Estudante que teve casa incendiada segue hospitalizado

Jean Skudlareck dormia na casa atingida pela cheia e foi surpreendido pelo incidente supostamente criminoso

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Atualizado há 10 anos

Por Mariana Honesko

Jean queimou um dos pés e as duas mãos: plástica não está descartada
Jean queimou um dos pés e as duas mãos: plástica não está descartada

Na madrugada de sábado, 14, o estudante de Educação Física, Jean Lucas Skudlareck, de 18 anos, viveu os cinco minutos mais longos de sua vida. Ele acordou perto das três horas após sentir as agulhadas do fogo no seu pé esquerdo. Seu cunhado, de 17 anos, acordou pouco depois. Os dois estavam dormindo na casa dos pais de Jean, no Bairro Cidade Jardim, em União da Vitória. A medida, adotada por outras tantas famílias, previa a segurança dos pertences preservados após a cheia do Iguaçu e uma decisão baseada nos vários casos de furtos registrados nos imóveis atingidos pela água. “Minha família saiu de casa mas ergueu todos os móveis, roupas e outras coisas para o segundo piso. A gente estava cuidando das coisas”, conta o jovem.

Segundo Jean, um dia antes de serem surpreendidos pelo fogo, ele e o cunhado teriam flagrado e inibido a ação de vândalos na casa vizinha. Para isso, o estudante usou uma espécie de laser, lançado na altura do rosto dos supostos assaltantes. A ação teria acuado a ação na vizinhança mas levantado o sentimento de vingança. É esta a hipótese mais plausível para Jean. “Pode ser que tenham ficado com raiva e resolveram fazer isso”, avalia.

A motivação ou autores ainda são desconhecidos. O certo, por enquanto, é que Jean segue hospitalizado na Associação de Proteção à Maternidade e Infância (APMI) desde sábado. “Eu acordei na madrugada do sábado por causa do cheiro da fumaça e de gasolina. Senti meu pé queimando”, lembra. Tão logo acordou, o jovem percebeu as janelas do piso superior vandalizadas. Jean escorregou na gasolina, molhou as mãos nela e em segundos, o fogo consumia sua pele. Ontem, o curativo da mão direita já havia sido retirado. O da esquerda, permanecia na mão e, conforme ele, não está descartada a possibilidade de uma cirurgia plástica, diante da gravidade dos ferimentos.

O cunhado adolescente passa bem. Ele não teve ferimentos sérios mas por conta do efeito da fumaça no pulmão, ficou um dia em observação na unidade hospitalar. “Ele pulou da janela e não teve queimaduras”, lembra Jean. Ele, por sua vez, teve mais dificuldades. Com o susto, não encontrava saídas e, com o efeito da fumaça, ficou com os sentidos mais lentos. “Eu escutava tudo longe, parecia pesadelo, estava ficando com sono”, recorda. Em um rompante, encontrou uma das janelas e lançou-se. Caiu na água das cheias e foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros.

Recomeço

Jean morava no Cidade Jardim com os pais e outros dois irmãos, de 15 e 10 anos. A casa era própria, de material, e segundo o estudante, fruto de muito trabalho. A família, abrigada na casa da avó, no Bairro São Braz, sabe que terá que recomeçar a luta. Ironicamente, foi o fogo que nesta enchente destruiu tudo. “Perdemos móveis, televisores, roupas, calçados. Tudo”, sorri, tentando conformar-se. Tudo mesmo: até os recém adquiridos equipamentos de som automotivo foram destruídos. Parte do imóvel também sofreu danos e vai precisar ser reconstruído.

Ajuda é bem-vinda

A família de Jean está aceitando doações para este novo início. Móveis e roupas, neste momento, têm maior urgência. Os telefones dos pais, Eliane e Laércio, estão disponíveis para outras informações e para os interessados em ajudar. Os números são 9136-6409 e 9101-2145.