O lado perigoso da eletricidade

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Atualizado há 9 anos

Conforto e modernidade são adjetivos comumente associados à eletricidade. Ter acesso à energia elétrica significa estar no século XXI. Não ter, é o mesmo que ter parado no tempo. Mas esse serviço essencial também traz seus riscos.

A Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel) tem um estudo que mostra que, no país, ao longo de 2014, foram registradas 822 acidentes com energia elétrica (quase 18% a mais que em 2013), sendo que 627 resultaram em mortes (incremento de 6% sobre 2013). Houve ainda 311 casos de curtos-circuitos, dos quais 295 evoluíram para incêndios e mais 20 óbitos.

Em Santa Catarina, conforme registros da Celesc, enquanto na área rural os casos mais frequentes de acidentes com a rede elétrica estão relacionados a manuseio de máquinas agrícolas, na área urbana, é da construção civil que vem o maior volume de registros. Especificamente no litoral, as linhas de pipa em contato com a rede elétrica também são causa importante de choques elétricos. Instalações próximas à rede de energia, corte ou poda de árvores também próximas dos fios e uso de equipamentos domésticos sem boas condições ou de forma inadequada somam-se à lista da Celesc.

Na última semana de agosto, a companhia ingressou na campanha nacional Usar Energia Elétrica com responsabilidade. Escute esse recado”, parte da X Semana Nacional da Segurança da População com Energia Elétrica, que trabalhou seis temas: instalação de antena de TV, equipamentos agrícolas, soltar pipa/papagaio, construção ou manutenção predial, furto de energia (gatos) e poda de árvores. Os temas foram definidos levando em conta os tipos mais comuns de ocorrências. A campanha apostou na informação e na conscientização como fator decisivo para a prevenção.

Não dá pra ver, mas mata

O engenheiro eletricista Wamilton Silva trabalha há 33 anos na Celesc, sempre nas áreas de risco da Distribuição e Comercial. Ele explicou que um choque elétrico pode atingir as fibras musculares do coração, que ficam tremulando desordenadamente, gerando total ineficiência no bombeamento do sangue. “A pressão arterial cai a zero e a pessoa perde a consciência, ocorrendo a parada respiratória. Se não for fatal, o choque pode provocar sequelas em vários órgãos do corpo humano, perturbação no sistema nervoso, queimaduras profundas com necrose do tecido, etc”, descreveu.

Boa parte dos acidentes ocorre em ambiente doméstico. Por isso, o engenheiro alerta: “Temos que saber que eletricidade não tem cor, não tem cheiro, você não a vê, mas ela pode matar”. Ele ensina que, em dias de trovoadas e descargas atmosféricas, não se deve deixar um corredor aberto, como porta dos fundos e janela da frente a casa, considerado por ele um “prato cheio” para formar vácuo e atrair um raio. Também não se deve ficar embaixo de bocal (ou soquete) sem lâmpada, na frente de TV ligada ou usar telefone fixo, uma vez que a descarga atmosférica pode vir por esses cabos e fios.

Outra orientação de Wamilton Silva é quanto ao uso de “benjamins” ou “Ts”, aqueles adaptadores que transformam uma tomada em vários pontos de energia. “Não se deve ligar vários equipamentos de uma só vez, porque esses adaptadores não são preparados para receber grandes potências. Além disso, é preciso verificar se as instalações de sua residência estão bem dimensionadas, trabalho que deve ser feito por um profissional habilitado e qualificado.”