Vagas para emprego temporário não explodem

Procura e oferta de oportunidades caem. Vinda de grandes empresas é apontada como pivô para insucesso nas Cidades Irmãs

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Atualizado há 9 anos

Por Mariana Honesko

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Procura por oportunidade é tímida na reta final do ano: número de vagas não tem grandes alterações. (Foto: Mariana Honesko).

A chegada do final de ano representa um acréscimo considerável para os empresários dos estabelecimentos comerciais. Mas, o que é bom para o patrão, pode ser bem interessante também para quem está atrás do balcão. Especialmente desde novembro, a contratação de funcionários temporários aumenta em todo o Brasil.

Mas, a realidade que altera a economia no cenário nacional não tem reflexos nas Cidades Irmãs. Conforme a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) dos dois municípios, a procura que já foi pequena em 2013, ficou praticamente nula neste ano. Não há registros de nenhuma movimentação pela procura de vagas na reta final de 2014.

Os índices dos dois postos de empregos confirmam o perfil. No Sine, em Porto União, o número de vagas não cresceu, bem como não aumentou a quantidade de desempregados ou estreantes no mercado de trabalho, em busca de oportunidade. Por outro lado, conforme a atendente Marli Assis, sobram, ainda, colocação para o quadro de serviços gerais (para as firmas) e, curiosamente, uma única vaga para a função de mecânico caldeireiro. “Esta vaga está em aberto desde outubro”, confirma.

Na unidade da Agência do Trabalhador de União da Vitória, o perfil é idêntico à cidade vizinha. As vagas seguem na mesma “altura”, não tem oscilações e o interesse dos desempregados quase não aparece. Os poucos que visitam o espaço, conforme a equipe do balcão de atendimento, são candidatos mais velhos, que já acumulam experiência.

Para o presidente da CDL, a explicação em tantas baixas está na recente vinda de grandes empresas. Os complexos recrutaram um grande contingente de trabalhadores e, com isso, esvaziaram as filas de espera dos postos e de outras casas comerciais. “Os empregos temporários acabaram sendo transferidos para estas lojas. A mão-de-obra que ficaria no comércio das duas cidades, acabou indo para estas empresas”, avalia o empresário Luciano Karpovisch, que também abriu as portas de seu estabelecimento para uma contratação temporária. Segundo ele, a concentração no comércio é quase um padrão de comportamento para quem vai estrear no mercado. “Geralmente é o comércio quem mais acolhe, que abre as portas para o primeiro emprego”, avalia.

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Márcia conquistou um lugar “ao sol”: encerra o ano empregada e com salário de, em média, R$ 1 mil

Aos 22 anos, Márcia Boeira soube aproveitar a oportunidade e encerrar o jejum de espera que já durava mais de um ano. Ela é um dos cerca de 190 funcionários que a Havan contratou em novembro, quando abriu suas portas. Na loja, trabalha como operadora de caixa, função idêntica à que já desempenhava no antigo emprego. Para ela, o diferencial na contratação foi a ausência de tantas exigências. “Por exemplo, o pessoal não perguntou se eu tinha experiência. Eu tinha mas não questionaram isso. No comércio da cidade isso é obrigatório praticamente. É difícil quem dê emprego sem que você tenha tido alguma experiência”, explica.

Márcia, que encerra o ano empregada – definitivamente – e com um salário superior aos R$ 1 mil, comemora a boa entrada em 2015. “Me sinto realizada”, sorri.

Temporário, porque não?

A Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem) estima que, neste ano, serão 163.600 vagas na modalidade do temporário em todo o País. O contrato temporário pode ser a porta de entrada para o mercado de trabalho: segundo estimativas da Asserttem, 15% dos 163 mil serão contratados para o primeiro emprego. Ainda de acordo com a Associação, 12% dos trabalhadores temporários contratados no fim do ano de 2013 foram efetivados.

Em União da Vitória, o Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee), gerencia a contração de estagiários. Embora tenha exatamente características de temporário, a classificação é parecida e pela agente de estágio, vista de maneira positiva. “Acredito que o trabalho temporário é o cartão de visita da pessoa. É uma grande oportunidade e se ele se sair bem, pode ser contratado”, comenta Carla Cristine Dilay Malucelli.

Segundo ela, estudantes do Ensino Médio, especialmente, parecem fugir do perfil dos demais trabalhadores que procuram outras agências de recrutamento. Com sede de oportunidade, adolescentes de 15, 16 anos, tem procurado o endereço para tentar uma colocação neste restinho de ano. Alguns conseguem, outros não. “É que temos empresas que não dão essa chance. Mas, outras, especialmente as grandes e a prefeitura, tem aberto suas portas”, sinaliza Carla.

Agência só atende hoje os agendados

Por conta de problemas técnicos, a Agência do Trabalhador de União da Vitória não vai conseguir atender todos os trabalhadores que buscam o benefício do Seguro Desemprego. Conforme a equipe, apenas quem agendou previamente a consulta será recebido no balcão.

Para tentar uma colocação

Posto do Sine

Atende de segunda à sexta, até às 16 horas. A unidade fica no prédio da Associação Empresarial de Porto União (Acipu)

Agência do Trabalhador

O espaço funciona das 8 às 14 horas, de segunda à sexta-feira. O prédio está na Manoel Ribas, no centro de União da Vitória, próximo ao Posto de Combustíveis Ravanello.

Ciee

Fica na rua Professor Cleto, 296, no centro de União da Vitória. O atendimento é até às 17h30.