PATRIMÔNIO: Rachadura no forro leva à interdição do Castelinho

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Atualizado há 5 anos

Prédio é de 1929 mas, segundo engenheiros, não corre risco de ruir
Prédio é de 1929 mas, segundo engenheiros, não corre risco de ruir

Completa um ano em fevereiro de 2018 a interdição da Casa Cultural Aníbal Khury, o popular Castelinho, em Porto União. Embora já se tenham passado nove meses, apenas agora a discreta medida parece realmente chamar a atenção da comunidade.

Em entrevista ao jornal O Comércio, o responsável pela Secretaria da Cultura e Turismo da cidade, Luiz Sérgio Buch, apresentou dois relatórios. Os documentos, que posteriormente foram levados ao prefeito Eliseu Mibach, narram a história do Castelinho bem como a decisão pela intervenção. Conforme Buch e um dos relatórios, em fevereiro deste ano, “vistoria realizada pela divisão técnica do IPHAN, observou-se que a edificação necessita de intervenção estando o ‘Castelinho’ em situação de maior urgência devido á rachaduras nos forros que ameaçam a perda de pintura, murais e adornos”.

“Este Castelinho foi construído em alvenaria, te uma estrutura fortíssima. Levei pessoalmente engenheiros lá e eles garantiram que não há risco do prédio ruir. Mas como foi constatado pelo IPHAN e pelos engenheiros do município, houve infiltração. No segundo pavimento, o forro é de estuque, que parece alvenaria. É uma casca, superficial. Por conta da infiltração, há rachaduras seríssimas, com risco de perder um valioso patrimônio”, completa Buch. A recomendação da equipe do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) é para que as melhorias no forro – e se preciso, na pintura – sejam feitas.

De acordo com Buch, uma funcionária da secretaria municipal iniciou a montagem de um projeto de restauração o que, concluído, seria apresentado à Fundação Catarinense de Cultura (FCC), já que o Castelinho é imóvel tombado pelo órgão desde 1998. “Só que não foi possível concluir o projeto em tempo hábil. Passou o prazo”, explica. Para tentar se enquadrar nos editais que apoiam projetos de restauração no Estado, a secretaria deve concluir o projeto a partir apenas de 2018, novamente. “E vamos atrás de outros recursos também. Acredito que o munícipio, com orçamento novo, deve investir ali”, pontua Buch.

Até lá, o Castelinho segue fechado ao público. Uma funcionária da limpeza abre o espaço toda semana, para que haja ventilação e organização do ambiente. “Quero deixar claro que ao mesmo tempo em que eu assumo a responsabilidade total pelo prédio estar fechado, não quero assumir o risco por deixar um acesso grande de pessoas que possa prejudicar um patrimônio bastante importante. Assumimos em fevereiro a secretaria e a meta principal eram os eventos do Centenário. Apenas agora me debrucei pessoalmente sobre a reestruturação de instituições e serviços”, fala.

A futura restauração do Castelinho parece puxar uma reforma geral, não apenas física, mas principalmente na política de funcionamento da Cultura em Porto União. O segundo relatório apresentado por Buch sugere a institucionalização da Cultura. “Como o próprio nome diz (institucionalização) é um processo de cristalização de procedimentos, de comportamentos, quer tenham ou não importância social relevante: aqui não se trata apenas de normas, mas também de significados, valores ou conhecimentos”, diz parte da redação. Buch afirma que isso vai além da criação de um Plano Municipal da Cultura, por exemplo. “Não aceitamos a exigência simples e oportunista de que o Castelinho tem que estar aberto sem os devidos cuidados ao Patrimônio Cultural, Arquitetônico e também, com relação a organização administrativas pública, logística e programas culturais”, afirma.

Para tudo isso, o responsável pela Pasta defende a readequação do Conselho das Políticas Públicas Culturais, a criação do Armazém da Memória e do Saber, a adequação do Museu Municipal e a realização de Conferência, para que a comunidade debata e pontue o que gostaria de vivenciar dentro da cultura local.

Para o Castelinho especificamente, a ideia é de criar um programa, como um calendário de eventos, que possa ser executado ao longo do ano e das gestões também.

Patrimônio

O Castelinho fica na esquina das ruas 15 de Novembro com a Coronel Belarmino, no centro de Porto União. Foi construído em 1929, por imigrantes alemães, como residência da família Weinand. O primeiro proprietário foi, portanto, o professor Weinand e sua esposa, Ely que ali, instalou a primeira Escola de Datilografia da cidade.

Com a morte do casal e de seus filhos, os netos venderam o prédio para o então deputado estadual, Aníbal Khury. Anos mais tarde, foi cedido ao município. O prédio é tombado também pela cidade, desde 1995. Em 2004, foi chamado e registrado como Casa Cultural Aníbal Khury.

No contexto araquidônico, o Castelinho tem estilo eclético e a delicadeza das pinturas das paredes – dai a preoupaçao e a interdição – registram em afresco, com tintas produzidas a partir de cactos, ovos e vinagre, flores, linhas e até o rosto de músicos clássicos.