Possíveis quedas de energia elétrica preocupam criadores de frango da região de Canoinhas

Na Câmara, representante da Associação dos Avicultores do Planalto Norte diz querer saber se a estrutura atual da Celesc é capaz de atender a demanda de aviários no interior

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Atualizado há 9 anos

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(Foto: Assessoria).

Fora a onda de calor intenso, que pode ocasionar desconforto e prejudicar o crescimento dos frangos, a chegada do verão traz consigo outro agravante para os criadores de aves de Canoinhas e região: as possíveis quedas de energia elétrica.

Entre os meses de dezembro de 2013 a março deste ano, avicultores sofreram com as interrupções no fornecimento de energia e acumularam prejuízos. Falhas nos sistemas de ventilação dos aviários ocasionaram a morte de frangos em diversos lugares.

Mesmo aqueles que contam com gerador de energia e que conseguiram salvar os animais durante as quedas, têm do que reclamar.

Uma das queixas diz respeito ao alto valor do equipamento, que gira em torno de R$ 45 mil para cada aviário. Outra é o consumo de óleo diesel por hora que chega a 12 litros. “Essa substituição faz com que aumente os custos, o lucro diminua e que as contas fechem, muitas vezes, no vermelho”, explicou Enio Mota Pereira, representante da Associação dos Avicultores do Planalto Norte, núcleo de Canoinhas.

Na tribuna da Câmara Municipal, durante a sessão ordinária de segunda-feira, 24, Pereira disse que os criadores de frango estão com medo de passar pelos mesmos transtornos vivenciados no verão passado. “Sabemos que o consumo de energia nesta época aumenta, tanto na cidade, quanto no interior”, acrescentou.

Lembrou que avicultores das localidades de Salseiro, Arroios e Palmital ficaram, em algumas oportunidades, até 23 horas sem luz durante os meses de calor. “E se o gerador não funcionar, por exemplo, vai faltar ventilação e os frangos ficarão sufocados. Entre 15 a 20 minutos as aves entram em óbito”, informou.

Reclamou ainda da burocracia para que as redes de energia elétrica bifásica e trifásica cheguem até as propriedades rurais. “A gente tenta investir em tecnologia até para reduzir custos, mas para isso temos que pedir autorizações para sete pessoas diferentes. Isso acaba num entravamento no crescimento da propriedade”, falou.

Na ocasião, Pereira solicitou a intervenção da Câmara no sentido de averiguar se, de fato, a Celesc realizou investimentos na ampliação da rede de energia.

A ideia, segundo ele, é saber se a atual estrutura já é suficiente para suprir a demanda, principalmente, no tocante ao fornecimento de energia elétrica para o interior. “Será que a Celesc está preparada para abastecer os aviários, os produtores de leite e as estufas elétricas”, indagou.

Vereadores prometeram encaminhar requerimento à presidência da Celesc e buscar as informações.

Paulo Glinski (PSD) disse que a avicultura é uma das atividades econômicas mais importantes da região e os criadores de frango não podem ficar a mercê dos problemas de energia elétrica, a exemplo de que ocorreu no verão passado.

Osmar Oleskovicz (PSD) afirmou que está prevista a construção de uma subestação da Celesc na localidade de Rio da Areia de Baixo, interior do município, e que depois de concluída deve incrementar o fornecimento de energia elétrica para o distrito de Pinheiros e Irineópolis.

Vereador Renato Pike (PR) confirmou que essa subestação foi uma das reivindicações apresentadas à direção da Celesc, quando da realização de audiência pública no ano passado e que tratou dos problemas relacionados ao fornecimento de energia elétrica em todo o Planalto Norte. O evento foi uma iniciativa da Câmara Municipal de Canoinhas e sua realização aconteceu no plenário da Casa.

Avicultura

A Associação dos Avicultores do Planalto Norte, núcleo de Canoinhas engloba ainda os municípios de Major Vieira, Bela Vista do Toldo e Três Barras. Na região são 33 aviários.

Canoinhas possui 13, Major Vieira 11, Bela Vista do Toldo cinco e Três Barras quatro. Os frangos chegam aos aviários com até cinco dias de vida e pesando 40 gramas. Permanecem no local por 45 dias e chegam a pesar até três quilos no momento do abate.

Segundo Pereira, a avicultura representa fonte de renda para a agricultura familiar. “Pois faz com que a propriedade rural tenha uma produção diversificada, sendo até uma alternativa de trabalho para a mulher e para os jovens”, comentou.

Os aviários ocupam uma área de 79.200 metros quadrados nos quatros municípios da região. Só em Canoinhas, os barracões estão instalados em 31.200 metros quadrados de área. A cada 60 dias, 973.500 aves são alojadas nos aviários da região e essa rotatividade se repete seis vezes durante o ano. Em Canoinhas são 383.500 frangos. O valor ganho por cabeça é de R$ 0,76.

O movimento econômico anual bruto gerado pela criação de frangos chega a R$ 4. 439.160,00 na região. Em Canoinhas essa produção movimenta R$ 1.748.760,00 que, se comparado ao valor de R$ 70 por saca de soja, representaria um total de 24.982 unidades. Para produzir esse montante, o agricultor necessitaria, por exemplo, de uma área plantada de 167 alqueires de terra.

O representante da associação informou que 51 pessoas se dedicam exclusivamente à criação de frangos na região. O volume de lenha (eucalipto e outros) produzido é absorvido em grande parte pelos aviários, chegando a 7.920 metros cúbicos ao ano. Só em botijões de gás, os barracões necessitam de 396 unidades por ano.

O consumo de luz por parte dos aviários da região no último verão chegou a 130.515 KWh. Os criadores de Canoinhas necessitaram de 51.415 KWh, seguido dos de Major Vieira com 43.505 KWh, de Bela Vista do Toldo com 19775 KWh e de Três Barras com 15.820 KWh.