Hospital São Braz alerta para golpes em pacientes

Hospital diz que não cobra por procedimentos custeados pelo SUS e denuncia tentativas de estelionato

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Atualizado há 6 anos

Hospital São Braz (1)A diretoria do Hospital São Braz, de Porto União, divulgou uma nota oficial essa semana, esclarecendo sobre um golpe de estelionato que está acontecendo na região. Alguns familiares estão recebendo ligações de pessoas pedindo dinheiro para o tratamento complementar do paciente internado no hospital ou remédios caros que não são oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os golpistas se identificam como médicos ou do departamento financeiro do hospital, solicitam aportes para pagar por tratamentos que o SUS oferece de graça, ou inventam remédios caros, que não existem na rede de farmácia do sistema. “Eles aproveitam o desespero dos familiares que, só não enviam dinheiro, porque eles não têm”, explica o presidente do Hospital de Caridade São Braz, Fioravante Buch Neto. Porém, todos ficam aflitos e tentando achar soluções, muitas vezes caindo no golpe.

O presidente conta que a decisão de esclarecer a população veio depois que pacientes relataram que receberam pedidos de dinheiro do hospital. Conforme Buch Neto, trata-se de um golpe de estelionato muito praticado em hospitais de todo o País e é aplicado por presidiários e milicianos. Ele nasceu no Rio de Janeiro, para financiar atividades criminosas, mas rapidamente se espalhou para outros municípios. Estelionatários e hackers aperfeiçoaram o golpe a partir dos prontuários de pessoas internadas nos hospitais. As tentativas de golpes no hospital de Porto União são semelhantes.

Por isso, o presidente do São Braz determinou a divulgação de uma nota oficial, onde esclarece que o hospital atende 78% de pacientes do SUS, e que esses doentes não precisam desembolsar um centavo. Por telefone, Buch Neto confirmou as tentativas de golpe. “Estão acontecendo alguns relatos de pacientes dentro do hospital, de pessoas má intencionadas, que estão ligando para seus familiares, solicitando depósitos em contas bancárias, para que algum procedimento médico seja realizado”, disse.

Ele alertou que o hospital não solicita depósitos ou valor por telefone. “Quem está no São Braz pelo Sistema não recebe nenhuma cobrança. Quem tem convênio, sabe que são eles que se responsabilizam pelos pagamentos, e qualquer procedimento, internação no particular, as cobranças são feitas na instituição, no departamento financeiro ou na tesouraria”.

O alerta

Fioravante Buch Neto explicou o que os familiares ou pacientes devem fazer em caso de receberem ligações solicitando dinheiro. “A gente alerta à população que não deposite dinheiro em contas oferecidas. Não liguem em telefones repassados pelos estelionatários, ou liguem diretamente para o hospital, falem com a tesouraria. Essas ações são de bandidos, muitas vezes presidiários, que tentam extorquir as famílias em momentos de dificuldades. Não deem atenção a esses golpistas, nos procurem pessoalmente, para evitar transtornos e prejuízos financeiros” alertou.

Como funciona o Golpe

A farsa tem dois nomes comuns: ‘Golpe da UTI’ ou ‘Golpe do Hospital’. Os bandidos entram em contato por telefone com familiares de pacientes e, apresentando-se como funcionários ou médicos, pedem que as vítimas façam o depósito de determinada quantia em dinheiro para supostamente bancar os cuidados com o paciente internado. Para conseguir dados dos pacientes, os golpistas se passam por médicos, ligam para as enfermarias e descobrem o que podem sobre nome do paciente, número do prontuário e até se ele está na UTI.

O golpe é de difícil elucidação porque em todos os casos os beneficiários são de outros estados, como o Rio de Janeiro ou Ceará. Os golpistas têm acesso à ficha do paciente com a ajuda do próprio sistema: Unidades hospitalares são obrigadas a alimentar um cadastro da Agência Nacional de Saúde (ANS). Nele constam todas as informações do diagnóstico do paciente e, inclusive, o contato telefônico do parente responsável pela internação. Provavelmente os bandidos estão tendo acesso a esse sistema, mas essa informação ainda não foi confirmada por nenhum hospital ou autoridade policial que investiga esse tipo de crime. Sobre esses dados terem sido vazados por alguém de dentro do hospital, Buch Neto disse que os casos estão sendo investigados internamente, mas descarta que vazamentos de dados.

Os estelionatários entram em contato com os familiares noticiando um suposto procedimento médico de caráter emergencial, que deve ser empregado no paciente internado. Diante da suposta urgência da medida, parentes devem fazer depósitos em contas bancárias para que fosse viabilizado a realização do exame ou procedimento médico informado. Na ocasião da ligação, uma conta bancária é fornecida pelos criminosos para depósito.

O que fazer

Em primeira análise, não depositar nada na conta bancária informada e ligar imediatamente para o hospital, no departamento financeiro, e esclarecer a situação. O importante é não perder a calma e não fornecer senhas de cartão, dados de contas bancárias, CPF, e muito menos correr até a lotérica para depositar valores. É importante ver que as ligações são quase sempre fora do horário bancário, para depósitos em caixa eletrônico ou lotéricas. E por último pegar o número do telefone da pessoa que está exigindo o dinheiro e repassar imediatamente para a Polícia, na delegacia, ou para um policial em viatura de Polícia Militar mais próxima.