GREVE: 90% dos professores do Paraná decidem paralisar atividades hoje

Movimento é por tempo indeterminado

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Atualizado há 10 anos

Por Mariana Honesko

No final da tarde de terça-feira, 22,, cerca de 80% dos professores da rede estadual na região de União da Vitória haviam confirmado adesão ao movimento. No Paraná, outros 90% dos profissionais já decidiram cruzar os braços e seguir assim, por tempo indeterminado. Na região, é a APP Sindicato que lidera a organização do ato. “O sindicato já mandou uma carta para os pais, explicando os motivos da greve. A gente pede que a sociedade nos compreenda e que esteja sensibilizada com nossa questão”, defende a presidente da entidade, Maria Regina Martins Gelchaki.

O pedido dos manifestantes é para que os alunos não sejam encaminhados nesta quarta-feira, 23, às escolas. O governo, porém, recomenda frequência normal às aulas, inclusive na estreia da greve. “O direito à educação está acima de qualquer outro interesse. Oriento os pais que conversem com os diretores da escola para ver se o estabelecimento terá aula e se não tiver, que perguntem à direção como será a reposição das aulas”, enfatiza o secretário da Educação do Paraná, Paulo Schmidt.

De acordo com o site da APP Sindicato do Paraná, os professores decidiram pela greve após várias tentativas de mudanças sem sucesso. O “grito” é contra o governo de estado, que, segundo a categoria, “ignora” a pauta. “Enquanto isso, os educadores continuam adoecendo nas escolas, com cada vez mais professores cansados e desanimados em sala de aula. Além de adoecidos, faltam funcionários nas unidades. Há evasão de alunos, violência, enfim, um quadro desanimador. E a categoria cansou”, diz, em partes, o texto publicado na página da entidade e que anuncia a lista de 14 motivos para a realização da greve.

De modo geral, os educadores exigem que o governo cumpra a Lei Nacional do Piso que, além do reajuste de 10,6% neste ano, prevê 33% de hora-atividade para que os professores possam preparar suas aulas e se dedicar às demais atividades fora da sala de aula. O magistério ainda cobra R$ 100 milhões relativos à avanços e progressos não pagos. “A greve é nossa última cartada. Chegamos ao limite. Fizemos de tudo e nada sensibilizou o governo”, avalia Maria Regina.

A última greve ocorrida na educação paranaense foi em 2000, na gestão do então governador Jaime Lerner.

Paulo Schimitd (Foto/ Hedeson Alves)
Paulo Schimitd (Foto/ Hedeson Alves)

Governo defende avanços

O Secretário da Educação do Paraná, Paulo Schmidt, conversou na terça-feira, 22, com a reportagem da Rádio União. Para ele, a manifestação é um recurso extremo, mas que não traduz a vontade de toda a categoria. Schmidt entende o manifesto como um direito, porém, afirma que ele é desnecessário diante de algumas situações. É o caso, por exemplo, da equiparação salarial dos professores aos demais profissionais de nível superior. “A meta era chegar a este patamar no final deste ano, mas ele já foi conquistado em outubro do ano passado. Até mesmo a questão da expansão da hora-atividade, que ainda gera maior polêmica, teve resposta positiva quando foi elevada em 10% do tempo”, pontua.

Está na mesa de trabalho do governador Beto Richa, segundo o secretário, a possibilidade de novos reajustes salariais, inclusive acima da média nacional. “O governo tem defendido que Educação é prioridade. Já tivemos reajuste, elevação da hora-atividade em uma forma concentrada e em pouco prazo de tempo. O estado tem feito de tudo para ficar a frente de muitos outros estados do país”, defende.