ESPAÇO CULTURAL: Fio de Bigode

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Atualizado há 8 anos

Quem nunca ouviu falar em “fio de bigode”?

Não daquele pelo que junto a outros emoldura a boca do homem.

Bigode, uso que através dos tempos, dos modismos masculinos mudou sua estética. Mas falo da simbologia da expressão que se deu ao “fio de bigode”.

Acompanhamos alguns famosos bigodes que podem ser citados como exemplo, em função de sua popularidade e favorecidos pela genética: os dos bigodes mexicanos como o de Pedro Almendáriz em “Viva Zapata”, dos alinhados americanos tipo, Clark Grable galã de “O vento levou”, de tantos políticos brasileiros como José Sarney, do senador Waldir Maranhão e tantos outros bigodes de diferentes classes sociais.

Independente dos fios propriamente ditos, acessórios de beleza que sem muito cuidado podem ficar engomados pelo caldo de uma sopa, vamos abordar aqui o “fio de bigode” como exemplo de honradez, hombridade, empenho da palavra antes e depois de acertos em compromissos, em cumprimento de ações.

Ah o fio de bigode! Ele deveria se fazer valer em quantas conversações, em várias situações e nos momentos importantes da vida de cada um.
Como tal deixou de existir há muito, muito tempo.

Especialmente na classe política, cuja missão é de representar o povo de um município, estado ou país, pois desaparece a veracidade daquilo que apregoa com o que faz.

Promessas revelam um descumprimento por falta de lealdade, honradez, empenho na palavra dada.

Antes de assumir cargos públicos que lhes conferem certos comandos, são mesuras, mesuras e promessas para com aqueles que nele, no político, acreditaram e o ajudaram a construir uma imagem de homem cuja palavra tem validade do “fio de bigode”.

Até aí pode ser que haja alguma justificativa para o desenlace do compromisso: o parceiro preterido pode não ter a qualificação para o que dele se espera ou há uma obediência quanto ao partido a que está filiado.

Pior e inaceitável é prometer para alguém do mesmo partido, que possui qualificação tal a escolaridade, capacidade e a experiência naquilo que dele se espera.

Aí entra inclusive um princípio educacional que permeia desde a infância: prometeu, cumpra.

Político que tem em conta conveniências pessoais, círculo de amizade e pratica nepotismo, revela um caráter capaz de hipocrisia, falsidade, em fim, pessoa indigna de representar correligionários e o povo que nele confiou.

Felizmente há esperança atual, que a população, desde a mais jovem não acredite em promessas que vicejando nos discursos estão num plano de governo incompatível com aquilo que realmente podem ser executados, pois ficam só no papel.

Fio de bigode?

Pelos anos já vividos posso afirmar: somente se houver na simbologia de valores morais, espirituais e para aquele que os coloca como meta de um trabalho probo e profícuo.

Se a grande leva de políticos, interpretasse inteligentemente o lema de nossa Bandeira Nacional e o colocasse nas suas ações, a velha expressão “fio de bigode” valeria tanto quanto montes e montes de papel assinados somente como promessas sem previsão de tempo e de concreta execução.

Costumo dizer que agir para cumprir há de se colocar “pão-pão, queijo-queijo”.

Político confiável não se vale daqueles que o ajudaram, como um trampolim, um degrau para satisfazer sua ambição.
Em todo o trabalho de carreira profissional o conceito “bom” carece de atitudes concretas. Não de poucas, mas constantemente em diferentes situações.

Personalidade política, principalmente, constrói-se no dia a dia. Não somente em determinadas épocas.

Almejar um “lugar no pódio” é direito de todos. Chegar a ele é para aqueles que constroem sua carreira sem pretender conveniências pessoais seja por qualquer via.

Em nossos dias, onde a ambição permeia de tal forma entre tantos na vida política, devemos pensar no “fio de bigode”, para aplaudir num gesto de reconhecimento e finalmente, fazer a escolha para nos representar.