Reativação da linha aérea comercial é bandeira da classe política e empresarial

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Atualizado há 7 anos

(Foto: Mariana Honesko).
(Foto: Mariana Honesko).

Não parece mas todo mês, o Aeroporto José Cleto, de União da Vitória, registra uma média de 35 pousos e decolagens. Sem contar a participação dos voos assinados pelos pilotos dos aeroclubes. Incluindo eles, são cerca de 50 movimentos aéreos. E no passado, não muito distante, o trânsito aéreo foi ainda maior.

Foi no auge da Cruzeiro do Sul, companhia área que tinha até guichê para venda de passagens em União. Para os padrões de hoje, a estrutura era modesta, limitada a uma casinha abandonada, vista melhor de dentro do aeroporto, atrás de uma cerca de arame farpado. Outras companhias também atuaram na cidade: foi em 1960, quando as empresas operavam com voos regulares para Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre e outras cidades importantes.

Conforme a prefeitura, a maioria dos voos é feitos por políticos e táxis aéreos. Contudo, os dados poderiam ser muito maiores – e o céu bem mais colorido e sonoro – e é por isso que já há algum tempo, as categorias políticas e empresariais vêm trabalhando para incrementar toda a infraestrutura do espaço.

Da parte da prefeitura de União, por exemplo, a previsão é de que a pista, que tem cerca de 1km, bem como a recepção do aeroporto, sejam revitalizadas até fevereiro de 2018, de acordo com a assessoria de imprensa. Município e governo Federal devem acertar os detalhes para aportes e execução de obras.

Da parte empresarial, a tentativa é mais antiga, vem desde 2000, segundo a advogada, Maria Salette Rodrigues de Mello. “Desde a minha gestão na presidência da Aceuv, de 2000 a 2006, tratamos da reativação da linha aérea comercial para a nossa região. Chegamos a ter uma proposta de uma linha aérea, mas que devido as condições do aeroporto não viabilizou”, conta. Conforme ela, o aeroporto local foi incluído em um projeto do governo Federal mas, suspenso pela União mesmo, ainda neste ano. “Tivemos reuniões com a Gol e a Azul. A Azul tem interesse e estava avaliando as condições do aeroporto. Inclusive solicitou alargamento da pista”, diz. Para a advogada, a reativação da área comercial para a região é uma necessidade para o desenvolvimento do território do Iguaçu.

O atual presidente da Associação Comercial e Empresarial de União da Vitória (Aceuv), concorda com Maria Salette. Para Daniel Breyer, o aeroporto funcional, ainda que para aeronaves de pequeno porte, atenderia os nove municípios da Amsulpar, bem como Porto União e as cidades mais próximas de Santa Catarina. “Nos projetos que vimos o pedido era que União da Vitoria tivesse o PIB de R$ 1 bilhão. Sozinha não tem, mas com todos estes municípios juntos, sim. Infelizmente o processo não andou”, lembra. O processo acabou não decolando. “Para a região, para o nosso empresariado, seria muito favorável um aeroporto pela abrangência”, comenta.

A reformulação do aeroporto ou a vinda de uma companhia grande, poderia incrementar também o setor de saúde, que nos casos mais graves precisa cruzar o céu para atender os pacientes em estado mais grave. Ainda, seria um atrativo extra para empresários que possam vir a ter interesse para investimento na cidade ou na região.

Aeroporto já teve duas pistas

Conforme mostra a história, na época de construção, no final da década e 40, o aeroporto tinha duas pistas: a Presidente Dutra, em homenagem ao General Eurico Gaspar Dutra, Presidente do Brasil, e, a outra, de Presidente Truman, em homenagem a Harry S. Truman, Presidente dos Estados Unidos da América do Norte. Com o tempo, uma das pistas foi suprimida, mas, ao que se sabe, foi um equivoco já que a que ficou, está de frete para um morro, o que pode causar dificuldades para as manobras de aeronaves de grande porte.

Em Caçador

A Associação Comercial e Industrial de Caçador solicitou, durante passagem de líderes do PMDB pela região há uma semana, apoio para a finalização das obras do aeroporto da cidade. A estrutura é fator fundamental para impulsionar o desenvolvimento econômico da região. “Hoje, a cidade perde oportunidades de investimentos quando o empresário de fora sabe que precisa de uma maratona para chegar em Caçador, tendo de passar horas no carro”, reclama Moacir José Salamoni, presidente da entidade.

O aeroporto lá é fundamental para o desenvolvimento econômico da região e também para salvar vidas. Afinal, Caçador é o segundo município de Santa Catarina em doação órgãos e precisa ter agilidade no deslocamento. O deputado Valdir Cobalchini está em contato com o Governo do Estado acompanhando o progresso das obras. Já o deputado Mauro Mariani colocou-se à disposição para atuar junto à Anac.

AEROPORTO JOSÉ CLETO

Onde fica

Na Avenida Paula Freitas, em São Cristóvão

Pista

1000x30m

Pousos e decolagens

Média de 35 por mês (além dos aeroclubes)

Operação

Não opera por instrumentos nem no período noturno

Cruzeiro do Sul

Os Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul, também chamada de Cruzeiro do Sul ou simplesmente Cruzeiro, foi uma antiga companhia aéreabrasileira. Inicialmente chamado de Syndicato Condor Ltda, foi oficialmente constituída em 1º de dezembro de 1927 no Rio de Janeiro. Herdeira da operação do Condor Syndikat, empresa criada por pioneiros da aviação alemã, posteriormente incorporado pela Lufthansa. A empresa nasceu operando entre o Rio de Janeiro e Porto Alegre, mas logo expandiu seus serviços até Natal. Os voos eram operados por Dorniers Val e Junkers G24.