Cinco municípios da região aparecem como maiores desmatadores do Paraná

Ranking do desmatamento no estado coloca cinco municípios da região no top 15

·
Atualizado há 6 anos

IAP diverge dos inúmeros e diz que tem números próprios
IAP diverge dos inúmeros e diz que tem números próprios

Cinco municípios da região sul do Paraná estão nas primeiras 15 posições do ranking do desmatamento no estado. A informação é da Fundação SOS Mata Atlântica, a partir de análises de imagens de satélite. O peso maior recai sobre o município de Bituruna, que tem 35.082 hectares de Mata Atlântica e desmatou entre 2015 e 2016, segundo a ONG, 326 hectares de mata e ficou na 2ª posição no ranking que tem 88 municípios do Paraná. Outro município que está mal no ranking da SOS Mata Atlântica é General Carneiro, que dos seus 23,978 hectares, desmatou 161 hectares, e ocupa a 5ª posição do ranking.

Cruz Machado ocupa a 7ª posição. O município tem ainda 26.788 hectares de florestas da Mata Atlântica, mas colocou abaixo 129 hectares. Na 11ª posição está São Mateus do Sul, que deveria ter uma área de 16.068 hectares de mata atlântica, mas derrubou 97 hectares. Fechando o top 15 do ranking do desmatamento, divulgado pela Fundação, está União da Vitória, que deveria ter 20.760 hectares de Mata Atlântica preservada, mas desmatou 67 hectares entre 2015 e 2016.

Liderança negativa

A lista dos maiores índices de desmatamento indica a região Centro Sul do estado, que ainda concentra importantes remanescentes de Floresta de Araucária. Prudentópolis, que liderou no ranking no ano anterior, com 189 hectares, aumentou a pressão sobre a mata: agora foi identificado o corte de 326 hectares, quase duplicou seu próprio recorde negativo.

O estudo

As imagens de satélite, analisadas pela Fundação SOS Mata Atlântica, indicam que houve redução de floresta nativa, no período entre 2015 e 2016, em 88 cidades do Paraná. O levantamento identificou a derrubada de 3.468 hectares, e leva em conta apenas áreas com mais de três hectares (três campos de futebol) e também somente áreas de floresta inalterada.

No acumulado dos últimos 30 anos, o Paraná foi o estado que mais suprimiu Mata Atlântica, sendo responsável por um quarto de tudo o que foi derrubado deste tipo de formação florestal no país. No Brasil, restam menos de 12,5% da área original. No Paraná, o índice cai para 8%.

O que diz o IAP

DESMATAMENTOX01O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) preferiu não comentar os resultados do estudo e informou que deve divulgar, nos próximos dias, um levantamento próprio. Desde 2011 o Governo do Paraná ampliou a proteção de mata nativa, incorporando mais 10,7 mil hectares em áreas de preservação. Foram criadas ao todo 26 Unidades de Conservação de diferentes categorias e outras cinco foram ampliadas, recategorizadas ou regularizadas. “O trabalho demonstra que o governo estadual tem um compromisso com a conservação ambiental”, afirma o presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Luiz Tarcísio Mossato Pinto. “Além do combate ao desmatamento ilegal nós estamos preocupados em proteger os remanescentes que ainda existem”, completa.

As multas do IAP

Um relatório do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), contém o balanço das fiscalizações feitas em 2016 para coibir o desmatamento ilegal em todo o Estado. Os fiscais do Instituto lavraram 1275 autos de infração por desmatamento ilegal e notificações que somam mais de R$14,7 milhões em multas. Os dados do trabalho serão encaminhados ao Ministério Público que poderá fazer novas investigações e tomar as medidas legais cabíveis.

As fiscalizações fazem parte de uma “força-tarefa” criada para combater o desmatamento ilegal no Estado e envolveu um planejamento estratégico com o uso de imagens de satélite, histórico de autos de infrações de anos anteriores e autorizações florestais emitidas. “Com o planejamento e a compilação de informações o trabalho de campo tem apresentado mais resultados, pois quando encontramos o infrator ambiental sabemos se ele já foi autuado anteriormente e se ele recebeu algum tipo de autorização e está agindo em desacordo com ela”, explica o presidente do IAP, Luiz Tarcísio Mossato Pinto.

O IAP também divulgou os números gerais de autos de infração lavrados em 2016. De acordo com os dados apresentados, foram lavrados durante o ano 2484 autos de infração, um aumento de 21,5% em comparação com 2015. São autuações por desmate, pesca irregular, caça, lançamentos irregulares de efluentes, parcelamento de solo, entre outros. “Como fechamos o cerco contra o desmatamento ilegal, com certeza a maior parte dos autos lavrados pelo instituto é referente ao desmatamento ilegal, mas também temos muitos outros autos lavrados por danos a nossa fauna”, explica o diretor de Proteção e Emergências Ambientais do IAP, José Antonio Faria de Brito.

DESMATARX01Esses autos correspondem a R$ 5,32 milhões em multas que não necessariamente serão recebidas pelo Instituto, uma vez que ao ser julgado, o auto pode ser cancelado, reduzido ou pago com desconto. “O maior objetivo da fiscalização não pode ser o recolhimento de multas e sim a orientação e educação ambiental da nossa população. Só assim coibiremos a continuidade dos danos e a reincidência dos infratores”, conta o presidente do IAP, Luiz Tarcísio Mossato Pinto. Os números de 2017 só serão fechados no começo do ano que vem.
Mais fiscalização

Para o SOS, o poder público sozinho não vai conseguir e nem tem competência conter o desmatamento. Para a ONG é preciso conhecer para preservar. A SOS Mata Atlântica divulgou que elaborou um site em que os moradores de cada cidade conseguem verificar quais são as áreas nativas remanescentes. Segundo a entidade o site é uma estratégia de aproximação, para mostrar que a floresta não está longe, está próxima e o site tem sido usado como ferramenta de educação em muitas escolas.