Edital prevê abertura de cinemas em cidades sem salas

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Atualizado há 7 anos

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Obras já estão em andamento no Cine Luz

O edital do programa Cinema da Cidade da Agência Nacional do Cinema (Ancine) prevê o aporte de R$ 8,3 milhões do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) para a construção de salas de cinema pelos estados, que devem repassar uma contrapartida de pelo menos R$ 2 milhões pelos estados. O período de inscrição vai até 7 de julho.

“É fundamental para o desenvolvimento do audiovisual brasileiro a ampliação das parcerias e dos investimentos de governos locais. Ampliar o parque exibidor significa mais brasileiros tendo acesso a entretenimento, à cultura e maior circulação da produção nacional. Convidamos os estados brasileiros para essa ação conjunta”, diz a diretora-presidente em exercício da Ancine, Debora Ivanov.

Apesar do crescimento expressivo do parque exibidor e da gradual interiorização, quase 60 milhões de brasileiros ainda vivem em municípios com mais de 20 mil habitantes sem nenhuma sala de cinema. Metade deles em cidades com mais de 50 mil habitantes, estrutura demográfica que seria favorável à sustentação de ao menos um complexo.

Sala e bombonière

O foco dos investimentos serão os 1.402 municípios com mais de 20 mil habitantes sem salas de cinema em operação nem projeto anunciado para implantação. Também poderão ser apresentadas propostas para digitalização de cinemas públicos em operação ou reforma de cinema sob risco de fechamento, quando for o único complexo localizado naquelas cidades.
Como padrão, os complexos terão duas salas de cinema, além de espaços administrativos e bombonière.

Conforme o espaço disponível e a necessidade de cada município, poderão ser acrescentados sala multiuso e boxes comerciais. Para além das atividades de oferta de exibição de filmes, as salas poderão ser utilizadas para prestação de serviços que envolvam o audiovisual, tais como ensino a distância, videoconferência, e outras atividades que promovam o desenvolvimento da cultura.

Os recursos previstos para este ano serão destinados à implantação de cinemas em pelo menos três municípios de cada estado proponente. Poderão manifestar interesse em parceria com o FSA os órgãos da administração pública direta estadual, assim como as fundações, autarquias e empresas públicas a ela vinculadas.

Mais próximo

O Programa Cinema Perto de Você foi criado com o objetivo de ampliar o mercado interno de cinema e acelerar a implantação de salas em todo o Brasil. Ele é gerenciado pela Ancine em parceria com o BNDES, agente financeiro das linhas de crédito e financiamento. O objetivo é fortalecer as empresas do setor, apoiando a expansão do parque exibidor e sua atualização tecnológica, e assim facilitar o acesso da população às obras audiovisuais por meio da abertura de salas em cidades de porte médio e bairros populares das grandes cidades.

No Vale do Iguaçu, o Cine Luz

Em União da Vitória, o Cine Luz não vai mais servir à comunidade como cinema. Pelo menos, não no circuito comercial. Segundo o vice-reitor do Centro Universitário de União da Vitória (Uniuv), Lúcio Passos, longas e curtas poderão ser exibidos, mas dentro de um modelo alternativo, em eventos ou datas especiais. A Uniuv assumiu o trabalho de restauração do imóvel – e também de toda a programação e novidades – há um ano. Ela tem a cessão de uso do prédio por dez anos. “Não temos como concorrer com o cinema da Havan, por exemplo. Mas para o circuito alternativo é possível sim”, confirma Passos.

De qualquer maneira, o anfiteatro deve ser reaberto ainda neste ano – ainda que no final dele, segundo o planejamento de execução de ações da Uniuv. Conforme o vice-reitor, a demora em abrir as portas de novo é fruto das condições em que a instituição recebeu o patrimônio. “Total abandono, muita sujeira, poeira. Ficou dois anos fechado, sem manutenção”, destaca Passos. Logo, até colocar tudo – ou quase tudo – no lugar, demorou mais do que o previsto.

Mesmo assim, o projeto anda. Na semana passada, por exemplo, a equipe que cuida da restauração entregou a versão final do projeto. A equipe do patrimônio histórico do Paraná pediu 15 dias para a aprovação do documento. “Eles aprovando isso, a gente pode abrir o processo de edital para empresas de restauração. É um edital complexo, onde a empresa precisa mostrar acervo de restauro, preços”, lembra o vice-reitor. “Queremos abrir esse ano. É nosso compromisso com a comunidade”, garante.