Cineclubes: uma opção para quem gosta da arte cinematográfica

No Vale do Iguaçu, Cineclub Agulheiros 310 se reúne há pouco mais de um ano para assistir e conversar sobre filmes consagrados

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Atualizado há 6 anos

O cinema, desde seu nascimento, encantou o público. Se no início a imagem em movimento foi um espetáculo para os olhos, hoje o que encanta vai além das produções e histórias. Roteiro, personagens, autores e atores são motivos de análises apaixonadas, técnicas e sociais. Para isso, os amantes do cinema se unem em Clubes. O cineclubismo surgiu nos anos 1920 na França. No Brasil, ele surge em 1929 com o Cineclube ChaplinClub, no Rio de Janeiro. Um Cine Clube é formado por pessoas que têm um interesse em cinema. Porém, o interesse vai além de somente assistir filmes. São pessoas unidas pelo gosto da arte cinematográfica, dispostas a discutir e refletir sobre a produção, que se reúnem para assistir a filmes consagrados (ou não) pela crítica, mas que são antigos e estão em domínio público. A proposta é que, depois de assistir, haja uma conversa sobre o que foi visto.  “Nessa conversa, muitas vezes somos capazes de ver coisas do filme sob o olhar do outro, pois não havíamos percebido determinado aspecto. É uma partilha de impressões”, esclarece Jéssica Orth, uma das participantes assíduas do Cineclube de União da Vitória. Seu Clube se chama ‘Agulheiro 310’. Um nome curioso, mas com significados bem fortes.

Jéssica explica que “Agulheiro” tem origem em uma inspiração literária. O autor José Lins do Rego chamava o guarda-chaves de uma estação de trem de agulheiro. “Guarda-chaves era a pessoa encarregada de cuidar dos trilhos do trem, quando precisava mudar a rota dos trilhos. Ele manejava as chaves nos desvios das linhas. Como nosso Cineclube acontece na estação de trem, nada mais adequado que ter um nome desses”, explica. Já o “310” é uma homenagem a Maria Fumaça, símbolo histórico da ferrovia em União da Vitória.

A ideia do Cineclub Agulheiro 310 surgiu há pouco mais de um ano entre um grupo de amigos que amam cinema e são conhecedores dessa arte. Nas conversas informais surgiu a vontade de compartilhar a paixão. “O objetivo principal do projeto é levar a arte do cinema para mais pessoas, que por algum motivo não tem acesso a esses filmes, ou até têm, mas não tem oportunidade de compartilhar as suas impressões”, define Jéssica. Ela conta que nos últimos encontros o tema “terror” norteou a escolha dos filmes. E o aprendizado foi intenso. “Pudemos ter a dimensão das mudanças da história do cinema em relação aos filmes de horror. Fazer uma ponte entre os filmes de diferentes épocas e perceber que o público mudou também. A reflexão que não cala é sobre como o nosso imaginário secular foi afetado e hoje pouca coisa realmente nos assusta. É preciso ser algo muito chocante para haver nosso espanto e isso, no século passado, não era assim”, detalha, mostrando o quanto é possível aprender e fazer análises culturais e socais por meio de filmes.

Quem pode participar do Cineclub

Qualquer pessoa interessada em cinema. Também os que querem conhecer mais a respeito dessa arte. Segundo Jéssica, ela aprende muito a cada sessão, não só sobre cinema, mas outras áreas. “Buscamos não focar em questões ideológicas, falamos da arte pela arte e por isso é muito enriquecedor. Hoje, ainda temos um público pequeno, cerca de dez pessoas”, conta. Mas a ideia é que mais pessoas ingressem ao Clube, que é gratuito. As sessões acontecem quinzenalmente, sempre aos sábados, na Estação União. O horário pode variar, mas sempre é divulgado com antecedência.

Sessão gratuita é nesse sábado

O Cineclube Agulheiro 310 e a Secretaria de Cultura de União da Vitória vão apresentar nesse sábado, 15, às 20h, o filme Laranja Mecânica. A produção é de 1971 e foi dirigido pelo renomado diretor e roteirista americano Stanley Kubrick. O filme é uma adaptação do livro que leva o mesmo título, escrito por Anthony Burgess, e conta a história de jovens que passam as noites em uma gangue de amigos que gostam de violência. Porém, o chefe da gangue é preso e é submetido a uma técnica de modificação de comportamento para poder ganhar sua liberdade. A entrada no evento, que acontece no auditório da Estação União, é gratuita e a classificação é 18 anos.