Projeto para incentivo à arte das Pêssankas é premiado pelo Ministério da

Cada uma das propostas selecionados receberá R$ 20 mil para fortalecer a iniciativa. Projeto do Vale do Iguaçu é de Vilson Kotvski

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Atualizado há 5 anos

Foram divulgadas, nesta segunda-feira, 22, as 500 iniciativas populares vencedoras do Prêmio Culturas Populares 2018, do Ministério da Cultura (MinC). Cada um dos projetos selecionados, espalhados por todos os estados e o Distrito Federal, receberá R$ 20 mil, totalizando R$ 10 milhões em recursos. É o maior volume já disponibilizado pelo projeto, que em 2018 chega a sua sexta edição.

A ação tem como objetivo fortalecer as expressões culturais populares brasileiras, difundindo-as para além de seus limites territoriais.

Os 2.227 projetos inscritos neste ano foram avaliados por uma Comissão de Seleção, que analisou fatores como a contribuição sociocultural que a iniciativa traz às comunidades e a melhoria da qualidade de vida dessas comunidades a partir de suas práticas culturais, entre outros critérios.

relação das iniciativas escolhidas está disponível no Diário Oficial da União. Basta alguns cliques na lista para encontrar o nome do autor do projeto vencedor, de União da Vitória. É Vilson José Kotviski, do Grupo Folclórico Kalena, que na edição, conquistou o aporte para o projeto das Pêssankas. “É um momento muito especial e muito gratificante esse reconhecimento do Ministério da Cultura ao trabalho de preservação e difusão da cultura ucraniana através da Pêssanka! Ao longo dos anos, foram mais de mil alunos que já tiveram contato com elas, através do meu trabalho de ensino desta arte. Inclusive, vários destes acabaram se aprimorando e se tornando artesãos de referência de suas comunidades, então posso dizer que estou seguindo o caminho certo!  Hoje, além de artesão, sou reconhecido oficialmente como Mestre da Cultura Popular, dentro da arte das Pêssankas”, comenta.

No Prêmio, não há etapas, mas o Edital prevê uma contrapartida, que será executada no formato de oficinas de Pêssanka, realizadas em 2019. “Ao longo de 20 anos de ações na arte, foram mais de 50 oportunidades de cursos e oficinas onde mais de mil pessoas tiveram o contato e a vivência da arte milenar da Pêssanka. E eu sempre acreditei na necessidade de se passar o conhecimento tradicional de nossos antepassados e de que essa arte poderia gerar renda para as pessoas. Assim, associando a preservação cultural à geração de renda, eu teria um caminho para a manutenção da arte tradicional das Pêssankas em nossa comunidade”, comenta Kotviski.

Essa é a segunda grande conquista concreta do empreendedor. A primeira veio recentemente, com a criação do Núcleo de Artesãos de Pêssankas de Porto União. Dentro da entidade, além das oficinas sobre a arte de pintar os ovos (leia mais no quadro), várias exposições já aconteceram. “Onde conseguimos expor mil unidades e vendemos cerca de 70% do nosso trabalho” E já veio a segunda exposição, a terceira…”, comemora.

Premiação

O objetivo da iniciativa do Ministério da Cultura é fortalecer as expressões culturais populares brasileiras, retomando práticas populares em processo de esquecimento e que difundam as expressões populares para além dos limites de suas comunidades de origem. Exemplos dessas iniciativas são o cordel, a quadrilha, o maracatu, o jongo, o cortejo de afoxé, o bumba-meu-boi e o boi de mamão, entre outros.

As iniciativas foram analisadas por uma Comissão de Seleção que avaliou critérios como contribuição sociocultural que o projeto proporciona às comunidades; melhoria da qualidade de vida das comunidades a partir de suas práticas culturais; e impacto social e contribuição da atuação para a preservação da memória e para a manutenção das atividades dos grupos, entre outros.

Neste ano, a premiação homenageia a cantora pernambucana Selma do Coco (1929-2015). Nascida na cidade de Vitória de Santo Antão, Selma deixou como principal legado a sua contribuição para a consolidação do coco, ritmo típico do Nordeste brasileiro, como referência nacional. A artista gravou três álbuns e participou de festivais internacionais nos Estados Unidos e na Europa, além de ter ganhado o antigo Prêmio Sharp, hoje Prêmio da Música Brasileira.

PÊSSANKAS

O ovo pintado é de origem eslava e uma das maiores tradições do povo ucraniano e que na Páscoa, acaba ganhando mais visibilidade. A palavra pysaty, para Pêssanka significa escrever.

A arte tem milhares de anos, quando os ovos eram preparados para presentear divindades, no início da Primavera. Ela chegou ao Brasil pelos imigrantes ucranianos e, especialmente no Paraná, se desenvolveu, onde, segundo a Representação Central Ucraniano-Brasileira, está a maior concentração de descendentes ucranianos do País. Dos quase 500 mil descendentes ucranianos espalhados, cerca 400 mil residem no estado. Apenas em Curitiba, são 55 mil e o maior percentual está em Prudentópolis, onde fazem parte de 75% da população.

Os traços nos ovos, que podem ser de qualquer ave, são feitos com cera de abelha derretida e a pintura é feita por etapas. A gema e a clara são retiradas delicadamente através de uma seringa.