FONTE NA IGREJA: Água é de graça, mas tem quem abuse

Na fonte que fica no pátio da Igreja São Basílio Magno, até lavação de carro e banho em animais foram flagrados

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Atualizado há 6 anos

fonte-igreja-saobasiliomagno (1)Dirceu dos Santos pedala muito. E nem parece cansar. Tem fôlego de piá. O poço artesiano que fica no pátio da igreja São Basílio Magno, em União da Vitória, é um dos endereços frequentados por ele. Três vezes na semana, Dirceu sai de casa, no bairro Vice King, em Porto União e cruza alguns quilômetros apenas para encher suas garrafas de plástico com água. “São 18 litros cada vez. Uso água para beber e cozinhar”, conta. Ele preenche as embalagens que já tiveram em alguma ocasião refrigerante, arruma tudo na garupa da bicicleta, deixa um pequeno donativo na caixinha de coleta e volta para casa.

O gesto de Dirceu é replicado por inúmeros visitantes. Só que de maneiras diferentes. Todos os dias, moradores do centro e dos bairros das cidades do Vale do Iguaçu procuram pelo poço. Para levar para casa a água que jorra nas torneiras estruturadas pela equipe da paróquia, a comunidade se abastece com garrafas e galões. E, embora a água seja natural e fornecida de graça, uma contribuição da comunidade é solicitada. O pedido é discreto: vem em forma de frase, colocada nas muretas em tijolo à vista, que une todas as torneiras do poço. As cifras são muito aquém do movimento. “A água é gratuita mas colocamos ali caixinhas para que as pessoas nos ajudem a manter a estrutura dos poços, da própria bomba. É uma oferta livre. No geral, as pessoas contribuem, mas muita gente não”, comenta o padre, Josafá Firmann, pároco da igreja.

E se a generosidade às vezes falta, sobram abusos. De acordo com o religioso, não é incomum ver pessoas por ali lavando seus carros e até dando um banho em seus pets. Além disso, há quem leve para casa água em excesso – e geralmente são estes que não deixam nas caixinhas de coleta sequer um tostão. “Tem quem leva muitos galões, não se sabe o que é feito com essa água. Tem muitos casos de abuso. É um bem da natureza que não pode ser desperdiçado e abusado”, diz o padre.

fonte-igreja-saobasiliomagno (2)O poço pode ser visitado todos os dias, com exceção dos domingos. Ele foi perfurado em 2009, quando a igreja tinha a intenção de buscar água para consumo próprio, além de abastecer o Centro de Eventos. Contudo, a comunidade também ‘descobriu’ o poço e o movimento foi aumentando, aos poucos. “Em conversa com a comissão administrativa da igreja, decidimos melhorar ali e disponibilizar a água para quem quisesse, para uso pessoal, para beber e cozinhar. É uma água boa, leve. Uma das melhores da nossa região, segundo as análises”, defende o padre.

Contribuições

Na estrutura do poço, que tem várias torneiras, há também duas caixinhas de coleta. A contribuição é voluntária e qualquer valor é aceitável. A administração dos recursos doados é da igreja. Os valores são aplicados na manutenção do poço. “Num geral, as pessoas têm um pouco de consciência e colabora. Mas tem muita gente que não. Pelo volume de gente, o montante é irrisório. A gente soma todos os dias e verifica. Não que a gente quer que as pessoas paguem a água, mas elas poderiam ter mais consciência. Infelizmente, nosso povo, no geral, não tem esse entendimento de que tudo tem um certo custo”, ressalta o padre.