Incinerador de lixo é testado em Porto União

Equipamento foi instalado na Área Industrial do município e está em fase experimental

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Atualizado há 10 anos

Por Mariana Honesko

Em média, Porto União recicla apenas 5% de suas mais de 500 toneladas geradas por mês
Em média, Porto União recicla apenas 5% de suas mais de 500 toneladas geradas por mês

Os olhos eram todos para a máquina. Curiosidade e interesse nos resultados motivaram a visita dos profissionais ligados aos órgãos ambientais. Na tarde de ontem uma comitiva esteve na Área Industrial de Porto União para conhecer e ver bem de perto o funcionamento do incinerador de lixo. A chegada do equipamento é uma iniciativa inédita em Santa Catarina, fruto de uma negociação que começou no ano passado entre prefeitura e Fundação de Meio Ambiente (Fatma) e deve tornar Porto União vitrine para outros municípios. A máquina, um protótipo que promove a queima do lixo e sua transformação em energia, foi instalada na empresa Abbaspel e por lá segue pelos próximos 90 dias. “Porto União se habilitou para o teste. Chegou o momento de colocar tudo isso em prática”, diz o secretário municipal de Meio Ambiente, Christian Martins.

Técnicos da Fatma, do Crea/SC e da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) acompanharam ontem os movimentos iniciais da máquina. As primeiras análises foram positivas. “A humanidade caminha para a solução do meio ambiente. Deu para perceber que é bem interessante o projeto. A gente vê que o funcionamento não faz mal para o meio ambiente e é pouca coisa o que sobra de resíduo”, avalia o vice-presidente da Cidasc, Valmor Fiametti.

O impacto mais profundo sobre o efeito do gás que o incinerador emite será avaliado ainda hoje, durante visita dos técnicos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Na próxima semana, ainda, uma avaliação mais detalhada deve ser feita novamente pela Fatma. Para esta etapa, Martins mantém-se esperançoso. “Se a Fatma avaliar, vão se resolver os problemas do mundo”, sorri. “Se não, Porto União tornou-se visitada. É um marketing de graça para a cidade”, completa.

Máquina é móvel mas funcional: lixo é o combustível para seu funcionamento
Máquina é móvel mas funcional: lixo é o combustível para seu funcionamento

Os bastidores

A máquina vem de Porto Alegre (RS) e trabalha com tecnologia chilena. O modelo é móvel, pequeno e de funcionamento simples. Inicialmente, o incinerador seria instalado no aterro municipal, na localidade do Legru. Mas, por necessitar de energia, precisou ter seu destino alterado. A parceria com a empresa de Mohamad Abbas prevê a visitação de outros municípios e um incremento dos projetos para atender as necessidades energéticas da cidade.

O mecanismo é funcional: a Ecovale, que explora o serviço nas Cidades Irmãs, segue recolhendo o lixo mas leva parte dele para o teste. O material reciclável, contudo, é exceção: ele não será incinerado, antes, segue para a cooperativa, onde será catalogado e separado.

Técnicos de órgãos ligados ao meio ambiente e engenharia assistiram primeiros movimentos da máquina
Técnicos de órgãos ligados ao meio ambiente e engenharia assistiram primeiros movimentos da máquina

A máquina depende de 200 toneladas de lixo por dia para tornar-se sustentável. De maneira isolada, o modelo não é viável já que Porto União gera cerca de 500 toneladas por mês. Se der certo, contudo, um consórcio intermunicipal pode ser desenhado. Em longo prazo, a proposta pode encerrar a utilização do aterro sanitário. “É uma ideia. A partir do momento em que a Fatma se manifestar e dizer que é viável, teremos uma agenda para que a região conheça a proposta. Ai sim, é rentável. O lixo é problema nosso, do nosso cotidiano”, avalia.