ACARDI: Voluntárias fabricam mais de cem pães por semana

Há 13 anos, grupo vai até à entidade, coloca avental e garante o café da manhã para os moradores. Gesto se repete toda a semana

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Atualizado há 8 anos

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Na fábrica de pães: alimento que alimenta o corpo e a alma

Elas estão sorrindo, o tempo todo. Conversam, riem, trabalham como “formiguinhas” e voltam para casa apenas depois das 18 horas, bastante satisfeitas. Este é o jeito carinhoso que um grupo de voluntárias do Vale do Iguaçu encontrou para ajudar os moradores da Acardi, instituição que assiste homens com problemas mentais ou que sofrem de alguma dependência.

Elas se reúnem há 13 anos, todas as terças-feiras, na padaria da entidade. É lá que toda semana fabricam uma centena de pães, quantia suficiente para alimentar os mais de 50 moradores da casa que fica bem perto do Parque de Exposições Jayme Ernesto Bertaso. “É gratificante para nós poder ajudar eles”, sorri Noemia, que coloca a mão na massa há nove anos.

O grupo é organizado e embora tenha menos de dez integrantes, tem força o bastante para amassar, sovar e colocar nas formas os pães necessários para matar a fome. E, dos fornos não sai apenas o “pão de casa”, básico. Misturas garantem versões de dar água na boca, como o pão de batata e aipim.

Boa parte da matéria-prima sai do estoque da própria Acardi. O restante, se falta, é arrecadado pelas próprias voluntárias. Essa fraternidade rendeu à elas até um apelido singelo, dado pelo Frei Pedrinho, o mestre falecido há 20 dias. “Somos as ‘Colegas do Pão’”, sorriem. Se estivesse vivo, Frei Pedrinho provavelmente reformularia o nome e acrescentaria um ‘maravilha de Deus’, como sempre fazia. Aliás, trabalhar sem as brincadeiras daquele que era considerado um pai, parece não ser fácil, nem para quem visita o espaço apenas uma vez na semana. “É difícil. Mudou”, lamentam.

Por outro lado, é justamente neste tipo de trabalho que as próprias voluntárias encontram motivos para continuar. Para a voluntária Sandra Regina Busatto, que perdeu o filho recentemente em um acidente automobilístico, a conversa ao redor da mesa e o carinho dos moradores são um consolo. “Dá muita força. Estes moradores são como filhos. Lógico, não substituem ninguém, mas ajudam muito o coração da gente”, garante.

Vale lembrar que a maioria das voluntárias tem emprego ou algum tipo de trabalho: a doação é de alma e espírito, renovada há cada sete dias.

O que tem para passar no pão?

No momento, pouca coisa. Por isso, o pedido das voluntárias é para as doações, basicamente, de doce e de margarina. O pó de café também é interessante. Para ajudar, basta visitar a Acardi na terça, a partir das 13h30 ou procurar os freis Jesus e Donizete, durante qualquer outro dia da semana.