Lixo com alto teor de contaminação vai parar nas unidades de triagem

Nem a nova unidade da Ecovale escapa do descarte errado

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Atualizado há 7 anos

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Unidade não tem nem um mês mas já é endereço para a separação incorreta

Não é possível definir ou julgar os motivos para o descarte incorreto de lixo apenas a partir do que se vê nos sacos plásticos. Mas, que há algo sério acontecendo, é fato. Agora, nem o material enviado para a nova Unidade de Triagem e Valorização de Resíduos Sólidos da Ecovale escapou.

O espaço não tem nem um mês – foi inaugurado no dia 13 de outubro – mas, conforme a equipe da empresa, embora tenha sido licenciado para receber resíduos sólidos e eletroeletrônicos, recebe lixo tóxico, de alto teor de contaminação. São pilhas, baterias e lâmpadas encontrados todos os dias na esteira de separação.

Estes produtos não vão nem para aterro nem para a coleta seletiva, o que denuncia que sim, tem algo errado acontecendo ainda lá dentro de casa. “Um dos principais fatores que contribuem para o gerenciamento incorreto de resíduos sólidos é a falta de conhecimento por parte da comunidade. É importante deixar claro que o descarte incorreto de resíduos perigosos traz prejuízos às pessoas que trabalham com a segregação de materiais, pois o risco de contaminação é elevado”, diz o analista ambiental da empresa, Felipe Marcel Dalmas Kotwiski.

Preocupa! A Ecovale já está elaborando projetos de educação ambiental para desenvolver com a comunidade. Eles incluem palestras e material didático.

Mas, o que fazer com o material?

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Remédios e lixo hospitalar na esteira da coleta seletiva: o lugar deles não é ali

Pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes e resíduos de serviço de saúde (agulhas, seringas, remédios) são considerados resíduos Classe I, ou seja, perigosos. Lâmpadas, pilhas e baterias, por exemplo, contém metais pesados, nocivos à saúde e ao meio ambiente. “Quando falamos em gerenciamento de resíduos sólidos não podemos esquecer de citar a Lei 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Ela especifica que os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes, por exemplo, são obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos”, lembra o analista.

Cabe aos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, portanto, através de acordos setoriais, tomar todas as medidas necessárias para assegurar a implementação dos sistemas de logística reversa, implementando procedimentos de compra de produtos e embalagens usadas, disponibilizando pontos de entrega ou atuando em parcerias com outros prestadores destes serviços. “Mas, mesmo após seis anos da existência da Política Nacional de Resíduos Sólidos, poucos acordos foram firmados no Brasil. Apesar disso, as pessoas físicas também possuem corresponsabilidade no gerenciamento de resíduos”, destaca.

Mas, enquanto o gerenciamento de resíduos sólidos no Brasil caminha a passos lentos, a comunidade pode adotar medidas pontuais e eficazes. Começa por colocar a mão na consciência e ver se também comete falhas. Como alternativa imediata, é possível também podem procurar pelas empresas especializadas em coleta e destinação final de resíduos sólidos perigosos. E sim, o meio ambiente – e os trabalhadores da coleta e separação – agradecem.

Medicamentos e lâmpadas

Recentemente, O Comércio mostrou como funciona – ou deveria funcionar – a destinação de dois tipos de lixo contaminante: lâmpadas e medicamentos.