Conta de luz vai às alturas depois de reajuste

Valor da tarifa sobe em mais de 24% e gera muita reclamação entre os consumidores da Copel e Celesc

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Atualizado há 10 anos

Por Mariana Honesko

Faturas sofrem aumento considerável e assustam clientes da Copel e Celesc
Faturas sofrem aumento considerável e assustam clientes da Copel e Celesc

A conta de luz dos últimos dois meses está deixando assustados os consumidores da Companhia Paranaense de Energia (Copel). Nas Cidades Irmãs e nos municípios vizinhos, assistidos pelo órgão, as reclamações replicam-se nas casas e estabelecimentos comerciais envolvidos no aumento. Na rede social, consumidores compartilham os desafios de entender e pagar o aumento de até R$ 100. Na região, moradores das áreas alagadas, inclusive, reclamam do excesso: alguns pagaram conta de valor maior na época em que estavam fora de casa.

O aumento no valor da fatura tem explicação. Ela está na conta impressa, em letras bem pequenas, no rodapé, e revelam que a elevação é fruto do reajuste de 24,86% dado pela Companhia. O valor foi definido em reunião do Conselho de Administração da Copel e informado há algumas semanas.

Elevado, o valor ainda não é total. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pede 35,05% de reajuste. O valor da “dívida” deve aparecer em reajustes de 10,01% a partir de junho de 2015. Conforme a Copel, a suspensão pela inclusão da elevação integral é fruto do governo estadual, acionista majoritário da Companhia. “O contrato prevê a correção anual no dia 24 de junho. Nosso conselho de administração pediu para que aumento fosse menor e a Aneel atendeu a solicitação”, confirma o chefe da unidade local da Copel, Odair Marchiori.

Anaeel é órgão regulador que aplica reajuste em todas as distribuidoras de energia
Anaeel é órgão regulador que aplica reajuste em todas as distribuidoras de energia

Impacto

Os números na tarifa trazem impactos diferentes para cada segmento. Impressiona mais, de fato, o aumento no anel residencial. “Onde o reajuste ficou mesmo na casa dos 24,86%”, lembra Marchiori. Leitores do Portal Vvale relatam prováveis erros na leitura. Um morador de União da Vitória, por exemplo, se surpreendeu ao ser cobrado em mais de R$ 1 mil no mês de julho. Conforme o chefe da unidade local, erros na leitura não estão descartados. “Nossos postos de atendimento estão abertos para esclarecer estes eventuais problemas”, diz. “Quem tiver surpresas na conta de luz, pode nos procurar para mais esclarecimentos”, completa.

Caíque Agustini
Caíque Agustini

Nas Cidades Irmãs, os empresários encaram com crítica a decisão da Copel e também das Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc), cuja tarifa ficou 23,21% mais cara. Para Caíque Agustini, presidente da Associação Comercial e Empresarial de União da Vitória (Aceuv), o aumento na conta é natural, já que todos os outros insumos também sofrem elevação. Por outro lado, ele critica as medidas governamentais na aplicação da correção. “Ao ponto de em um determinado momento ser necessário corrigir de imediato, com índices muito superiores ao que seria tolerável e saudável a qualquer bolso”, defende. “Isso afeta não só as empresas mas, principalmente, o consumidor comum. Energia elétrica é um item básico, indispensável para a produção e o conforto das pessoas. Qualquer correção abrupta nos preços causa grandes revoluções”, conclui.

Preocupada com o efeito na produção, a Associação Empresarial de Porto União (Acipu) elabora um documento, em parceria com a Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc), que pede a suspensão da correção do que está acima da inflação. “Ninguém mais tem gordura para absorver este aumento. Esse aumento pode dar um impacto no final do produto. O reajuste vai acabar embutido no produto final e, de novo, é o consumidor quem vai pagar por isso”, avalia o presidente, Solimar Haiduk.

O documento foi encaminhado para o presidente da Celesc no dia 13 mas ainda não há resposta. Em Porto União, toda a Área Industrial é alimentada pela Celesc. A área urbana, pela Copel.

Solimar Haiduk
Solimar Haiduk

Correção é legal

O aumento está previsto em lei, no contrato de concessão firmado entre as distribuidoras e a União, no caso representada pela Anaeel, e serve para recompor as perdas acumuladas desde o último aumento. Com base em uma metodologia de cálculo aplicada às distribuidoras de energia, a Agência define a tarifa de todo o País.