Następny przystanek, Polska*

O título é de propósito! A próxima parada é a Polônia, e quem vai nos levar até lá é gente da terrinha

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Atualizado há 7 anos

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Palacio Real – Varsovia. (Foto: Sueli Gabski).

Um aviso: antes de começar a ler esta matéria não tente pronunciar algumas palavras, ou melhor, tente se você tem sangue polaco nas veias. Ok?

A Polônia não é um destino tão comum para intercâmbio. Em uma pesquisa bem rápida por algumas agências do Vale do Iguaçu, a preferência está no Canadá, por conta do dólar de lá ser um pouco mais barato, Estados Unidos e Irlanda, mesmo a moeda corrente sendo o euro.

Mas foi a Polônia, um país pequenino mas estratégico no meio dos grandes na União Europeia, que a publicitária Sueli Gabsk escolheu para morar durante um ano e respirar novos ares. “Indicaria [a Polônia] para quem busca desafios. A Polônia hoje é um destino muito procurado dentro da Europa para intercâmbios, por ser um destino barato comparado com outros países e muito seguro, considerada um dos países mais seguros do mundo. O inglês é utilizado nas universidades, e existe até a possibilidade de uma graduação com o idioma. Oportunidades não faltam, basta correr atrás.”

Na verdade, foi a Polônia que escolheu ela. Sueli descende de poloneses, é natural de Cruz Machado e quando morou em União da Vitória, trabalhou no Grupo Verde Vale de Comunicação um pouco antes de ir para terras estrangeiras. É formada em Publicidade e Propaganda pela Uniuv, e nunca havia morado fora até desembarcar na terra de seus ancestrais.

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Sueli Gabsk

A viagem começou a ser planejada em abril de 2015, assim que Sueli soube de sua seleção no programa da Fundação Dzielo Nowego Tysiaclecia.  A Fundação é católica, muito conhecida na Polônia, e atua com bolsas de estudo para jovens carentes no País, normalmente de cidades pequenas, que tem menos acesso à educação.

A publicitária foi selecionada para o projeto “Nostra Polonia”, que tem o objetivo de encontrar descendentes poloneses na América Latina, dando a possibilidade de estudos no País. Como Sueli é natural de Cruz Machado e por lá a maior parte da população descente de poloneses, teve contato com a língua desde criança dentro de casa mesmo. Por isso, a escolha foi quase que natural. “Eu sempre desejei fazer um intercâmbio, e já estava me preparando para isso, mas nunca tinha pensando na Polônia. Acho que foi o destino que me colocou lá. Hoje mais do que nunca acredito que nada acontece por acaso”, brinca.

Para se manter, Sueli recebeu apoio da Fundação com os estudos e um apoio financeiro mensal. Claro que o que recebia não era muito e por isso, teve de trabalhar em alguns “bicos” para pagar as viagens e outras atividades de lazer. E nessa hora vale quase tudo. “Foi assim comigo na Polônia, trabalhei como manicure e pedicuro, depilação, motorista, fiz estágio em rádio e por último em uma indústria farmacêutica. Esses ‘bicos’ me ajudaram a pagar as viagens. Fui preparada pra isso, disposta a aprender. Fui despida de qualquer forma de orgulho, humildemente expondo meus erros, para assim poder melhorar”, comenta.

Mas foi nos estudos que a publicitária manteve o foco. Ela passou um ano na Polônia. Foi fazer Pós-Graduação na área de administração (Administração para artistas, autores e animadores da cultura). As aulas em polonês e inglês colocaram todo o conhecimento de Sueli à prova. Apesar de ser descendente, ter bisavós que vieram para o Brasil ainda criança e uma família que fala polonês dentro de casa, a língua foi um dos grandes desafios. Por outro lado, viver num outro idioma não foi tão intimidador quanto o receio de morar fora do país e – ainda por cima – conhecer uma Europa sob ataques constantes de grupos extremistas – coisa que não é, nem de longe, comum em terras tupiniquins. Isso porque a publicitária, logo quando chegou, deu de cara com um continente todo em alerta. Eram refugiados tentando chegar a diversos países da Europa e o atentado em Paris. “Assim que cheguei, teve o atentado em Paris, é lógico que isso me deixou preocupada e me fez adiar alguns planos. Mas apesar de tudo me sentia muito segura, não vi nada suspeito nem na Polônia ou nos países que visitei. Logicamente evitava lugares tumultuados ou fechados, precaução nunca é demais”, lembra.

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Jardins Saxons – Varsovia

Aliás, a recepção dos poloneses surpreendeu Sueli e muito mais os poloneses, com as histórias de um Brasil bem mais plural que praias e carnaval. “Eles normalmente esperavam uma mulata que chegasse sambando e eu frustrava as expectativas deles”, sorri. “Infelizmente este é o estereótipo brasileiro. Eles conhecem o Rio de Janeiro, a Amazônia e as cobras gigantes [risos]. Procurei mostrar o verdadeiro Brasil, riquíssimo culturalmente”, conta. “Mas de forma geral sempre foram bons anfitriões, me recebiam em suas casas e eram curiosos, perguntavam de tudo, até sobre coisas bem simples. Ficavam admirados com a quantia de descendentes poloneses que o Brasil possui e ainda mais quando descobriam que ainda falam em polonês, e que isso foi passado de geração em geração”, completa.

* Próxima parada, Polônia

“Foi uma experiência muito importante. A Europa em si é encantadora e muito rica historicamente e culturalmente, vivenciar tudo isso de perto aumentou muito a minha bagagem, um valor impagável”

O mundo é incrível e muito mais acessível para não conhecer, pretendo sim visitar outros países em outros continentes, quem sabe um intercâmbio um pouco mais curto, com foco no inglês”

Lá e aqui!

Sair de casa é uma tarefa um tanto espinhosa. Você deixa seus costumes, comidas, amigos e família. Mas, é assim que você descobre – também – o quanto apaixonado pelo país de origem é. Não foi diferente com Sueli. Apesar de o comparativo ser difícil, e poder gerar impressões inadequadas, a publicitária não ficou imune a isso. “O que eu mudaria lá é a simpatia dos atendentes em supermercados, levaria alguns brasileiros para ensinar o que é atendimento de qualidade”, brinca. “O que eu mais sinto falta são os programas culturais, de ter algo acontecendo sempre e as pessoas participarem e valorizarem. Aqui no Brasil eu melhoraria a qualidade do transporte e o acesso à cultura e educação, sem falar da segurança, que é gritante, principalmente em grandes centros”, comenta.