Por Mariana Honesko
Aos 54 anos, o administrador Nadir Antônio Cechin vive dias especiais. Ele é autor de textos carregados de sotaques italianos, ancorados na história de uma etnia que escolheu o Brasil para viver. A obra de Cechin vai ganhar neste final de semana a imortalidade. Ela endossa o livro “Construtores de História, Famílias Italianas do Brasil”, previsto para ser lançado no dia 1º, no Rio Grande do Sul.
Neto de italianos, o administrador se debruçou sobre a própria história para entender o começo deste grande novelo imigratório. “Não havia nenhum documento de meus antepassados. Meu avô veio da Itália, queimou todos os documentos durante a Segunda Guerra Mundial. Ele faleceu um ano após meu nascimento e por mais de 20 anos busquei informações para saber minhas origens e montar o pedigree da família”, conta.
As mais de duas décadas de pesquisa garantiram uma obra precisa e cheia de detalhes. Além dos textos, a composição reúne documentos como certidões de nascimento, a lista manuscrita dos passageiros que vieram da Europa para o Brasil e o comprovante do local onde ficaram, no Rio de Janeiro, até serem enviados ao Rio Grande do Sul e, mais tarde, para vários endereços brasileiros. “Muitos imigrantes italianos chegaram ao Brasil iludidos de que encontrariam terras boas. Não foi o que encontraram e não tinham opção de retorno. São histórias de sofrimento, com separações de famílias. Os sobrenomes trocados ou escritos errados dificultaram muito o reencontro ou simplesmente suas identificações”, observa. “Apesar de tudo isso, os imigrantes italianos são hoje um povo próspero que venceu todas as dificuldades”, sorri.
O lançamento de Construtores faz parte das comemorações do centenário – lembrado neste ano – de Frei Rovilio, pesquisador gaúcho que levantou a árvore genealógica de praticamente todo o Rio Grande do Sul. Rovilio é autor de várias obras, entre elas, do livro “Povoadores de Antônio Parado” e “Povoadores de Alfredo Chaves, Guaporé e Encantando”. “Com muitos detalhes referentes a locais de estabelecimento, casamentos e óbitos da italianada (sic)”, ressalta Cechin.
Para a montagem da obra, a terceira edição do concurso “Frei Rovilio Costa – História de Famílias Italianas no Brasil” foi lançado. Cechin inscreveu sua pesquisa. Ela está entre as 20 obras selecionadas que entram para a história, literalmente. “Dentro destas está a minha e também do meu afiliado Rubens Cecchin Borrile. Houve cinco casamentos entre estas duas famílias. Misturou tudo”, sorri.
O livro Construtores será lançado no sábado, na Feira do Livro de Porto Alegre, considerada a maior do gênero na América Latina. Cechin vai acompanhado do filho, Saulo Rodrigo e do afilhado Rubens Jose Cecchin, ambos parceiros nas pesquisas.
Reconhecimento
Para Cechin, a produção da obra é sinônimo de dever cumprido e realização. Mais que um resgate do passado, o texto promove um encontro especial para os descendentes dos italianos, Francesco Cecchin e Atilio Borille. Construtores terá toda a genealogia e apresenta a documentação necessária para quem tem interesse na solicitação da nacionalidade italiana.
Entenda melhor a participação
Há mais de 20 anos, Cechin pesquisa a história de seus antepassados. Por conta disso, ampliou seu leque de amizade e acabou descobrindo e se envolvendo com comunidades de pesquisadores de todo o Brasil mas, especialmente, do Rio Grande do Sul. “Daí o motivo de ter sido convidado para participar do concurso”, explica.