MÚSICA: Qualidade nas apresentações, acima de tudo

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Atualizado há 7 anos

OrquestraXSIMO SIM nasceu dos muitos “nãos” que o maestro autodidata Marcelo Storck recebeu ao longo de 30 anos de regência. A fundação é de 2011, mas bem antes disso, Storck já trilhava um caminho musical intenso.

Ainda adolescente, herdou a Fanfarra do Colégio Lauro Müller Soares, de União da Vitória. Na época, ele atuava como músico da Fanfarra do Colégio Santos Anjos, de Porto União. “Fui indicado pelo maestro do Lauro Müller, mas por ter apenas 14 anos não pude assumir o trabalho”, conta.

Em 86, finalmente, pegou a batuta. De lá e da banda do Colégio São José. Até 92, Storck passeou e trabalhou nas composições dos colégios Bernardina Schleder e Balduíno Cardoso. Conquistou prêmios e reconhecimento – só no Santos Anjos foram 19 anos, a pontuação quase neste tempo todo entre as melhores do País e a evolução, em 2006, para banda sinfônica. No último ano da gestão do então prefeito de Porto União, Ary Carneiro Júnior, fundou a banda Cadência. O projeto acabou sem continuidade. “E no Santos Anjos paramos com o projeto porque ele transcendeu as expectativas. A escola estava com problemas na área física onde estava a banda. Decidimos paralisar ali o projeto”, lembra.

Para equilibrar a vontade a vocação cultural com a possibilidade de viver sem bloqueios, Storck projetou e fundou o Instituto SIM, um trocadilho aos “nãos” que a vida lhe deu, mas que acabou casando bem com o propósito dele. “Trabalhei como voluntário, conseguimos o espaço em um dos armazéns da Estação e estamos ali desde 2012”, conta.

Hoje, segundo Storck, o SIM tem apoio apenas da prefeitura de União da Vitória. Ministra aulas de percussão, de sopro e de cordas. Igualmente como a Emílio Taboada, não cobra pelo que ensina, tampouco exige conhecimento ou instrumento musical de quem tem interesse em fazer parte do grupo. São, ao todo, 56 membros que, juntos, trabalham bastante para “subir” na escala: até o final do ano, a intenção é migrar de banda sinfônica para orquestra sinfônica, um salto que exige qualidade e esforço. “Meu time já mostrou do que é capaz e se eu lidei nestes 30 anos com a falta de apoio, já me acostumei, mas o que me deixa desmotivado hoje, é o boicote que a administração fez com o nosso Instituto. Uma coisa é não ter apoio, outra coisa é prejudicar. Isso é prevaricação”, desabada.

MarceloXStorck
“Tenho defeitos, sou humano, mas tudo é para tentar fazer o melhor possível. Tento ser melhor que ontem” – Marcelo Storck

De acordo com Storck, o SIM não recebe mais ajuda da prefeitura de Porto União e sofre com as constantes tentativas municipais pela retirada do Instituto de onde está. “Sei que não sou fácil, mas sou uma pessoa posicionada. Se em 2017, quem quer esteja na prefeitura, não nos der condições mínima de trabalho, este ou aquele município não vai ter. Se nossa diretoria não concordar, me desligo da Instituição. Se a falta de apoio é por conta do Marcelo, eu até me distancio, mas não é lógico que numa Instituição que tem oito professores, quatro destes formados e que produzem um material fantástico, não tenha apoio”, completa. “Vou deixar uma história de luta, de trabalho, de não baixar a cabeça. Acho que a gente tem que fazer muito bem as coisas. Tenho defeitos, sou humano, mas tudo é para tentar fazer o melhor possível. Tento ser melhor que ontem”, sorri Storck.

O SIM é uma entidade de utilidade pública para ambas as cidades do Vale do Iguaçu e também em Santa Catarina.

ENSAIOS E INGRESSO

De segunda a sábado, sempre à tarde, no armazém da Estação União (o primeiro, próximo do Cine Ópera). Novos músicos são bem-vindos. As aulas são de graça e os instrumentos do próprio SIM.