Fonte – Acervo do Colégio Santos Anjos.
Frei Rogério Neuhaus chegou a Paróquia Nossa Senhora das Vitórias, em Porto União, no ano de 1914, e teve muitos desafios em sua ação pastoral. Precisou enfrentar as populações enfurecidas mediante o Conflito do Contestado que se instaurara (1912-1916). O Bispo Dom João Braga de Curitiba, em 1914 escreveu: “Logo a caminho se fez o emissário da paz, e no decorrer de pouco mais de um mez, alcançou de maneira louvabilíssima, afastar do movimento, grande número de homens e salvaguardar dezenas de famílias.
Há poucos dias, porém, ao dirigir-se o digno sacerdote a um novo reduto, alvejado se viu por tiros que logo prostraram o animal que montava, o companheiro. Teve reiterado o pedido de que lícito lhe fosse expor ao que vinha, por única resposta obteve nova e segunda descarga, que providencialmente não o atingiu” (Livro Tombo I, p. 15 – 15 verso). E o Bispo, ainda prosseguiu: “Faz-se mister a oração, […] que em todas as igrejas e aquellas onde habitualmente se conservam as Sagradas Espécies, se façam perante o Augustíssimo Sacramento, e junto preces fervorosas, constantes da recitação do Terço, do Rosário e das lidas ao Santíssimo Coração de Jesus e de Todos os Santos no intuito de alcançarmos as graças do Alto.
Que disponham as armas os perturbadores da ordem, que possam voltar aos seus lares as famílias foragidas, que corações generosos encontrem a paz. Quantos, em meio do honrado trabalho, viram incendiadas as suas casas, as suas plantações devastadas, aniquilados os seus haveres, restando-lhes tão só, a extrema pobreza em cujos braços agora se debatem. Faz-se mister a oração. Fervorosa seja, portanto a nossa oração para que dado nos seja alcançarmos e obtermos que, nos territórios impregnados dos dois Estados irmãos, Paraná e Santa Catarina, rebrilhem a tranquilidade, a bonança e a ordem, a partir d’estes dias em que todos nós apontamos para a anual e sempre querida comemoração de Natal de Jesus, Deus da Paz, Deus da caridade. Dado e passado na Nossa residência Episcopal de Curityba, aos 7 de dezembro de 1914. Dom João, Bispo Diocesano” (Livro Tombo I, p. 15). Esse registro do Bispo revela a preocupação com as famílias afetadas pelo Conflito, e a urgente necessidade da comunidade unir-se em oração.
As ações de Frei Rogério continuaram com a visita às comunidades rurais, realização de casamentos, batizados, confissões, primeiras comunhões, reconstrução da Capela de São Pedro dos Tócos, em 1915 (atual Bairro São Pedro – Porto União – SC), continuação das obras da Matriz, construção de várias outras capelas, acolhida das Irmãs Servas Missionárias do Espírito Santo (1917) para a criação de um colégio para as meninas, entre outras.
Quanto à chegada das irmãs Dom João Braga, Bispo de Curitiba, assim se manifesta: “Aos treze de Abril de mil novecentos e dezessete chegaram a esta parochia as três primeiras Irmãs da congregação das Servas do Divino Espírito Santo; foram bem recebidas na Estação por várias senhoras e donzellas e meninas que acompanharam-nas até a Matriz, onde foi celebrada a Santa Missa em agradecimento da feliz chegada das beneméritas irmãs. Aos dezesseis de Abril o Rev. Vigário Frei Rogério Neuhaus ofm, celebrou uma Missa em honra do Divino Espírito Santo para cobrir de bençams o novo Collégio; em seguida foi benzer solenemmente a escola; o novo Collégio é dedicado aos Santos Anjos que devem velar sobre as Irmãs e alunas” (Livro Tombo I, p. 28). Essas foram as iniciativas de Frei Rogério e de seus colaboradores, uma notável vontade de implantar a evangelização proposta por Jesus Cristo: “Ide a todos os povos anunciar o Evangelho” (Mc 16,15), esse foi e continua sendo o apelo de Jesus, para todos os batizados. E foi o que fez Frei Rogério Neuhaus em Porto União.
Roseli B. Klein
(PASCOM – Pastoral da Comunicação da Paróquia Nossa Senhora das Vitórias – Porto União – SC)