Opinião: Buscando soluções

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Atualizado há 8 anos

Popularizado pelo personagem Homer Simpson, o bordão “Quando eu cheguei, já estava assim” é repetido incansavelmente pelos gestores públicos, servidores, empresários, trabalhadores e cidadãos comuns. Colocar a culpa no outro é uma saída quando somos confrontados com algo que não está dando certo. É mais fácil. Se não fomos nós que fizemos, tudo bem, não nos cabe resolver, não é? Não. Não é.

Se não funciona, é preciso mudar. Não importa se quando eu cheguei já estava assim. Do contrário, também sou culpado pelo problema, em outras palavras, pela ineficiência. Esse jeito comodista de ver as coisas se reflete na sociedade e nas instituições brasileiras em geral. As responsabilidades não são assumidas e a consequência é óbvia: as mudanças necessárias não acontecem.

Eu ainda era um adolescente quando ouvi pela primeira vez que o Brasil precisa de reformas política, tributária, trabalhista e previdenciária. A impressão é que essas reformas só sairão do papel quando chegarmos a um ponto crítico, quando o caminho for sem volta e o comodismo tiver consumido nossos sonhos – individuais e coletivos.

As pesquisas têm mostrado que o brasileiro considera a corrupção o maior problema do País. No entanto, pouco faz para combatê-la. Sim, eu sei, muitos de nós brasileiros fomos às ruas em 2013 – e depois disso também, e “não só por vinte centavos”. Mas ou o fôlego acabou ou estamos esperando que alguém faça o que nós deveríamos fazer: lutar até consolidar a mudança. E não só nas redes sociais.

Enfrentamos hoje uma crise sem precedentes. Em Santa Catarina, estamos nos desdobrando para manter os serviços básicos à população, não atrasar os salários dos servidores e manter a política fiscal de não aumentar impostos. Ainda assim, vejo que poucos entendem como é difícil e como é necessário mudarmos o sistema público e político para que essa tarefa não se limite a ser uma preocupação apenas de um governador ou de um secretário. Em vez de buscar culpados, vamos buscar soluções.

Antonio Gavazzoni é secretário de Estado da Fazenda e doutor em Direito Público