OPINIÃO: Foco nos resultados

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Atualizado há 8 anos

Ainda estamos atrasados quando se fala em gestão e eficiência no trabalho. Tanto que, em vez de discutir meios de melhorar a nossa produtividade, estamos debatendo a reforma trabalhista. O objetivo não é aumentar o volume de trabalho. O que defendo é a necessidade de melhorar os resultados do que fazemos: esse é o verdadeiro conceito de produtividade.

O desafio é o mesmo na esfera pública. Os governos em geral já gastam mais da metade do que arrecadam em impostos com a folha de pagamento de servidores. Em Santa Catarina, os gastos com pessoal aumentaram R$ 5 bilhões entre 2011 e 2015, uma evolução de 56%. Não há mais espaço para aumentar tributos, mas há uma pressão diária de sindicatos para novas contratações. Como fechar essa conta? Precisamos fazer mais com menos gente e sem sobrecarregar ninguém.  É possível.

Especialistas em gestão apontam três saídas: capacitação, melhoria de processos e adoção de tecnologias, todas interligadas. Em resumo, se o servidor estiver bem treinado para fazer seu trabalho e usar processos eficientes com o apoio de sistemas tecnológicos (por exemplo, o pregão eletrônico), a consequência imediata é um ganho de produtividade e de qualidade no trabalho.

Defendo ainda um quarto fator para aumentar a produtividade: a meritocracia. Premiar servidores de acordo com os resultados é o caminho para oferecer serviços de qualidade sem aumentar os gastos com a folha. Passar num concurso público não pode ser o único mérito de um servidor. É só o primeiro. Todos os dias devemos mostrar para nós mesmos e nossos patrões – os cidadãos – a importância do nosso trabalho. E a melhor maneira é oferecer bons serviços públicos.

Ainda existe a crença de que não há como medir o desempenho do servidor público objetivamente. Eu discordo. Não há melhor mérito que saber que você cumpre a função pela qual foi contratado. E aqui está o ponto de partida para estabelecer as metas e os critérios de avaliação do desempenho. Qual é a missão de um auditor fiscal? Arrecadar impostos e recuperar tributos sonegados. E de um policial? Garantir a segurança. E do professor? Que os alunos aprendam. Não se trata de implantar um “sistema de cobrança”.

Na esfera pública, o lucro é a satisfação do cidadão. Esse deve ser o principal objetivo de uma gestão por resultados.

Antonio Gavazzoni é secretário de Estado da Fazenda e doutor em Direito Público (contatogavazzoni@gmail.com)