Gestão dos cemitérios é referência nacional

Visitas técnicas sondam modelo que tem o meio ambiente como mentor. Superlotação disparou o gatilho para o encontro de soluções

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Atualizado há 6 anos

A morte é inevitável e embora nem todo mundo tenha tranquilidade para falar sobre o assunto, discutir é preciso. Quebrando tabus e entendo de maneira prática a criação e manutenção dos cemitérios, técnicos em Canoinhas estão se tornando referências. É que na despedida, o meio ambiente também vem sendo pensado. Esse foco acontece na administração da cidade, a partir da prefeitura e da secretaria de Meio Ambiente. Na semana passada, a equipe da prefeitura de Poá (SP) esteve na cidade, para conhecer de perto o modelo.

A reportagem do Grupo Verde Vale de Comunicação também teve essa curiosidade e por isso, entrevistou o secretário da Pasta, Hilário Kath. “Nosso diferencial é que Canoinhas, preocupada com a redução dos espaços para o sepultamento e também com os túmulos abandonados, criou uma Lei para reorganizar isso tudo. Assim, dentro de normas e regras, pudemos organizar nossos cemitérios. Houve então, um aumento dos espaços. Fizemos também a terceirização de alguns serviços, como benfeitorias nos cemitérios, o visual destes endereços, que é fiscalizada por nós da secretaria de Meio Ambiente”, explica.

O trabalho acontece em Canoinhas e no distrito de Marcilio Dias. Por lá, a empresa contratada para dar suporte à infraestrutura dos cemitérios, tem ajudado especialmente no controle dos efeitos da erosão. Por conta do fenômeno, alguns cemitérios se tornavam vulneráveis, revelando ossadas, por exemplo, e sofrendo danos.

A visita da comitiva de Poá a Canoinhas, também teve a superlotação dos cemitérios como motivo. “Eles vieram conhecer o modelo porque a cidade apareceu como referência nas pesquisas deles. Eles querem colocar o mesmo modelo na cidade deles”, conta, orgulhoso, Kath.

Além de ser um lugar para se despedir com carinho dos amigos e familiares, os cemitérios, historicamente, também atuam como exemplos da arte, arquitetura e paisagismo. No final do século 19, eles evoluíram a partir de espaços urbanos superlotados e insalubres, para centros sociais, parecidos com parques – e até são socialmente frequentados. Desde então, a maneira como se pensa em cemitérios e seus projetos evoluiu. Os tradicionais enterros de caixões e serviços de cremação vêm sendo substituídos por urnas biodegradáveis e cinzas transformadas em diamantes, entre outras inovações.

Neste aspecto, Canoinhas ensina, de novo. “Preocupados com a questão ambiental, Canoinhas é pioneiro no uso do invólucro. Ele é uma manta que envolve o corpo da pessoa que absorve todo o necrochorume, liquido que sai do corpo e que iria para o lençol freático. Com Lei, é obrigatório isso. É contaminação zero e aos poucos, o que já foi contaminado, o meio ambiente vai sendo recuperado”, conta.

ENTREVISTA

Jornal O Comercio (JOC) – Como está a adoção do projeto em São Paulo?

Hilário Kath (HK) – Eles estiveram aqui na semana passada e levaram todo o material nosso aqui. Levamos eles para conhecer nossa estrutura e nos próximos dias, eles nos avisam sobre o início do projeto lá também. Dentro de poucos dias, teremos novidades.

JOC – Qual é a relação entre zelo dos cemitérios com a questão ambiental?

HK – Preocupados com isso, orientamos as pessoas a levarem flores artificiais, para que não seja acumulado água. Nas reformas, muitos deixaram entulho no cemitério. Hoje, é proibido.

JOC – Em Canoinhas, existe barreiras para a mudança nestes costumes?

HK – Sim, tivemos até resistência. Mas aos poucos, estamos levando informações para as pessoas, para as comunidades, para informar sobre tudo isso. Claro, não temos 100% hoje, mas já melhoramos muito. O envolvimento é grande.

Entrevista

Todo o conteúdo em áudio dessa entrevista está disponível na página da CBN Vale do Iguaçu, a partir do Portal VVale. O acesso é gratuito. O endereço eletrônico é o https://www.vvale.com.br/cbnvaledoiguacu.