Onda de protestos chega às Cidades Gêmeas

Manifestantes de União da Vitória e região vão às ruas em apoio ao Movimento Passe Livre

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Atualizado há 11 anos

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Bruna Kobus/Jornal O Comércio

Os 20 centavos já se somaram a outros 30, 40 e 50 centavos acumulados durante anos que governantes e autoridades apenas despenderam em atividades não prioritárias.

A essência do Movimento Passe Livre teve início em 2003 na Bahia por estudantes que reivindicavam melhorias no Transporte Público daquele estado. Mas a bolha explodiu. No início foram os 20 centavos agora a caminhada na rua, o grito dos jovens tem outros anseios. A saúde, a educação púbica de qualidade e um Governo mais justo e menos corrupto.

A passos lentos o Movimento começou a chegar ao Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro. Até chegar ao seu auge na última quinta-feira, 13, na Grande São Paulo quando a Polícia entrou em confronto com manifestantes. No total foram 105 manifestantes machucados segundo organizadores, 235 manifestantes detidos e 15 jornalistas feridos.

Segundo o professor e coordenador do curso de Filosofia da Faculdade Estadual de Ciências e Letras de União da Vitória (Fafiuv), Samon Noyama a causa teve início com um objetivo único, mas agora a manifestação também soma outros propósitos. “Não tem como definir o próprio movimento. E isso é reflexo de muita coisa, muitas pessoas que aderiram ao movimento têm perfis e histórias diferentes e querem lutar pelos seus direitos de acordo com as suas ideologias”, explica.

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Bruna Kobus/Jornal O Comércio

A causa tomou conta das Redes Sociais e o fato chegou à mídia internacional. Após isso países como Estados Unidos, Espanha, Inglaterra e Portugal se uniram à marcha e foram às ruas com bandeiras que estampavam “Patriotismo sem fronteiras”, “Não são apenas 20 centavos” e “Brasil em progresso”.

Em União da Vitória a manifestação em apoio ao Passe Livre nas Cidades Irmãs começou em uma conversa entre amigos na internet. Carine Cecchin, professora de Filosofia comentou a vontade de fazer uma passeata em apoio ao MPL e todas as suas causas. E o porquê de União da Vitória não fazer já que o motivo já tinha tomado proporções internacionais.

“A conversa criou corpo e montamos o grupo na Internet. Começamos às 20 horas de domingo, 16, e em poucas horas 100 pessoas já tinham marcado presença na Passeata”, disse Carine.

Em contato com a Polícia Militar de União da Vitória e sua Inteligência o pronunciamento era singular. “Vamos fazer o policiamento para manter a segurança dos manifestantes e também o direito de ir e vir dos transeuntes que não participarão da Passeata.”

E assim foi, em todo o trajeto desde a Praça Coronel Amazonas, subindo a Rua Manoel Ribas até os Correios de Porto União e descendo a Sete de Setembro sentido Câmara Municipal, todas as principais vias foram fechadas.

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Bruna Kobus/Jornal O Comércio

A segurança foi feita, alguns manifestantes durante a caminhada entregaram flores aos policiais. Eles aceitaram de maneira cordial.

“A gente quer mostrar que aqui a polícia está com a gente. Não podemos generalizar a classe, alguns que estavam lá (São Paulo) não queriam fazer o que fizeram, eles estavam a mando. Eles servem como uma arma do Governo, mas nem todos são iguais. Sabemos das dificuldades de ser Policial, nunca sabe se vai levar um tiro, e se sair não terá como sustentar sua família”, disse o estudante, Roque Corrêa.

Centenas de jovens, estudantes e comunidade em geral se mobilizaram na noite desta segunda-feira, 17.

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“A manifestação aconteceu de forma ordeira e foi salutar para a comunidade”, comentou o Promotor de Justiça Júlio Ribeiro, que também participou da Passeata acreditando em sua causa contra a PEC 37.

O manifesto encerrou na Praça Alvir Riesemberg com todos cantando o Hino Nacional mostrando patriotismo e otimismo na Nação.

“Nada freia esse Movimento. A conversa com os manifestantes vai ter de acontecer”, encerrou Samon.

As manifestações aconteceram simultaneamente em outros estados brasileiros. Em Brasília o Palácio do Planalto foi invadido pelos manifestantes. Em São Paulo manifestantes acordaram em frente ao Palácio dos Bandeirantes e seguem com a caminhada.

Fotos: Bruna Kobus/Jornal O Comércio