Falta lugar para morar

Déficit imobiliário é grande nas Cidades Irmãs. Faltam imóveis para locação e casas estão quase em extinção

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Atualizado há 10 anos

Por Mariana Honesko

Falta de imóveis
Cláudio Tilgner (Fotos Mariana Honesko/Jornal O Comércio)

Quem procura casa para alugar vai ter dificuldade para encontrar imóveis vazios. As opções são mínimas e a demanda, especialmente por quem acaba de construir família e quer mais espaço, aparece sempre crescente. Se a realidade engessa as opções de quem busca um lugar para morar, afeta também o serviço prestado pelas imobiliárias.

Estima-se que a defasagem seja de 2.500 imóveis em União da Vitória e outros mil em Porto União. Morar no térreo ficou mais difícil. “Alugamos casas toda a semana, mas temos poucas opções”, confirma a proprietária da Vargas, Vivian Beatriz Bom Vargas. Quem busca casas exige espaço maior. Imóveis de dois ou três quartos seguem na preferência, mas são justamente este tipo de construção as mais escassas. “As pessoas procuram, mas não tem”, confirma Eli Zanoni, do ramo imobiliário. Nesta semana, Zanoni não dispunha de nenhuma casa para locação.

Com um ponto de vista diferente trabalha a equipe da Márcia Imobiliária. Para ela há casas, mas a exigência dos clientes acaba prejudicando o fechamento dos negócios. “O problema é que as pessoas querem bom, bonito e barato”, avalia o corretor de imóveis, Arion Marcelo dos Santos. A empresa garante que tem boas ofertas e que a mostra no site é apenas 30% do que realmente oferece. Mesmo assim, Santos pontua: mesmo com oferta, há deficiência no catálogo de casas. O número ainda está aquém da demanda.

Especialistas defendem certa estabilidade no cenário imobiliário nas Cidades Irmãs. O secretário de Planejamento da prefeitura de Porto União, Cláudio Tilgner, acredita que há dois anos a dificuldade nas locações era maior. Para ele, mesmo com a transformação das cidades em um pólo universitário – União da Vitória e Porto União reúnem quatro instituições de ensino superior e outros estabelecimentos de capacitação técnica – e suas naturais locações em massa, o encontro de vagas está melhor. “Mesmo assim, a defasagem segue grande”, avalia. O polo, mesmo com as deficiências nas locações, segue bem aceito pelas imobiliárias. Hoje, são os estudantes os principais clientes das casas do gênero. “O polo aumentou muito o movimento. Quitinetes já estão suprindo bem a necessidade e ainda há alguns apartamentos”, sorri Vivian.

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Anúncios de aluguel são limitados e oferta custa caro: até quitinetes não são alugados por menos de R$ 300

O acesso fácil aos programas habitacionais propostos pelo Governo Federal, como o “Minha Casa Minha Vida”, impulsionaram a possibilidade da casa própria. Pivô do baixo volume de imóveis disponíveis está ainda a construção dos conjuntos habitacionais. Neste sentido, a prefeitura de União da Vitória aparece na frente, inclusive por ter uma topografia mais acessível às construções. Neste contexto, os corretores de imóveis apostam na desocupação dos endereços atuais. “O pessoal está saindo de algum lugar. Isso talvez abra um pouco essa oferta”, visualiza Zanoni. “A vinda destes conjuntos habitacionais pode fazer com que ocorra essa desocupação”, completa.

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Lá no alto: há apartamentos mas faltam casas (Bruna Kobus/Jornal O Comércio)

A facilidade de crédito, de fato, alimenta os programas e a falta de imóveis para aluguel. “O programa de casas populares ajuda na saída do aluguel e isso também é uma facilidade para que tenha menos casa. As pessoas já vão para suas casas próprias”, avalia a estudante de engenharia, funcionária da Secretaria de Planejamento da prefeitura de União da Vitória, Patrícia Weil.

Governo municipal quer zerar déficit

De acordo com a Assessoria de Imprensa da prefeitura de União da Vitória, a meta do governo do prefeito Pedro Ivo Ilkiv (PT) é acabar com a defasagem habitacional. Para isso, diz a assessoria, vem adotando a oferta dos programas federais e contribuindo com a iniciativa privada e particular. Cerca de 450 imóveis já foram entregues à comunidade mais carente.

Neste ano, foram autorizadas a construção de 350 casas no Conjunto Herbert 1. Seguem em estudo, ainda, o “nascimento” de 150 imóveis no Bairro São Gabriel, 200 no Herbert 2 e 500 no Conjunto Cristo Rei.

Neste mês, o Horst 2 entrega ainda outras 244 casas e seguem em construção os conjuntos de apartamentos do Treviso, com 208 apartamentos, e Verona, com 108. “A ideia é zerar esse déficit habitacional até o final da gestão”, confirmou o assessor Luciomar Castilho.

Preços interferem na negociação

Além de poucos, os valores dos alugueis assustam. Segundo as imobiliárias, além das condições e tamanho do imóvel, a localização interfere bastante no preço. Mesmo assim, o valor não é doce. No Bairro São Pedro, em Porto União, os alugueis não baixam de R$ 500, mesmo nas regiões mais altas e distantes do núcleo da comunidade. No centro das Cidades Irmãs, o valor é mais alto e as cifras podem começar em R$ 800.