CRESCIMENTO VERTICAL: Prédios sobem, mas procura por casas ainda é maior

No Vale do Iguaçu, edificações novas são cada vez mais comuns. Porém, por conta do preço, imóveis térreos são o maior interesse da comunidade

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Atualizado há 7 anos

Acabou o tempo em que o prédio da já extinta Loja Olga – no também já extinto Calçadão – era o mais alto do Vale do Iguaçu. Vieram outras importantes construções, tão grandes, ou até maiores, quanto ao antigo prédio da canaleta. Quem mora na região central e em prédios, tem uma visão bem melhor de toda essa envergadura vertical. Em algumas quadras, três ou quatro prédios altos, são vizinhos. Obviamente, o Vale está longe de ser uma metrópole, cheia de arranha-céus, mas, o novo cenário impressiona.

O desenho é realmente novo. Tem cerca de dez anos, fruto da expansão do mercado imobiliário – especialmente entre 2007 e 2013. “O ramo de construção, compra e venda de imóveis em nosso País teve um crescimento exponencial. Em nossa região não foi diferente. Acompanhamos o desenvolvimento à nível de País. Outro fator determinante para o crescimento na construção de edifícios em nossa cidade é termos construtoras naturais das Cidades Irmãs que são especializadas neste tipo de construções verticalizadas”, avalia o engenheiro civil, Rafael Dilay Malucelli.

Para ele, a combinação de alguns fatores interferem diretamente na construção vertical nas Cidades Irmãs. Um dele, é o aumento no valor dos lotes urbanos. “Com isso, fez-se necessário aproveitar o máximo possível o lote comprado”, diz. Acompanha esse momento, a escassez de terrenos. “Aliado ao aumento significativo nos valores dos lotes urbanos, está ficando cada vez mais raro encontrar terrenos com grande potencial construtivo e bem localizados dentro da cidade. Por este motivo a solução encontrada dentro dos municípios com desenvolvimento na construção civil é o crescimento vertical”, aponta o engenheiro.

Vale lembrar que no Vale, já esteve mais fácil construir: até o ano de 2013, o simples acesso ao crédito imobiliário e juros baixos para a construção impulsionavam o mercado. “Tivemos uma certa desaceleração no setor, porém à construção civil ainda continua sendo uma excelente área para investimentos”, ressalta.

O fato da região ter se tornado um polo universitário – são quatro instituições de ensino superior além das entidades que oferecem curso técnico e profissionalizante – somando ao interesse dos estudantes em morar em grupos e em locais centrais, também aquece o setor. Embora o encareça também. “Quanto maior a demanda para imóveis, maior é o investimento. Geralmente estes empreendimentos estão bem localizados no município, o que facilita muito para pessoas que vem de outras localidades para residir em nossa cidade”, defende Malucelli.

Maioria prefere casa

Parece até um contrassenso mas a verdade, segundo as empresas imobiliárias, é que a maioria ainda prefere morar bem pertinho do chão. Logo, optam por casas. As corretoras de imóveis da Estação e da Paulo Perdun, tem na ponta da língua a justificativa para a escolha: preço. Sim, morar no centro, no prédio, ainda não é para todo mundo. “Os imóveis na nossa região são realmente mais caros e no centro, o valor é mais alto mesmo. Por conta disso, as pessoas preferem casas, que é mais em conta”, confirma Célia Lenci, da Estação. Tatiane, da Paulo Perdun, confirma a procura de estudantes por apartamentos, também de quem vem “de fora” – com bom salário. “No caso dos prédios, o valor do condomínio acaba ficando muito caro”, explica.

De fato, segurança e qualidade tem preço, mas, considerando o perfil da região e mais recentemente, a crise financeira, o sonho do apartamento próprio – ou alugado – às vezes fica um pouco mais distante. “Mas, acredito em um futuro promissor para as Cidades Irmãs, onde ambas funcionarão mais integradas do que atualmente. Consequentemente haverá um crescimento linear tanto urbanisticamente, quanto na construção de edifícios”, diz, otimista, Malucelli.

Censo 2010

O último censo do IBGE, em 2010, mostrou um pouco mais sobre o perfil da habitação do brasileiro. Há sete anos, cerca de 57,3 milhões domicílios foram considerados particulares e permanentes. Em 200, eram 44,7 milhões. Moravam em casas, na época, 87% da população. No Piauí, em Tocantins e no Maranhão, a proporção de casas chegou a 97% das habitações do Estado.

Ao mesmo tempo, em 2010, o Brasil teve um aumento de 43% no número de apartamentos, que passou de 4,3 milhões em 2000 para 6,1 milhões em 2010. Mais da metade dos prédios está na região Sudeste, sendo que são 1,8 milhão de apartamentos em São Paulo e 1 milhão no Rio de Janeiro. Tocantins tem a menor concentração, são apenas 5.447 apartamentos.

Fotos: Mariana Honesko/Arquivo pessoal