HISTÓRIA DE VIDA: De agricultor para trovador

Sylvestre Marcon encontrou nos versos uma forma de contar a história, a dele, a da cidade onde mora e de quem conhece. Aos 80 anos ele não está nem cogitando a ideia de descansar

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Atualizado há 8 anos

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O poeta, Sylvestre Marcon. (Foto: Bruna Kobus).

No alto de seus 80 anos, Sylvestre Marcon não deixou escapar a vontade de conhecer coisas novas e, também, inventar a cada dia. O trovador, poeta, escritor e, também, agricultor, arranjou mais uma função, a de compositor.

Marcon é bem próximo do estilo musical sertanejo, já que é natural de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, e quando veio para o Paraná, também se embrenhou em trabalhos do campo ao som do bom sertanejo.

A simplicidade é a marca registrada do trovador. Logo cedo, aos dez anos de idade, o inspetor da escola já admirava sua habilidade com as palavras. “Sempre era o escolhido da turma para recitar os versos”, lembra. Do interior de Passo Fundo, Marcon só concluiu o primário e foi com a vida no campo que aprendeu “as verdadeiras lições”, brinca. “Hoje sou colono, aposentado, analfabeto, mas escrevo e até demais”, sorri. “Tudo foi natural para mim”, lembra.

Dispostos numa mesinha de madeira, o trovador mostra com carinho sua coleção de versos, poemas, poesias eternizadas em diversas publicações. A primeira foi lançada durante a Festa Nacional da Costela de 2009. Na época Marcon já tinha na bagagem mais de dez mil versos. “Tem coisa do “arco da véia” aqui”, sorri.

O dom para a escrita é característico do Marcon. Na família dele ninguém seguiu pelo lado da poesia, todos são do campo. Nem mesmo o único filho dele, Elton. Hoje, Marcon divide suas histórias com quem chega em sua casa, ou quando é convidado para dar palestras em escolas. Casado há mais de 40 anos e com apenas dois netos, Marcon não se vê “parado”. A vontade, daqui para frente, é dividir o tempo entre as composições de música sertaneja – sua nova paixão – e sua horta. “Já trabalhei como comerciante, tive minhas terras, ainda tenho, hoje gosto de escrever e plantar na minha hortinha”, sorri.