AMIGO CÃO: Quem quer casa?

Projeto leva um aconchego para cães de rua. Ideia é recente e voluntárias se desdobram para entregar tantas encomendas

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Atualizado há 9 anos

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Faço as casinhas na base do serrote mesmo porque ainda tenho medo de usar Maquita. Monto elas, faço tudo sozinha se for preciso, mas sempre tenho ajuda. Nessas primeiras tive ajuda da Vivian e de outro amigo, o Bruno Ostrufka”, diz Vanessa. (Foto: Reprodução).

O título ali em cima poderia até começar com o famoso clichê “quem casa, quer casa”, só que a história que O Comércio vai contar hoje é de um outro tipo de “gente” que quer uma casa, ou melhor, precisa de uma delas. E, quem casou nessa história foram duas voluntárias. Elas casam com a ideia e transformaram esse relacionamento em solidariedade.

O projeto é o Amigo Cão que surgiu para ajudar cachorros que estão na rua, sem dono ou em um lar temporário. Para que os bichinhos não fiquem ao relento, Vanessa Witiuk Ferreira – que põe a mão na massa – e Vivian Yabu – que empresta o local para a montagem – começaram a construir casinhas que servem de abrigo. Outro princípio, é que por serem tão fofinhos os pets roubam fácil o coração de quem os conhece. Essas pessoas acabam adotando os cães, mas, muitas vezes, não têm condições para mantê-los. “Construímos casinhas para entregar às famílias que cuidam com amor e carinho deles, mas que não têm condições de comprar uma”, explica. “Muitas pessoas adotam muito por dó, por ter um coração bom, mas o gasto acaba sendo grande, então pedem ajuda para mantê-los”, completa.

O projeto estreou em julho, quando Vanessa começou as férias da faculdade. Era para ser um projeto somente de férias, mas a coisa ficou séria e cresceu. Na época ela percebeu que a ajuda do Poder Público em relação aos animais era pequena – por mais que esteja progredindo gradualmente –, e calculou que muitos voluntários se doam até demais pela causa, chegando a gastar todo o salário com comida, abrigo e medicamentos. “Resolvi construir casinhas para doar. Um certo dia eu e a Vivian fomos levar dois pacotes de ração para uma família que estava precisando, então me deparei com a realidade. Aquela família humilde, trabalhadora, e tinha muito amor pelos animais, mas a situação era triste, então comecei a pensar e pensar como ajudar? Foi aí que surgiu a ideia do projeto”, comenta.

casinhas-amigocao-projeto-uniaodavitoria2As primeiras casinhas – sete delas – foram construídas com materiais que Vanessa já tinha em casa, ou melhor, na casa dos pais dela. “No primeiro final de semana de férias iniciei as construções, comecei a andar pelo terreno dos meus pais onde tinha umas madeiras e fui separando. Utilizei todas as madeiras “velhas” que tinha, mas só deu para fazer uma casinha completa, então usei os forros e ripas que meu pai tinha comprado para nossa casa e que iria usar futuramente, então usei tudo. Eles ficaram um pouco bravos mas depois passou”, lembra.

Da produção, três casinhas foram levadas para duas famílias do Bairro São Braz. Outras quatro foram entregues para cuidadoras, duas delas para os cãezinhos da cuidadora Regina Bachmann.

Essa é outra história que renderia um livro. Regina cuida de cães há anos. Amante dos pets ela toma conta de quatro deles na rua de sua casa. No entanto, um Boletim de Ocorrência foi registrado contra ela, porque segundo a suposta vítima, ela teria sido atacada por um dos animais que Regina cuida, o Lambari. Então veio a preocupação, onde abrigar os animais. “Foram feitas reclamações na Vigilância também, aí foi a condenação deles. Dois já estavam confinados num canil pelo mesmo motivo, e os outros dois tiveram que ser confinados às pressas, para evitar que alguém pudesse pensar em dar um fim”, desabafa. “O canil foi aumentado, houve pessoas que de pronto ajudaram com materiais para isto (abrigo), mas pensei no vento e na chuva e pedi a quem pudesse doar quatro casinhas grandes”, conta.

Aí é que entram as voluntárias do Projeto Amigo Cão. As meninas estão cheias de encomendas só que o material é pouco e o dinheiro curto, por isso, as voluntárias também precisam de ajuda com doações. “Hoje o projeto precisa de doações tanto para materiais para a construção das casinhas (eternit, ripas, forros, compensados, caixinha de leite vazia e pregos), mas também cobertores, toalhas, papelões e ração, porque a necessidade em ajudar é muito e todo material arrecadado será entregue às pessoas que realmente precisam desta ajuda!”, garante.

Quem estiver disposto a ajudar pode entregar os materiais na academia Acqua Vida, ou ligar para o número (42) 3522-2518.

A voluntária

“O que falar dos peludinhos? Sempre fui muito apegada aos animais, chorava, arrumava briga se não deixassem ficar com os bichinhos que eu pegava na rua. Eu cresci em uma família que me educou muito bem, me ensinou o que realmente é amor ao próximo, quando pequena tínhamos na chácara muitos animais, eu saia correndo atrás deles como se fossem meus amigos, sabe? Mas, enfim, já vi muitos dos nossos cãezinhos morrerem, sofrerem, aquilo era de cortar o coração. Mas, mesmo assim, sabendo que um dia eles se vão, eu continuo correndo atrás deles, porque sei que quanto mais a gente puder ajudar, mais rica fica nossa alma, mais felizes ficamos com a gente mesmo.”

 

Adoção

A cuidadora Regina está em busca de alguém que possa adotar esses dois pequenos aqui embaixo. A Chica, a amarelinha à esquerda, e o Lambari não conseguem se adaptar com o confinamento do canil, por isso precisam de mais espaço. Regina lembra que os dois são castrados. Os números para contato são: (42) 9861-3472 ou 8880-0402.