade, um aparelho de radioterapia e o instalou no Instituto para a realização dos serviços contra o câncer. Foi o primeiro aparelho do Paraná.

Doutor Erasto Gaertner junto a alguns de seus colegas de formatura, entre eles Antero Sadi Pizzato, Hamilton Calderari Leal e Duilio Calderari, verificando a necessidade da manutenção e hospitalização de cancerosos, fundaram a Liga Paranaense de Combate ao Câncer. Sua ata de criação em 1947 destaca “angariar recursos para a manutenção, hospitalização e tratamento dos cancerosos pobres, assim como aquisição de aparelhamento médico-cirúrgico e pessoal para melhor assistir os doentes. Promover ainda Campanha de Educação Popular de Combate ao Câncer”.

Iniciou-se então um movimento da sociedade curitibana que, compreendendo a necessidade de construir um hospital, mobilizou-se para tanto.

União da Vitória e Porto União, mesmo que modestamente, puderam na época colaborar para a concretização de tão importante obra.

Aproximadamente em 1948 tivemos a felicidade de receber para trabalhar no posto de saúde de União da Vitória a enfermeira Jaira Rocha Loures Ramos, que era a portadora do apelo curitibano em relação a construção do imóvel. Havia um médico de nome Lauriano que precisava do tratamento para o câncer.

Dona Jaira incentivou um grupo de adolescentes a colaborar na realização de uma soirée beneficente, no antigo prédio do Clube Concórdia, então na Rua 13 de Maio quase esquina com Fernando Machado, em Porto União.

A entrada para os homens seria a aquisição de uma rosa vermelha. O trabalho para as moças era o de entregar a flor pela quantia de Cr$ 5,00.

O total arrecadado foi para a Liga Paranaense de Combate ao Câncer visando a construção do Hospital.

No início dos anos cinquenta, Dr. Erasto Gaertner, então prefeito de Curitiba, passou para a Liga Paranaense de Combate ao Câncer o terreno onde hoje se encontra o Hospital.

Animadas com o que poderia ser a concretização de um sonho, amigas curitibanas, lideradas pelas senhoras Anita Merhy Gaertner e Edithe Pizzato uniram-se mobilizando-se para a captação de recursos.

Muitas promoções foram realizadas com esse objetivo.

Apesar do falecimento prematuro do Dr. Erasto Gaertner, em 1953, o grupo não desanimou. Em 1954 conseguiram a sua legitimidade com a criação da Rede Feminina de Combate ao Câncer, subordinada técnica e administrativamente a Liga Paranaense.

Escolhida uma diretoria, sua presidente foi a senhora Anita Merhy Gaertner. A senhora Edith Pizzato, sua presidente de honra.

Servindo-se do apoio da imprensa, televisão, do teatro, cinema, rádio e da sociedade como um todo, difundindo conhecimentos sobre a doença a Rede Feminina de Combate ao Câncer organizou campanhas para angariar recursos que serviriam na manutenção do Hospital.

Em 1970 o governo do Paraná doou uma bomba de cobalto para seções de radioterapia, instalada que foi no Hospital, mesmo antes de ser inaugurado.

A Rede Feminina de Combate ao Câncer prosseguiu no trabalho desde o lançamento da pedra fundamental do Hospital, em 1955, até sua inauguração em 1972, já com o nome de Hospital Dr. Erasto Gaertner em homenagem a memória do grande batalhador pela causa.

O aumento do número de pacientes vindos do interior à Capital para o tratamento, propiciou uma divisão de tarefas afins com a instalação de unidades oncológicas.

Novos grupos favoreceram a criação de redes femininas de combate ao câncer nos hospitais dos estados do Paraná e Santa Catarina e a criação das unidades oncológicas.

Assim, em União da Vitória, nos anos sessenta, foi criada a Rede Feminina de Combate ao Câncer pelas senhoras Clarisse Monfroni, Anete Flessak Stefani e mais outras senhoras da sociedade portouniãonense, entre as quais Suzete Contim Dissenha e Antônia Massignam.

Funcionando até 1990 sob presidência da senhora Lair Silva, esposa do médico pediatra Dr. Alcides Silva, as arrecadações financeiras de promoções como almoços, festas, feiras, rifas e algumas contribuições individuais, eram remetidas ao Hospital Dr. Erasto Gaertner para o tratamento dos doentes de nossa região.

Em 1995 foi firmado um convênio com o Hospital São Braz em Porto União para que fosse construída em União da Vitória uma Unidade Oncológica. Já estavam elas previstas para Cascavel e Pato Branco.

Inativa até 1997 a Rede Feminina de Combate ao Câncer de União da Vitória retomou suas atividades criando quatro setores: Administrativo, Assistencial, Educacional e Social.

Atuando junto ao Hospital São Braz, o setor administrativo essencialmente burocrático e diretivo era formado por uma Diretoria e um Conselho Fiscal.

Formavam a diretoria:

Presidente Delci Aparecida Hausen Christ

Vice-presidente Suzete Contim Dissenha

Primeira Secretária Inês Hoffman Martins

Segunda Secretária Marcia Gasino Ribas

Primeira Tesoureira Regina Celli Francisco

Segunda Tesoureira Vera Wagenführ Rulf

O Conselho Fiscal era exercido por Jacira Ayres Fischer, Leonice Martins Hirsch e Ir. Julia Granosik.

Também formado, um Departamento Assistencial prestava assistência ao doente através da visitação, assistência social e religiosa, tendo como titulares as senhoras Marilia Sens, Marcia Caus Martins e Mirian Berkenbrok Scalet.

O Departamento Educacional, destinado a organizar campanhas de esclarecimento e educação, orientando as pessoas quanto a necessidade do diagnóstico precoce do câncer, era coordenado pelas senhoras Ana Luiza Christ Lemos, Lessi Ferrari e Marcia Godoi.

O Departamento Social, incumbido de organizar programações visando a arrecadação de verbas para auxiliar a Rede na consecução dos objetivos propostos era formado por uma Coordenação e um Quadro Social. Da Coordenação faziam parte as senhoras Kelly P. Godinho, Rosana Forte Huergo e Therezinha Leony Wolff.

Do Quadro Social, Sócias Voluntárias e Sócias Contribuintes, ficando aberto o convite a todas as pessoas que quisessem colaborar com a Rede.

Como Presidente de Honra foi escolhida a senhora Izabel de Carvalho Martins, enfermeira abnegada, incentivadora e lutadora no trabalho dedicado aos doentes, especialmente aos cancerosos, mesmo antes da reativação da Rede Feminina de Combate ao Câncer. Pessoa que sonhava com a instalação de uma Unidade Oncológica em nossa Região.

Todas as integrantes da Rede sabiam que para tanto precisavam de muita dedicação e um longo trabalho, só assim conseguiriam concretizar a tão desejada Unidade.

Como sendo duas cidades, separadas politicamente, necessário seria uma sede em União da Vitória, legalizada como instituição. Era o caminho.

Assim, em 1998 um grupo de voluntárias da Diretoria e dos Departamentos da Rede, dirigiu-se a Curitiba para solicitar da senhora Fany Lerner, esposa do então Governador Jayme Lerner, uma verba destinada a construção do imóvel.

A solicitação não somente foi atendida quanto aos recursos como também houveram doações de equipamentos que permitiram a Rede Feminina de Combate ao Câncer os primeiros passos para a prevenção e o encaminhamento das mulheres ao necessário tratamento.

(Continua)