Casa Familiar Rural de União da Vitória começa em março

Força tarefa entre três municípios busca por mais alunos. Estrutura está pronta e irá fornecer curso técnico em agricultura

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Atualizado há 8 anos

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Chefe do Núcleo Regional de Educação, Ricardo Brugnago. (Foto: Bruna Kobus).

Um projeto ambicioso. Num trâmite que demoraria cerca de um ano, o Núcleo Regional de Educação (NRE) de União da Vitória conseguiu em apenas um mês. A dedicação e empenho do chefe do NRE, Ricardo Brugnago, foi tamanha que representantes da Secretaria Estadual de Educação (Seed) do Paraná chegaram a vir, pessoalmente, à cidade para entender a importância do pedido de uma Casa Familiar Rural (CFR). Só que tanto empenho está na berlinda da falta da procura.

Ontem pela manhã, no auditório do Núcleo, prefeitos, secretários de Educação e representantes da Emater se reuniram numa força tarefa: atrair alunos para a primeira Casa Familiar Rural de União da Vitória. A escola está pronta, os recursos a caminho e os utensílios preparados para serem instalados, contudo, a falta de alunos preocupa a chefia. “Estamos na contramão da maior parte do cenário do Estado em que escolas foram cogitadas a fechar. Nós estamos inaugurando uma”, dispara. “Queremos manter o aluno no campo. A Casa Familiar Rural tem uma modalidade de ensino particularmente importante. É uma alternativa para o aluno sair com uma formação tecnológica para atuar diretamente no mercado, assim como em sua propriedade”, comenta Brugnago.

Os resultados promissores das CFRs podem ser observados próximo daqui, no município de Cruz Machado. Por lá a Casa Familiar é exemplo de como o ingresso de alunos que vem do meio rural pode mudar toda uma cadeia familiar. “Nós temos uma região essencialmente agrícola, em outras cidades já houve uma mudança e uma perspectiva de crescimento com o retorno do filho da Casa. O filho volta para sua propriedade e aumenta a renda da família.”

IMG_8936A Casa precisa, ao menos, 30 alunos para que a Seed não comece a “repensar” o investimento. Com isso os municípios de Porto Vitória e Paula Freitas também compõe essa força tarefa. “Em definitivo são municípios que também tem características de interior. Uma Casa Familiar para municípios menores e a atratividade se torna maior com essa união de forças”, comenta. “Oferece uma diversidade melhor e troca de cultura entre os municípios”, completa Brugnago.

Para o prefeito de Paula Freitas, Mauro Feliz, o problema da falta de demanda não estava nos planos da administração. “Era um projeto muito esperado, mas a partir de hoje nós vamos trabalhar diferente no município, oferecer mais informações sobre a Casa, para que a gente possa ter o mais rápido possível todas as inscrições.”

Já Porto Vitória se comprometeu em realizar visitas diretamente aos produtores rurais para “vender” a ideia da Casa. “Cada um que se inscrever na Secretaria de Educação da cidade nós já vamos marcar uma visita para colocar como vai ser a metodologia dessas aulas de alternância”, declarou a prefeita, Marisa Ilkiv.

O vice-prefeito e ex-chefe do Núcleo, Jair Brugnago, também esteve presente representando a Administração Municipal e reforçou a importância de uma CFR. “Uma vez que o aluno se formará em técnico agrícola, num prazo de três anos, podendo auxiliar a família de um modo geral. Porque esse curso faz com que a família participe junto a Casa”, enfatiza.

O que é a Casa

A Casa Familiar Rural é um espaço destinado à formação de jovens do meio rural e pesqueiro, que recebem formação técnica, profissional e gerencial, tendo como objetivo qualificar esses jovens e oferecer alternativas de renda e de trabalho, para assim permanecerem e beneficiarem a própria região. As aulas na Casa Familiar Rural são em sistema de alternância.

IMG_8937A Associação Regional das Casas Familiares Rurais do Sul do Brasil (Arcafar Sul) é a responsável pelo projeto, administrado por órgãos públicos e privados e pela família dos alunos que estudam na Casa. No Paraná, as casas familiares rurais são administradas pela Secretaria de Estado da Educação.

Em União da Vitória ela vai atender toda a região da cidade, Porto Vitória e Paula Freitas. A estrutura é nova e está instalada na comunidade de São Domingos. As aulas acontecem de forma alternada, uma semana em regime especial e outra com a família, na propriedade rural para aplicar as técnicas ensinadas em sala de aula. A estrutura contará com dois agrônomos e um veterinário, além de funcionários para serviços gerais. Os alunos ficam toda a semana na Casa, dormem e comem por lá. A escola base da CFR de União é no Colégio São Cristóvão, onde os alunos serão introduzidos à grade curricular geral, que terá todas as disciplinas do ensino regular. Transporte será fornecido pelas administrações. Ao final do curso, num período de três anos, os alunos receberão o diploma de Técnico Agrícola.

Mais informações podem ser obtidas no próprio Núcleo de Educação, que fica na Rua professora Amazília, nº 593, no centro de União da Vitória, ou pelo telefone (42) 3521-1800. Não há custo nenhum de matricula ou estadia. O curso técnico também é gratuito.

As três prefeituras e secretarias de Educação irão reunir nos próximos dias representantes da comunidade rural de seus municípios para explicar o funcionamento da Casa. No dia 1º de março os interessados serão levados até a CFR de Cruz Machado, para entender, de perto, como é o ensino de alternância. Logo no dia 7 de março as aulas em União da Vitória terão início.