OPINIÃO: Com ética rumo a vitória

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Atualizado há 9 anos

A busca incessante do ser humano ao longo de toda sua vida, antes mesmo da sua própria concepção, na grande corrida entre milhares de espermatozoides para alcançarem o óvulo e deflagrarem a fecundação de um novo ser, o coloca indiscutivelmente entre as espécies vivas que certamente mais competem entre si. Vencer, vencer e vencer, do nascimento à fase adulta, na sua vida familiar, profissional e social, na velhice, até sua última batalha, esse combate final consigo mesmo na defesa da sua própria vida, do seu último suspiro.

Em toda essa trajetória de competições de diferentes níveis e espécies, em diferentes campos de batalha, nem sempre visualizamos nas pessoas, ser a ética uma característica usual, perceptível, necessária ou imprescindível. Vencer a qualquer custo, de qualquer forma ou utilizando-se de quaisquer meios, com a consequente euforia e desprezo pelo oponente, parece ser o símbolo da vitória.

Ao me deparar com essas realidades, me vem à mente uma extensa obra literária, em que o autor descreve o dia a dia da vida de um jovem samurai, um guerreiro peregrino, que perambulava à procura de duelos e ensinamentos para aprimorar a sua técnica, visando seu reconhecimento como um grande mestre da sua arte, num pequeno país da região asiática, nos tempos medievais. Com essa leitura adquiri conhecimentos sobre o sistema político, administrativo, cultural e sobre os valores daquele povo e selecionei uma pequena frase, como uma orientação importantíssima e de grande valor ético.

Na sua última luta, para a qual ele havia se preparado e dedicado todo o tempo de sua vida, ao enfrentar seu maior opositor e mais temido guerreiro de sua época, esse samurai, surpreendentemente pode lograr uma brilhante vitória que o consagraria como o maior de todos os mestres da sua arte, em todos os tempos.

Ao final desse duelo, o jovem samurai lança um último olhar de despedida, contemplando seu oponente desfalecido, ao tempo que sacode a poeira de suas vestes, e enquanto se afasta lentamente do cenário da luta, pensa consigo mesmo:

“Só mentes guerreiras mais evoluídas são privilegiadas e capazes de sentir tristeza e respeito pelo adversário, depois de uma vitória”.

A dedicação, os ensinamentos e toda a preparação que adquirirmos ao longo da vida, certamente será em vão, se não tratarmos com ética e com respeito, a participação dos nossos oponentes nos embates das nossas batalhas, configurando-se o achincalhamento e o desprezo, como atitudes desastrosas, que nos reconduzirão a novos enfrentamentos e em condições sempre desfavoráveis.

 Ivo Solanho é aluno da 3ª fase do curso de Direito da Universidade do Contestado (UnC) de Porto União