CATEDRAL: Tombamento prevê a manutenção da autenticidade da construção

Por conta das intervenções feitas ao longo dos cem anos do imóvel, tombamento será parcial, focado na conservação da história

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Atualizado há 8 anos

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(Fotos: Mariana Honesko).

A restauração da Igreja Sagrado Coração de Jesus, em União da Vitória, é um sonho existente não está apenas entre os católicos. É que o prédio centenário está no coração da cidade e, de certa forma, conta a história de nascimento do município. Mas, desde a interdição para o que seria apenas uma reforma no telhado, a obra jamais parou. Tampouco andou na velocidade ideal.

Porém, projeto organizado pela arquiteta Vânia Diehl, voluntária no trabalho de restauro da Catedral, pode dar mais visibilidade à igreja e, logo, andamento às obras. Pelo menos, em parte dela. Conforme ela, por conta das intervenções que foram feitas ao longo de um século, o tombamento completo do imóvel já não é mais possível. “As várias intervenções inadequadas vêm descaracterizando a Catedral, sem critérios científicos de restauro e com a substituição de vários materiais originais, tais como forro, telhado e cúpula”, justifica.

Por isso, o rumo do projeto mudou. Agora, a ideia é desenhar o tombamento a partir de suas impressões históricas e culturais. “O objetivo é reestabelecer a unidade potencial da obra, conservando sua autenticidade, com a intenção de deixar um legado com valor histórico cultural e monetário”, explica Vânia. Dentro deste contexto, as obras devem começar em abril do ano que vem.

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Projeto precisa atender normas do tombamento e da própria igreja católica

Até lá, continua a produção de inventários, estudos, levantamento métrico e avaliações, feitos em União e levados para a Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), a Secretaria Estado da Cultura do Paraná (SEEC), a Coordenação do Patrimônio Cultural (CPC) e a Secretaria de Administração e Previdência (SEAP), ambos em Curitiba. “Elaboramos a proposta com conceitos gerais para a restauração do templo e apresentamos ela ao bispo, Dom Agenor, padre Silvano, padre Ermildo e ao Conselho Diocesano. Dessa forma, segue para a correção dos problemas construtivos e gradativamente a retirada de elementos que descaracterizam a edificação, corrigindo distorções e recuperando parcialmente o estilo arquitetônico da Catedral”, explica.

Proteção do bem

Esta é, sem dúvida, a maior vantagem do processo de tombamento. Dentro deste modelo, a destruição material, histórica e cultural do imóvel ficam impedidas, o que garante a preservação para as próximas gerações. “E, a partir da inserção no Livro Tombo toda e qualquer intervenção só poderá ser realizada com a aprovação do órgão que efetuou o tombamento”, lembra a arquiteta.

Com o dossiê completo contendo o projeto, o planejamento, justificativas, orçamentos, o tombamento poderá ser custeado a partir da captação de recursos por meio das leis de incentivos à cultura, editais e programas específicos.

A tramitação do processo para Tombamento segue paralelo à algumas melhorias que já estão sendo executadas na Catedral, como, por exemplo, a adequação do presbitério, para que ele atenda as exigências dos Estudos da CNBB 106 (orientações para projeto e construção de igrejas). Quanto aos bens móveis, alguns já estão sendo restaurados. O prazo para a entrega da obra está diretamente vinculado à disponibilidade de recursos financeiros.