Inseminação artificial aumenta produção leiteira em São Mateus do Sul

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Atualizado há 9 anos

Aposta de pequenos e grandes proprietários de vacas leiteiras para aumentar a produção, a inseminação artificial em bovinos vem trazendo bons resultados para o setor agropecuário em São Mateus do Sul. Em mais de 25 anos, o Programa de Apoio à Inseminação Artificial para Bovinos Leiteiros (PIA) já realizou quase 14 mil inseminações em vacas de pequenos e grandes produtores são-mateuenses.

Além da produção para consumo familiar, o leite produzido em São Mateus do Sul é vendido atualmente para cinco cooperativas e indústrias de laticínios de grande porte, que realizam testes para aferir e garantir a qualidade do leite produzido no município. Atualmente, mais de 100 produtores são-mateuenses vendem o leite de suas fazendas para essas empresas, alguns deles chegando a produzir mais de 500 litros por dia.
A enfermeira aposentada Maria Rita Pereira Rutkowski decidiu investir na pecuária leiteira em 1999.

Naquela época, sua produção chegava a 300 litros de leite por dia. Com investimentos na infraestrutura de sua fazenda e, principalmente, no melhoramento genético de seu rebanho, Maria Rita conta que, 15 anos depois, sua produção diária de leite chega hoje a mil litros por dia. “Apostei na inseminação artificial para aumentar a produção. No início, a maioria das vacas produzia cerca de 20 litros de leite por dia. Hoje, as novas gerações nascidas de inseminação chegam a produzir o dobro”, relata.

MELHORAMENTO GENÉTICO

Determinante no aumento da produção leiteira em São Mateus do Sul, o Programa de Inseminação Artificial da Secretaria Municipal de Agricultura atende atualmente mais de 400 produtores do município. Desde que foi criado em 1989 o programa já realizou serviços em mais de mil propriedades de são-mateuenses. Além do material genético (sêmen) das principais raças leiteiras adaptadas ao clima da região (Holandês, Jersey e Pardo Suíço), o PIA oferece aos produtores assistência de técnicos capacitados na área reprodutiva de bovinos.

O veterinário Ernesto Ronconi, que trabalha com o programa há mais de 20 anos, conta que a produção de leite em São Mateus do Sul aumentou significativamente graças ao melhoramento genético dos rebanhos. Segundo o veterinário, isso acontece porque, ao inseminar uma vaca mestiça com sêmen de um touro puro, criteriosamente selecionado e de raça leiteira, são transferidos para a cria genes que vão dar condições para que a nova geração produza mais leite.

Com a inseminação, cada geração seguinte tem um ganho genético que aumenta seu potencial produtivo, explica Ernesto. A produção leiteira em São Mateus do Sul vem crescendo graças à melhoria da eficiência produtiva do rebanho dos nossos produtores a cada geração.
O veterinário conta que, em função dos bons resultados que a inseminação artificial vem trazendo em São Mateus do Sul, alguns produtores passaram recentemente a investir eles próprios em inseminação artificial em seus rebanhos, o que reduziu um pouco o número de inseminações realizadas pela prefeitura nos últimos três anos. “De 2011 para cá, alguns produtores que participavam do PIA passaram a comprar seus próprios botijões de nitrogênio, lotes de sêmen e realizaram treinamento para poder inseminar suas vacas por conta própria. Ou seja, a produção de seus rebanhos já está compensando esse investimento significativo em melhoramento genético”.

ALTERNATIVA

A maior parte dos participantes do Programa de Inseminação Artificial (PIA) da Prefeitura é composta por pequenos produtores, que produzem leite para subsistência ou comércio. Ernesto conta que a grande maioria deles, além da produção leiteira, investem também na plantação de fumo e cereais. “A produção de leite acaba sendo um complemento da renda mensal desses agricultores. A vantagem da inseminação artificial, nesses casos, é oportunizar aos pequenos produtores que eles utilizem os melhores touros das raças leiteiras e que não teriam condições de adquirir”, explica.

Além do incentivo à produção familiar e à fixação do produtor no meio rural, com melhores condições de vida e de trabalho, o investimento na melhoria genética dos rebanhos de pequenos produtores é estratégico, como explica Ernesto. “O Município arrecada mais impostos, o comércio ganha com a circulação do dinheiro, os produtores com a venda de animais e a comunidade com a geração de empregos”.

MAIS DE 25 ANOS DE HISTÓRIA

Criado em 1989 pelo Governo do Estado, o Programa de Apoio à Inseminação Artificial para Bovinos Leiteiros (PIA) foi inicialmente coordenado em São Mateus do Sul pela extinta Associação dos Pecuaristas da Região de São Mateus do Sul (APESUL). Na primeira metade da década de 90, o programa foi municipalizado e passou a ser responsabilidade da Prefeitura.

Hoje, a Prefeitura investe cerca de R$ 14 mil por ano, em recursos próprios da Secretaria Municipal de Agricultura, para a manutenção do programa e compra de sêmen e materiais e a aquisição quando necessário, de botijões de nitrogênio para armazenamento e transporte de material biológico.

“Além de potencializar a produção leiteira no município a partir da melhoria genética dos animais, o PIA tem um papel muito importante que é o da segurança familiar e nutricional das famílias das nossas comunidades rurais”, explica o Secretário Municipal de Agricultura, Beto Volochen. “Não são apenas os produtores que vendem leite para grandes indústrias que são beneficiados pelo programa. Todos podem participar e melhorar sua produção”.

Foto: Assessoria