União da Vitória registra queda na inadimplência

Números do CDL confirmam. Lojistas mais rigorosos com a abertura de crédito e clientes mais conscientes com os gastos podem ter auxiliado para a redução

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Atualizado há 8 anos

O Brasil começou o ano rodeado de problemas, e isso em diversas pastas. A que mais cresceu, também impulsionada pelo aumento do desemprego, foi a economia. Conforme mostrou a Serasa Experian, logo no início do ano, 59 milhões de pessoas estavam com contas em atraso. O maior nível desde o início da série iniciada em 2012.

O dado aponta um aumento de quase 5 milhões de pessoas, ou 9,1%, em relação a janeiro do ano passado, no número de indivíduos com atraso de pelo menos 60 dias em algum compromisso financeiro.

Em volume financeiro, as dívidas em atraso, que incluem as financeiras como cartões de crédito, além de prestações de compras no comércio e mensalidades de serviços públicos (luz, água, telefone) chegam a 255 bilhões de reais.

Só que na contramão desse aumento está União da Vitória. Por aqui, conforme dados da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) houve uma redução de 15,95% na inadimplência, com relação ao mesmo período do ano passado – entre janeiro a julho. Isso representa que no período de janeiro a julho do ano passado foram feitas 6.264 inclusões, contra 5.252 inclusões no mesmo período deste ano.

Já o cancelamento de clientes que quitaram suas dívidas que estavam registradas no SPC, foram 3,46% menos exclusões em relação ao ano anterior. No ano passado, neste mesmo período, 4.230 pessoas entraram para a lista de “cancelamentos”, neste ano 4.373 pessoas fazem parte dessa lista.

No entanto, a avaliação é positiva, pontua o secretário da CDL, Edson Kinal. “Os lojistas têm sido mais criteriosos na hora da abertura de crédito”, argumenta como uma das possibilidades de redução. Além disso, conforme o secretário, o consumidor também tem se preocupado mais numa compra consciente. Na hora da compra ou vai com o valor total em dinheiro ou evita comprar em parcelas a longo prazo, até mesmo no cartão de crédito.

União também acompanha outra avaliação bem positiva da Serasa. A cidade faz parte de uma das regiões menos inadimplentes do País. Em um levantamento inédito a Serasa Experian traçou o Mapa da Inadimplência no País referente ao primeiro semestre do ano. O estudo, realizado de forma abrangente, tomou como base todos os municípios brasileiros com população acima de 1.000 habitantes, revelando que existem diferentes índices de inadimplência de acordo com a maneira que o tema é avaliado – por cidades e regiões brasileiras. No caso da região Sul o índice é de 22,4%. O menor em todo o País.

Quando são avaliadas as dívidas atrasadas há mais de 90 dias e com valores acima de R$ 200, os inadimplentes totalizam 35 milhões de pessoas, o equivalente a 24,5% da população.

A região que concentra mais inadimplentes é a Norte, atingindo 31,1% da população, seguida pelo Centro-Oeste, com 26,4%.

Em seguida, vem a região Sudeste com 24,5% e a Nordeste, com 23,6%. Segundo economistas da Serasa Experian, o interior do Nordeste possui baixo índice de inadimplência pois grande parte dessa população ainda não possui acesso ao crédito, o que resulta em poucos endividados em relação ao tamanho da população. A região Sul é a que menos apresenta inadimplentes: 22,4% da população se encontram nessa situação.

Ainda sobre o mapeamento

A pesquisa também avaliou a inadimplência por idade. A faixa etária mais representativa é entre 26-30 anos, onde a taxa de inadimplentes chega a 29,9%. Em seguida, estão inadimplentes 29,3% dos consumidores entre 31-35 anos, seguidos por pessoas com idades entre 36 e 40 anos, com 28,2% de inadimplência, e o grupo entre 18 e 25 anos, com pouquíssima diferença – a taxa é de 28,1%. A inadimplência diminuiu, segundo o estudo, à medida que a idade aumenta: acima de 70 anos, a taxa é de 10,3%.

Motivos da inadimplência

Em pesquisa não tão recente do Banco Central, mas não menos pertinente, mostra que fatos inesperados, falta de planejamento e empréstimo para outra pessoa são os principais motivos citados por consumidores para início do endividamento excessivo. De acordo com o estudo de 2014, entre os fatos inesperados que levam ao endividamento, os participantes citaram perda de emprego, doença própria ou de alguém da família, morte do responsável pela renda da casa, gravidez não programada e separação conjugal. Com relação à falta de planejamento, os consumidores mencionaram a realização de compras ou abertura de crediário por impulso. Eles disseram acreditar que as linhas de crédito são benéficas, se utilizadas de forma consciente.

De acordo com o BC, muitos entrevistados reconheceram ser os principais responsáveis pela situação de endividamento, mas consideram que as instituições financeiras também têm sua parcela de culpa. Alguns entrevistados mencionaram que a oferta de crédito esconde “armadilhas”.

E, de fato, escondem. Em outro estudo apresentado há dez anos por Cláudia Forte, na Universidade de São Paulo, mostra que os programas de microcrédito oferecem a realidade que muitas pessoas, que cresceram em situações emergentes ou na classe média baixa ou classe pobre brasileira, encontraram para “realizar sonhos” ou manter uma condição de vida mais confortável em comparação a qual cresceu. Em outras situações as famílias encontram no crédito fácil um atendimento de saúde com mais qualidade ou os estudos que não conseguem numa instituição pública. Com essa facilidade de abertura de crédito e com compras a prazo, é onde se escondem as armadilhas daqueles que não se atém ao planejamento orçamentário da família.

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