Maria Fumaça sofre com ação do tempo

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Atualizado há 6 anos

Locomotiva mistura histórias dos ferroviários e do Contestado em um mesmo local
Locomotiva mistura histórias dos ferroviários e do Contestado em um mesmo local

Um acordo entre as prefeituras de União da Vitória e Porto União possibilitou uma atração turística durante o período que antecedeu o Natal, na Praça do Contestado, em Porto União. A Locomotiva 310, conhecida como Maria Fumaça, ficou em exposição durante dias, decorada com um Papai Noel gigante, que fez a alegria dos turistas, famílias e crianças que frequentaram o local. Após o Natal, a máquina deveria ter retornado à Estação União, área coberta, onde a máquina ficaria mais protegida.

Como a locomotiva ainda está na praça, várias pessoas ligadas aos ferroviários começaram a reclamar que ela está sendo depredada e sofre com a ação do tempo. A neta do ex-ferroviário Pedro Albano Ventura, que veio de Curitiba para visitar a família, contou que seu avô entende que a memória ferroviária está sendo banalizada. Outros defensores da 310 também defendem a volta da locomotiva para a Estação União.

Marco Divisório está embaixo da 310

Outra reclamação de turistas e entidades que trabalham no setor é o fato de o Marco Divisório, uma atração turística simples, mas muito prestigiada, ter ficado debaixo da Locomotiva 310. Ponto de fotos e selfies, a atração é única porque o turista pode colocar um pé no Estado do Paraná e o outro em Santa Catarina. Como a máquina está justamente sobre a atração, os turistas vão embora decepcionados.

Quem trabalha diretamente com os turistas também reclama. A diretora-proprietária da Agência de Turismo Sete Ilhas, Arceli Fudal, disse que encaminhou grupos de turismo à atração exclusiva da região, mas que eles voltaram decepcionados por não poder tirar as fotos com um pé em cada estado. “Recebi várias reclamações sobre a locomotiva estar em cima do Marco Divisório. Com certeza os turistas que passaram por aqui foram para casa sem colocar em suas redes sociais as selfies e fotos do Marco Divisório e ajudar na divulgação do turismo da região”, explanou

Arceli disse, ainda, em relação a grupos que passam ou vem visitar exclusivamente a nossa região, que as agências de São Paulo, Minas Gerais e outras conceituadas nacionalmente sabem desta atração e colocam como atividade em roteiros turísticos. “Sim, todos conhecem o Marco Divisório e querem levar a lembrança de ficar com um pé em cada estado”, diz.

Acordo entre prefeituras

O Secretário de Cultura de União da Vitória, Bachir Abbas, confirmou o acordo para que a máquina ficasse em exposição na Praça do Contestado durante as festas natalinas. Contudo, segundo ele, a atração turística já deveria estar guardada na Estação União. Valter Cano, Secretário de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Urbanismo de União da Vitória, disse que já entrou em contato com o prefeito em exercício de Porto União, Percy Storck, por meio de ofício, comunicando que a máquina será rebocada para a antiga estação ferroviária nos próximos dias. No entanto, não ficou claro porque a máquina permaneceu tanto tempo debaixo de chuva e sol. Cano disse que havia um outro acordo para deixar a 310 em exposição para ver a reação dos turistas. A julgar pelas reclamações, os turistas preferem ver a locomotiva na Estação União, embelezada com a arquitetura própria do local.

Atema já solicitou a retirada da 310

O presidente da Associação de Turismo e Meio Ambiente (Atema), Andrews Batista, explica que já foi solicitada a retirada da locomotiva 310 da Praça do Contestado. “Ficou claro que a praça não é o lugar da Maria Fumaça, nós já entramos em contato com o secretário [Valter Cano] e pedimos a retirada”, afirmou. Batista disse que a praça foi formatada para explicar a questão do Contestado e a demarcação das divisas entre o Paraná e Santa Catarina e o turista quer entender o Contestado pelo que há na praça. “Se um grupo chega de qualquer lugar, ele tem como referência o local que conta a história do Contestado e quer ver o Marco Divisório. Os turistas querem tirar fotos do Marco, da estátua do monge João Maria. A locomotiva confunde duas histórias: a dos ferroviários e do Contestado”, explicou o presidente da Atema.