PROCURAM-SE VAGAS

Agências de recrutamento dispõe de pouca oferta e acabam fechando as portas, inclusive, para profissionais bem qualificados

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Atualizado há 9 anos

Por Mariana Honesko e Bruna Kobus

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Professora, aos 51 anos, Nerci só quer trabalhar: desempregada, “topa” qualquer trabalho

Aos 51 anos, a professora Nerci da Aparecida Albigaus procura emprego. Está há dois anos desempregada e, diante disso, “topa qualquer negócio”. Até mesmo abandonar as habilidades pedagógicas para ficar atrás do balcão. Divorciada, precisa de salário fixo para se manter. “Tenho o Magistério, curso Educação Especial e estou sem trabalho”, lamenta. Ontem, Nerci estava novamente no balcão do posto do Sine, em Porto União. Na primeira vez, não teve sucesso. Agora, espera ter mais sorte. “Procuro qualquer coisa”, sorri. Aos 26 anos e pai de uma filha de 11 meses, o administrador, Marcos Horodeski, encara a missa de recomeçar.

Com a saída do Exército marcada para este mês, espera estrear março com emprego novo. “Procuro algo na área administrativa mas também em vendas, em escritório, na representação comercial”, explica. Realista, Horodeski sabe que um novo trabalho pode significar um recomeço profissional e, portanto, representa um mundo de incertezas. “Mas estou tranquilo”, sorri.

Histórias como as de Nerci e Horodeski, que carregam o canudo embaixo do braço, multiplicam-se no posto do Sine. Segundo o representante da unidade, Valter Alves da Silva, em média, cem pessoas, todos os dias, vão até o balcão em busca de uma oportunidade de trabalho. Não falta mão-de-obra, mas faltam vagas. “Nossa maior oferta é para a área de produção, para o chão de fábrica mesmo”, explica. Setores administrativos e comerciais, por exemplo, estão em baixa e quando as vagas para estes espaços aparecem, exigem experiência do candidato. “Além das vagas, falta essa sensibilidade do empregador que exige geralmente quem já tenha tido alguma experiência. Essa chance para o empregado está faltando”, confirma.

agencia-emprego-procuraAs poucas oportunidades disponíveis não fazem distinção: homens e mulheres podem ser empregados. Para Valter, o quadro atual não é exigente já que não oferece uma colocação tão interessante. Mesmo assim, ele alerta para a necessidade de atualização, estudos, capacitações. “É nossa orientação. Cursos técnicos, específicos, podem ajudar”, diz. Todo esse aparato intelectual pode servir como escudo diante da concorrência e da pressão. “Com quatro faculdades nas duas cidades, os trabalhadores precisam concorrer com quem é da cidade e com quem é de fora”, pontua.

Do outro lado do trilho

Em União da Vitória as principais vagas são para quem já tem experiência. Osni Nunes, responsável pela Agência do Trabalhador do município, conta que o cenário de contratações é sempre para trabalhadores que já possuem currículo formado. “Acho que às vezes falta um pouco de compreensão do empregador em oferecer a primeira oportunidade”, comenta.

Por lá, todos os dias as vagas são atualizadas, contudo, não é com a mesma frequência que elas são divulgadas ao público. É que a agência de União da Vitória está passando por maus bocados. Funcionários, até pouco tempo eram apenas três. “Não temos gente suficiente para a demanda. Preciso de alguém que só faça isso, atualize cadastro de baixa em vagas e divulgas elas, mas estamos com pouco pessoal”, explica. Nunes.

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Na Agência de União da Vitória vagas para o comércio são a maioria

A situação complica quando o assunto é Seguro Desemprego. Com a falta de funcionários a agência deixa disponível apenas 20 fichas por dia, mas, nem todos chegam na hora. “Muita gente vem de fora e não consegue atendimento, ai destrata os funcionários, sai revoltado daqui. Até dou razão para eles, mas a culta não é nossa”, comenta. “Já fomos ameaçados aqui. Precisamos também de um segurança”, pede Osni.

A questão é que o trabalhador esbarra em várias barreiras antes de conseguir o Seguro. Começa com informações obtidas no RG da própria empresa. “Tem gente que vem aqui sem todos os documentos necessários isso é culta da empresa que não informar tudo aquilo que é preciso”, rebate.

Outro problema é a instabilidade do sistema. O programa é online e, às vezes, deixa na mão funcionários e trabalhadores que esperam na fila. A demora para o sistema retornar ao normal tem variações, há casos que demoram um ou dois dias.

A responsabilidade de contratação de novos funcionários para a Agência, bem como em manter o espaço, é da prefeitura. Conforme o coordenador do órgão, outros dois estagiários podem ser contratados nos próximos dias, mas nada é garantido.

SERVIÇO

A Agência do Trabalhador funciona de segunda a sexta-feira, das 8 às 14 horas. O telefone para contato é (42) 3521-5200. O Sine tem seu posto na Associação Empresarial (Acipu) de Porto União e atende todos os dias, em horário comercial. Pela manhã, a abertura é para a confecção do Seguro. À tarde, para empregos novos.

É OBRIGAÇÃO

O Ministério do Trabalho aprovou nesta semana um pacote que prevê o aumento da multa para empregadores que não seguem com as regras trabalhistas. Uma das medidas do projeto de lei é de aumentar o valor da multa para o empregador que mantém o empregado sem carteira assinada. Atualmente, o valor é R$ 402 por trabalhador identificado em situação irregular. A pasta prometeu também capacitar 1,5 mil auditores fiscais para tornar mais eficiente o trabalho de fiscalização.