Poupar desde a juventude pode garantir uma velhice tranquila

Lição de casa parece não ser unanimidade: de acordo com a SPC Brasil e CNDL, oito em cada dez brasileiros não se preparam para a aposentadoria

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Atualizado há 6 anos

As pessoas estão vivendo mais. Mas nem sempre melhor. Os dias tranquilos dentro de uma velhice sadia – hoje, gente idosa tem outro significado, aparência e estilo de vida – dependem do que se faz enquanto se é jovem. E isso envolve muito, desde cuidados com a saúde, com o corpo, quanto com o bolso. Sim, quem poupa agora poderá desfrutar de dias tranquilos, inclusive financeiramente.

Contudo, uma pesquisa recente do Serviço de Proteção ao Crédito Brasil (SPC) e da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que em cada dez brasileiros, oito não pensam na aposentadoria. Os números apontam que no País, 104,7 milhões de adultos não se preparam para este momento. A justificativa é o orçamento apertado. A pesquisa O Preparo para Aposentadoria no Brasil’ indica, ainda, que apenas 19% dos não-aposentados têm se preparado, percentual que aumenta para 25% entre os homens, 26% entre os mais velhos e 30% nas classes A e B.

Entre os que não se preparam para a aposentadoria, 47% afirmam que não sobra dinheiro no orçamento e 22% que estão desempregados. Outros 19% já começaram a guardar dinheiro com esse objetivo, porém não conseguiram continuar devido a problemas financeiros e 15% têm outros planos e prioridades.

Já entre os que começaram a se preparar, mas pararam de guardar dinheiro, os principais motivos foram os problemas financeiros (36%), desemprego (35%) e imprevistos pessoais e/ou familiares (29%). Entre estes entrevistados, 22% ainda têm o dinheiro, enquanto 77% já não têm mais – o dinheiro foi utilizado principalmente para pagamento de dívidas (52%), tratamento de saúde (17%) e compras (13%). A maioria dos que pararam de guardar dinheiro para a aposentadoria pretende voltar (92%), no entanto, 52% ainda não tem uma data definida para isso.

“Mas não importa o quanto você ganha, mas quanto você gasta”, avalia o economista, Roberto Farias Dunga, que atua na região do Vale do Iguaçu. Para ele, não é nada promissor o fato de que milhões de brasileiros estejam envelhecendo sem planejar o futuro ou pensar em como irão manter-se. “Nós brasileiros pensamos muito a curto prazo. O brasileiro vive numa recém crise econômica que aos poucos vem sendo solucionada, mas as pessoas pensam em trabalhar hoje para pagar hoje, e não numa tranquilidade financeira. Necessita-se de uma nova consciência do brasileiro”, pontua.

Farias também defende a regularidade dessa reserva e, para isso, faz alguns questionamentos. “A maior parte do dinheiro que não é guardado, é gasto com excessos, com compras que podem atrapalhar lá na frente. Já foram cinco meses neste ano: quanto desse dinheiro poderia ter sido reservado? Quanto por cento você consegue guardar? Quanta coisa você comprou que não precisava? Precisamos comprar o que precisa. Não precisa comprar no impulso, no reflexo”, diz. A reserva financeira precisa ser planejada e ter um hábito mensal. É importante definir um valor, fazer as contas e ver se a quantia economizada será suficiente para atingir o valor da aposentadoria pretendido pela pessoa no futuro. “A nossa velhice, o sucesso dela, depende das escolhas que fazemos agora”, completa.

Outros números

Para parte dos entrevistados que têm outros planos que não englobam reserva para aposentadoria, 56% priorizam a compra da casa própria, 44% os estudos e 27% a compra de um carro. Setenta e sete por cento tem como meta guardar dinheiro para a aposentadoria. A média do valor reservado é de R$ 371. A pesquisa identificou os meios mais comuns para se preparar para a aposentadoria. São eles: a aplicação em poupança (39%), INSS pago pela empresa (30%) e INSS pago por conta própria (23%).

Entre os que se preparam para a aposentadoria, 87% afirmam possuir o hábito de fazer reserva financeira para outras finalidades além da aposentadoria, sendo que 49% têm dinheiro guardado para imprevistos e 29% para fazer viagens.

Cerca de 28% dizem saber qual o valor que terão disponível ao se aposentar e 33% acreditam que o valor que está economizando será suficiente para a aposentadoria no futuro. Quatro em cada dez (43%) consideram que o valor que poupam para a aposentadoria aumentou nos últimos dois anos, 41% que ele permaneceu o mesmo e apenas 10% que ele diminuiu.

Brasileiros pretendem se aposentar aos 61 anos

De acordo com o levantamento, a idade média em que os entrevistados começaram a poupar para a aposentadoria é 28 anos. Em média, os entrevistados pretendem parar de trabalhar e se aposentar aos 61 anos, entretanto, outros 21% pretendem continuar trabalhando de forma integral ou parcial, principalmente porque querem se manter ativos (60%) ou por gostarem do seu trabalho (18%). Já entre os que pretendem parar de trabalhar quando se aposentarem, 60% pretendem ter um período de transição até a aposentadoria.

As principais atividades planejadas para o período da aposentadoria são viajar (60%), passar mais tempo com os amigos e a família (50%) e ter novos passatempos (42%).